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Derek P'O'V

Eu estava acostumado a mudanças, desde o colegial, mamãe sempre dizia que eu precisava estar pronto para tudo, encarar gente nova e situações diferentes e não foi tão difícil como eu pensei.

Era legal estar sempre conhecendo e fazendo novos amigos, visitando lugares novos e fazendo coisas novas.

Mas agora eu não me sentia assim.

Estava difícil entender o que tinha acontecido e o que aconteceria daqui pra frente, estar com o Stiles por tão pouco tempo me fez sentir péssimo e totalmente inútil e isso era horrível.

Ser o "novato" dessa vez não foi legal, eu não sabia o que podia acontecer agora e temia que se a situação do Stiles mudasse, seria minha culpa. Eu nasci aqui, mas estava fora da cidade há muitos anos pra poder estudar e me formar, porém ,não achei que Beacon Hills tivesse mudado tanto assim.

O hospital tava mais organizado e agora com mais alas pediátricas, desde pequeno eu sempre quis ser médico pra poder cuidar de bebês e trabalhar aqui; talvez a morte da minha irmã caçula ainda na barriga, tenha influenciado ainda mais minha escolha; mas o fato era que eu estava aqui agora, de volta à cidade e formado.

— Que horas é seu expediente, filho? –mamãe questionou enquanto eu estava sentado mexendo no laptop.

— Hoje eu pego às 14:00, vou render a outra médica que passou a noite lá. – ela concordou e veio até mim.

Depois que minha irmã morreu, mamãe ficou muito abalada e por pouco não entrou em depressão. Nós acabamos nos mudamos por um tempo e ficamos com meu tio Peter, em New York, a vida não foi fácil pra ela, tampouco pra nós, e tentamos ao máximo sermos fortes pela memória da Cora e por nós mesmos.

A vida adulta não tinha coisas tão grandiosas quanto eu pensava ao ser criança, trabalhos, contas pra pagar e quebrar a cara por amor.

Mas deixemos isso de lado.

— Não vai comer? – ela questionou visivelmente aflita.

Eu estava pesquisando sobre meu novo paciente; nunca tive contato ou sequer pensei que um dia teria de cuidar de uma gestação masculina.

— Um caso especial? – ela sentou ao meu lado colocando o rosto apoiado em meu ombro, encarando a tela do laptop.

— Meu novo paciente. – expliquei — Ele é extremamente frustrado, mãe... – tirei o aparelho do meu colo ficando de frente pra ela enquanto ela ainda se mantinha atenciosa em tudo o que eu dizia; sem dúvidas a paciente que eu jamais me cansaria de cuidar e proteger.  — Ele é enteado da Melissa, lembra que te falei dela?! – ela concordou. — Ela não me contou muito, só disse que ele tinha se separado há alguns meses e estava levando a gravidez sozinho, bom, com a ajuda dos familiares e amigos né.

— Você conversou com ele?!

— Eu tentei, mas parece que o fato de não ter a Melissa por perto e ser cuidado por um homem, não deve ter sido uma boa recepção pra ele...

— Meu filho, vá com calma, você sabe que esses assuntos são delicados...

— Eu sei mãe, por isso tentei ao máximo fazer ele relaxar ontem, fiz comentários bobos pra tentar fazer ele rir ao menos, mas aparentemente nada funcionou, pelo contrário.

— Ele te destratou?

— Não exatamente. Mas o tom frio e distante dizem bastante coisas também, não?! – ela concordou acariciando meu braço de forma carinhosa.

Eu estava me sentindo mal com tudo isso, sei como é uma pessoa ter gatilhos em determinadas situações e com certeza também não é fácil. As consultas seriam duas vezes na semana, e mais um dia para exames específicos, e eu realmente precisaria achar um jeito de contornar toda aquela situação, ao menos até que Melissa voltasse.

𝔼𝕦 𝕋𝕖 𝔸𝕞𝕖𝕚 ℙ𝕣𝕚𝕞𝕖𝕚𝕣𝕠 (𝕊𝕥𝕖𝕣𝕖𝕜)Onde histórias criam vida. Descubra agora