~ Capítulo 23 ~

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 As estradas do Brasil eram péssimas

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As estradas do Brasil eram péssimas. Essa tinha sido a minha primeira impressão dirigindo ali. Primeiro, muitos buracos e poucas vias para transitar. Mão única era algo que deixava tudo pior. Segundo, havia velocidade máxima e radar de controle para isso! Totalmente diferente do que encontrava nas ruas na Arábia Saudita quando eu viajava de carro! Não podia nem correr um pouquinho, porque o aplicativo de GPS já acusava um radar mais a frente e eu tinha que diminuir a velocidade. Muito diferente do que havia em Dubai, onde embora tivesse velocidade limite, não havia radares para controlar nossa velocidade.

Vínhamos conversando e Malena vinha traduzindo na medida do possível o que sua mãe me falava. Acabei ficando sabendo um pouco de como foi que Malena começou no mundo dos esportes, graças a Gerson que enxergou a força dela quando ninguém mais viu. Contei um pouco sobre o meu passado com dois irmãos homens. Nada fácil. Contudo, o que mais sofria nessa história toda tinha sido Khaled, o mais novo, que tinha que lidar comigo e Ham.

Talvez por isso Khaled fosse tão misterioso e mais distante da família. Era o que melhor ganhava de nós três, com certeza o mais inteligente também, mas talvez pelo bullying da infância, ele só convivia conosco em momentos muito específicos como em festas de família ou coisas do tipo. Ele sempre parecia ter algo a esconder e por mais que tentássemos não conseguíamos saber o que ele queria esconder de todo mundo, inclusive de nós que éramos a sua família. 

Ele estava sempre escondendo o seu verdadeiro eu. Ham e eu já tínhamos conversado como Khaled sempre parecia atuar na presença de todos, como se fosse doloroso dividir o seu verdadeiro eu. Vai saber o quanto eu e Ham como irmãos tínhamos contribuído com isso.

Mas só contei as peripécias da infância para a mãe de Malena mesmo. Não tinha como falar de todo esse sentimento que tínhamos com Khaled. Ficava na minha lista mental de falar com Ham para vermos como Khaled estava. 

A viagem seguiu tranquila Rio-São Paulo. Chegamos bem cedo na casa dos pais de Pam, por volta das cinco da manhã. Sua mãe nos recebeu, parecendo lembrar, ainda bem, quem eu era.

― Pam me ligou dizendo que vocês viriam hoje, só não sabia que tão cedo. Entrem. Deitem um pouco, ainda está muito cedo para tomar café. ― Ela disse abrindo o portão para que eu estacionasse o carro na frente da casa dela e entrássemos. O sol ainda não tinha nascido. 

Apresentei Malena como minha esposa, ainda que na teoria a gente já não fosse mais casado. Isso a gente fingia que era verdade, ainda. Afinal, estava ciente de que precisava resolver isso logo, era parte de uma das minhas prioridades também. Apresentei Jean como meu cunhado e Dona Mirtes como minha sogra. A mãe de Pam nos cumprimentou e gritou por Nick que logo apareceu para nos cumprimentar também.

Mesmo sendo cedo e querendo que a gente descansasse, ela já foi colocando água no fogão e começando os preparos de um café da manhã. Entre bocejos, a conversa foi se arrastando entre cafés da manhã por todo período da manhã enquanto eu deixava Nick a par do estado de Jean.

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