Capítulo 01 - Bilhetes anônimos

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Três anos e dois meses antes

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Três anos e dois meses antes.

Prendo a respiração e apresso o passo pelo corredor vazio da escola, sentindo meu coração acelerar em expectativas só de me imaginar abrindo o caderno e encontrando outro bilhete "dele".

Há mais de um mês eu tenho encontrado bilhetes dentro do meu caderno, deixados por um remetente anônimo. São sempre frases curtas, escritas em uma única pauta, numa folha de agenda simples. 

As palavras escritas por ele – na falta de um nome, é assim que eu tenho o chamado – são recheadas de declarações e elogios que me fazem suspirar pelo meu quarto toda noite e sonhar acordada feito uma boba. Até agora já foram 18 deles, que eu tenho guardado cuidadosamente numa caixa de papelão escondida no meu guarda-roupa. 

Desde que tudo isso começou, passo uma boa parte do meu tempo tentando imaginar quem é o garoto por trás das declarações. Imagino que seja alguém bem tímido, do tipo que tem vergonha de falar com as garotas e, por isso, resolveu me conquistar sem se apresentar primeiro. E isso é simplesmente a coisa mais fofa e romântica que alguém já fez para mim.

Sorrio sozinha enquanto viro um corredor, mas a alegria some do meu rosto quando me deparo com um grupo de três garotas saindo de uma sala e rindo como três hienas descontroladas.

Abaixo o rosto e sigo meu caminho, até que as vozes se tornam sons distantes. Se as três me notaram, fingiram que não. E isso é ótimo. Faz pouco mais de três meses que comecei a estudar nessa escola, mas esse tempo foi mais que suficiente para que eu descobrisse que ser invisível é uma benção – mesmo que isso seja sufocantemente solitário.

Estou vivendo em uma bolha particular desde o começo do ano. As garotas não querem ser amigas da novata considerada "esquisitona" e os garotos, bom… definitivamente não estavam interessados em mim. Não até ele aparecer com aqueles bilhetes, fazendo eu me apaixonar sem nunca ter visto seu rosto. Eu nem sabia que isso era possível!

Eu, Alice Ferreira, uma garota de 14 anos que nunca foi do tipo romântica, fui me apaixonar logo por alguém que não conheço pessoalmente. Nem quando dei meu primeiro e único beijo num ex colega de turma eu senti meu coração acelerar tanto. 

Os bilhetes são as melhores coisas que tem acontecido comigo desde que me mudei da escola pública e vim para a particular. 

Para ser franca, a expectativa de encontrar mais uma folha de papel sem remetente escondida no meu caderno é a única coisa que me faz acordar animada para vir para esse lugar.

A oportunidade de estudar em uma instituição de ensino privada veio do novo emprego do meu pai. Parte do contrato de trabalho da nova patroa é sobre pagar a mensalidade da escola dos filhos menores de idade dos seus subordinados. Papai aceitou na hora, e não tinha como ser diferente. Essa é uma daquelas oportunidades únicas na vida. Quando ele encontraria outro emprego que ofereceria moradia e uma escola melhor para mim?  

Outra Vez o Amor Acontece | Amores Platônicos 02Onde histórias criam vida. Descubra agora