~ Capítulo 24 ~

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Me espreguicei na cama sem acreditar que as coisas estavam aos poucos se resolvendo. O meu único problema ainda era Hisur e o vídeo de eu batendo nele que poderia acabar vazando na internet. Contudo, depois de uma noite agradável ao lado de Rashid, eu tinha certeza de que poderíamos resolver qualquer problema juntos.

Já tinha imaginado que precisaria contatar Gerson e ver o que ele poderia fazer junto com a comissão de avaliação. Eles não poderiam acreditar num vídeo cheio de montagens, sem saber o teor da conversa que eu estava tendo com Hisur naquele momento, ainda mais porque ele tinha me ameaçado! Na Arábia Saudita até poderia não ser crime ameaçar alguém, mas ali no Brasil era. Hisur não poderia ficar impune por isso.

Já estava com algumas ideias na cabeça e tentaria agir. Sorri enquanto sentia Rashid beijar a pele do meu ombro e respirei fundo enquanto abria os olhos lentamente vendo as lindas esmeraldas que ele tinha como olhos me encararem fundo.

― Preparada para começarmos a agir hoje, habibti? ― Passei a mão pelos seus cabelos bagunçados tentando absorver todos os detalhes que eu podia de sua beleza.

― Eu sempre quis te perguntar o que significa habibti, porque você me chama assim. ― Murmurei enquanto passava a ponta dos dedos pelas sobrancelhas bem definidas dele. Quem diria que eu me apaixonaria por um homem árabe a quem eu costumava dizer que não me atraía. Talvez porque só Rashid fosse capaz de me atrair mesmo.

― É uma forma carinhosa de se referir a quem gostamos muito. É como se fosse o querida de vocês ou linda, como te chamo. ― Ele disse ainda me encarando nos olhos.

Sorri em deleite e passei minha mão pela barba dele enquanto pedia em silêncio para Deus que houvessem mais dias como esse, calmos, onde eu poderia absorver todos os detalhes do rosto de Rashid enquanto estava ao lado dele.

― Entendi... ― Deixei que a minha voz morresse no ar enquanto criava coragem de introduzir outro assunto. Ainda havia muita coisa que me preocupava e precisávamos agir antes que Hisur começasse a dar os primeiros passos e tentasse encontrar minha mãe e meu irmão.

Felizmente, Rashid parecia ter um plano.

― Precisamos que a mídia aqui do Brasil também saiba dos podres que já estão sendo expostos de Hisur lá na Arábia. Está sendo apurado o crime cometido e ele pode ser até mesmo morto em praça pública se for realmente comprovado que ele mantinha meninas até mesmo menores de idade em cativeiro. Já andei conversando com o meu pai e alguns amigos dele e temos muitas provas a nosso favor. Se as mídias de outros países ficarem sabendo dessa história, ele terá menos chances de procurar os amigos dele e tentar se resolver dessa situação. É claro que ele tem muitos contatos, mas julgo que também temos. Meu irmão está entrando em contato com um amigo rei de Omã e queremos que a história se espalhe por lá também para que o rei pressione nosso presidente Mohammed Bin Salman para que resolva essa história o mais rápido possível. Como nós temos um grande comércio de jazidas com Omã, isso pode contar também.

― E o Brasil nessa história toda? ― Perguntei realmente curiosa. Como nós poderíamos mover alguma coisa para agir contra Hisur?

― Vocês são um país que assinou acordos contra tortura ou qualquer coisa do tipo. As relações públicas serão forçadas a tratar disso como uma questão séria e forçaram que o país publique alguma coisa em manifestação disso. Provavelmente, o Brasil não forçará perder o contato com a Arábia por isso, mas muitos Sheikhs residentes aqui também devem aproveitar para ganhar espaço na mídia e falarão a respeito. Há um Sheikh que tem residência aqui no Brasil, embora também more em Omã, cuja esposa é uma das mulheres mais influentes no respeito a imigrantes brasileiros moradores em países essencialmente muçulmanos. Conto que teremos a ajuda deles também.

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