Leva apenas meio segundo para Theodoro retribuir o beijo. Ele sobe uma das suas mãos até minha cintura, aprofundando o contato das nossas bocas.
Em um gesto completamente involuntário, subo minha mão até sua nuca, e meus dedos se enredam nos fios macios do seu cabelo. Como se aprovasse meu gesto, Theodoro solta um suspiro e me puxa para mais perto, colando meu tronco no seu. O contato intensifica ainda mais o turbilhão de sentimentos em meu peito, me fazendo perder o ar, mas mesmo assim, não me afasto. Tudo que eu quero é estar ainda mais perto.
Mas somos interrompidos pelo som alto de algo caindo no chão em algum lugar do corredor, próximo de onde estamos.
Eu me afasto dele, finalmente me dando conta do que estamos fazendo. Do que eu estou fazendo.
Há menos de cinco minutos atrás eu estava pronta para ir embora, certa de que essa página da minha vida finalmente estava virada, e agora, isso acontece.
Qual o meu problema?
Minha respiração está acelerada, e meu coração bate depressa contra as costelas. Theodoro não está muito diferente de mim, seu cabelo está uma desordem total (culpa das minhas mãos que estavam passeando por ali segundos atrás), seu peito sobe e desce fervorosamente e sua boca está levemente avermelhada do beijo que acabamos de trocar.
— Nossa! Isso foi… – Ele solta o ar, levando a mão até o cabelo bagunçado e os puxando para trás com os dedos, num gesto que aparenta nervosismo. — Eu nem sei o que dizer.
Eu me levanto da cama, aumentando o espaço entre nós.
— Não tem mais nada a ser dito – falo, olhando nos seus olhos. — Acho que esse foi só…
Respiro fundo, ainda incerta sobre o que dizer.
— Foi o final que a gente precisava, não é? – tento afirmar, mas acaba soando mais como uma pergunta. — Para terminar essa história de uma vez por todas… – completo.
Theodoro me encara com a expressão mais indecifrável do mundo, para logo depois responder:
— É. Eu sei. Não esquenta com isso, Alice. – Solto o ar, aliviada por ele ter a mesma opinião sobre tudo isso. — Mas eu ainda quero te entregar uma coisa. Acho que é o que falta nesse tal fim de história que você falou.
Eu apenas observo enquanto Theodoro pega de novo o caderninho que entreguei a ele. Ele o traz até o colo, pega um papel amassado de dentro dele e o estende para mim.
Mesmo com certo receio, estendo a mão e agarro o papel.
— O que é isso? – questiono, encarando o conteúdo surrado e meio amarelado.
— O último bilhete que escrevi para você. – Levanto o olhar e o encaro, sem tentar esconder o meu espanto.
— Guardou ele durante todos esses anos? – Ele apenas concorda com a cabeça, parecendo sem graça.
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Outra Vez o Amor Acontece | Amores Platônicos 02
Ficção AdolescenteO que você faria se tivesse que conviver com a pessoa que mais odeia? Não é segredo para ninguém que Alice não suporta estar no mesmo ambiente que Theodoro Alves. Mas o motivo por trás disso é mais doloroso do que ela deixa transparecer. É fresco e...