O que você faria se tivesse que conviver com a pessoa que mais odeia?
Não é segredo para ninguém que Alice não suporta estar no mesmo ambiente que Theodoro Alves. Mas o motivo por trás disso é mais doloroso do que ela deixa transparecer.
É fresco e...
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Termino de pôr a calça jeans e a camiseta azul, depois me viro para o espelho grande do meu quarto e acabo gostando bastante do resultado.
Escolhi o modelo mais leve e confortável do meu guarda-roupa, com a intenção de passar uma tarde o mais agradável possível no shopping com as meninas.
— Princesa, já está pronta? – a voz do meu pai pergunta, do outro lado da porta encostada.
— Quase, pai – respondo, saindo do quarto, passando por ele e entrando no banheiro. — Só mais alguns minutos. Falta só a maquiagem.
— Tá bom. Te espero na sala. – Ouço seus passos se afastando pelo corredor.
Quando cheguei do colégio e disse ao papai que passaria a tarde no shopping com a Helô e com a Cris, ele logo me ofereceu carona, e eu não hesitei nem por um minuto para aceitar. Ir de carro é um milhão de vezes melhor do que pegar um ônibus lotado.
Ergo a mão em direção a bancada para começar a pegar todo o material de maquiagem que vou precisar, mas hesito no meio do caminho. Levanto o olhar e encaro o meu próprio reflexo no espelho.
Na minha última conversa com a Sra. Helena, ela me falou sobre dar um passo de cada vez. Mas... e se eu der o segundo passo hoje?
Me escoro na parede a minhas costas, enquanto pondero sobre o que devo ou não fazer. Começo a me recordar da conversa com a Sra. Helena, quando ela disse que o mais importante em tudo isso é me sentir bem comigo mesma.
Faz um tempo que eu comecei a detestar a rotina de passar camadas e mais camadas de corretivo e base, para me esconder a cada vez que decido sair de casa.
Eu sei que ainda não estou pronta para largar a make de vez. Mas acho que em uma tarde com minhas amigas, no meio de pessoas que eu não conheço e não me importo nem um pouco com a opinião que formarão sobre mim, pode ser um bom momento para começar a me adaptar.
Tentar é o caminho, não é?
Respiro fundo, feliz e temerosa, mas com a decisão tomada. Passo apenas um batom rosa claro nos lábios e o rímel incolor nos cílios. Saio do banheiro e passo no meu quarto para pegar a bolsa com documentos e o dinheiro que meu pai me deu para fazer compras, andando até a sala logo depois.
Encontro meu pai jogado no sofá, assistindo um programa qualquer na TV.
— Já estou pronta.
— Jurava que ainda demoraria umas 2 horas – ele brinca, se virando. É impossível não notar sua expressão de surpresa quando nota que não estou usando maquiagem dessa vez, mas ele não demora a abrir um sorriso genuíno. — Você está linda, filha.
— Obrigada. – Abro um meio sorriso. — Agora vamos logo, já está em cima da hora que a Cris marcou.
— Você demorou uma eternidade para se arrumar, e agora reclama do horário? – provoca, se levantando e pegando as chaves no sofá.
