Vejo o muro do colégio pela janela do carro e respiro fundo, trazendo o máximo de ar possível para dentro dos pulmões, expirando lentamente logo depois.
É o primeiro dia de aula pós férias e muita coisa aconteceu nesse tempo. O papai e a Gisele começaram um relacionamento sério, a Sra. Helena descobriu que será avó (ela desejava isso a anos, e tenho certeza de que será uma avó maravilhosa) e minhas amigas estão mais que contentes com suas vidas amorosas.
Minha vida também mudou bastante nesse meio tempo. Decidi largar a maquiagem de uma vez por todas e também estou feliz com a minha vida amorosa.
Theodoro e eu nos encontramos e saímos juntos quase todos os dias depois daquela noite da festa no colégio, e aproveitamos esse tempo para conhecer melhor um ao outro.
Na primeira vez que ele foi lá em casa, eu confesso que fiquei com certo receio que o encontro dele com o meu pai fosse do tipo "constrangedor", já que eu nunca tinha apresentado um garoto para ele antes e não sabia qual seria sua reação. Mas deu tudo certo, e os dois se deram muito bem.
— Chegamos – meu pai diz, estacionando o carro em frente a entrada do colégio.
— Lá vamos nós – murmuro baixinho, me alongando entre os bancos e pegando a mochila jogada no banco de trás. Saio do carro e bato a porta. — Até mais tarde, pai – digo através da janela aberta.
— Até, princesa. – Me desencosto do carro e ele dá partida.
Assim que me viro para começar a andar até o portão, me surpreendo ao ver ninguém mais, ninguém menos que Theodoro encostado no muro perto do portão.
Sem nem pensar duas vezes, corro até ele e me jogo em seus braços, o abraçando pelo pescoço.
— Você demorou – ele comenta quando finalmente o solto.
— Culpe a Diana. Ela inventou de ver filmes até tarde ontem e acabou perdendo a hora de acordar. – Ele ri, já sabendo muito bem como a Diana é quando o assunto é ver filmes.
— E então, vamos entrar? – pergunta, fazendo um gesto com a cabeça em direção ao portão aberto.
Assinto levemente, sentindo meu coração disparar no peito. Eu posso ter decidido deixar de esconder minha marca de nascença, mas entrar no colégio sem maquiagem pela primeira vez em tantos anos exige mais coragem do que eu imaginei que precisaria.
— Vamos.
Começamos a andar lado a lado, e eu tento não encarar ninguém, pois, por mais que tente evitar a todo custo, ainda sinto aquele leve receio dos olhares julgadores. Como se sentisse minha apreensão, Theodoro pega minha mão e a aperta na sua.
Levanto o olhar e sorrio para ele, que retribui o gesto, e continuamos todo o caminho até minha sala de mãos dadas. E o percurso se torna bem mais fácil desse jeito.
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Outra Vez o Amor Acontece | Amores Platônicos 02
Teen FictionO que você faria se tivesse que conviver com a pessoa que mais odeia? Não é segredo para ninguém que Alice não suporta estar no mesmo ambiente que Theodoro Alves. Mas o motivo por trás disso é mais doloroso do que ela deixa transparecer. É fresco e...