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Tic tac tic tac fazia o relógio na parede, o único barulho que se escutava dentro da sala em que estava eu, minha mãe e meus irmãos esperando pelo advogado, que por sinal estava atraso 10 minutos.

Já fazia um mês desde a morte do meu pai, hoje finalmente seria aberto o tão esperado testamento deixado pelo mesmo.

Eu andava de um lado para o outro dentro da sala, já estava quase para fazer um buraco ali mesmo e nada do advogado chegar. Meu irmão mais velho, Gabriel, estava sentado no sofá com os cotovelos sobre a perna e com as mãos cobrindo o rosto, sua perna tremia sem parar. Minha irmã mais nova, Estefânia, estava sentada na poltrona mexendo no celular, ela era a menos interessada naquele testamento, so estava ali mesmo pq o advogado exigiu a presença de todos os filhos. Ela foi uma das que mais sofreu com a morte de papai, Estefânia era o xodó dele, enquanto Gabriel era o orgulho, o filho perfeito, aquele que sempre fez tudo que ele queria, já eu devia ser o desgosto dele.

Nossa mãe se encontrava sentada ao lado de Gabriel no sofá. Estava quieta, com sua expressão abatida, apenas aguardando o advogado, que até agora nada.

O silêncio permaneceu até o advogado entrar pela porta.

Advogado: mil desculpas pelo atraso, peguei um engarrafamento no caminho e quase não consegui sair dele. - diz ao entrar.

Vitória: tudo bem, nós entendemos. - diz mamãe.

Advogado: sem mais delongas, vamos direto a leitura do testamento.

Ele abriu o documento começando a ler. Lá estava escrito o que papai deixou para cada um de nós, até que chegou na parte da empresa, a parte que mais me interessava.

Advogado: e para finalizar, eu divido as ações da minha empresa da seguinte forma: 25% das ações será para um de meus filhos, 25% para o outro e os 50%, a maior parte das ações, eu deixo para o filho que me dará o primeiro neto.

Nesse momento Gabriel levantou do sofá furioso.

Gabriel: isso é injusto, eu não aceito! Eu deveria ganhar a maior parte das ações - bate no peito. - eu sou o mais velho, sou casado, o mais responsável para levar aquela empresa adiante.

Gustavo: papai só podia está mal da cabeça quando escreveu esse testamento, da onde se viu exigir um neto se ele nem ao menos estaria aqui para conhece-lo. Que obsessão a dele de querer ter um neto. - digo indignado.

Vitória: mais respeito com a memória de seu pai Gustavo! - repreendeu.

Estefânia: eu me contento com os 25%, não vou entrar no meio dessa briga pelos 50%, primeiro porque não me interessa e segundo porque sou nova demais pra ter filho.

Gustavo: tem que haver alguma forma de mudar isso, poderíamos entrar em um acordo, nao sei, isso é um absurdo!

Advogado: sinto muito Gustavo, mas temos que cumprir com o que está escrito, é a lei.

Gustavo: que ódio! que ódio! - sai se remoendo de raiva da sala batendo a porta com toda força.

A verdade é que nosso pai era daqueles que sonhava em ter a casa cheio de netos correndo para todos os lados, ele vivia cobrando isso da gente. Eu sempre deixei claro que da minha parte ele nunca teria netos, não era uma coisa que eu queria pra minha vida. Já Gabriel sempre muito focado no trabalho, não sei se ele tinha planos de ter filhos agora, pelo menos ele nao falava sobre isso. Parece que agora nosso pai arrumou uma forma de nos obrigar a fazer isso.

Gustavo: olha dessa vez você passou de todos os limites, seu velho maluco. - reclamo enquanto sigo até meu carro e saio dirigindo a toda velocidade.

Precisava falar com Nicole urgentemente sobre isso, não podia deixar Gabriel passar na minha frente, se eu quiser ficar com a maior parte das ações da empresa tenho que agir rápido.

A propósito, Nicole é a minha noiva, ela é modelo de uma das agências mais famosas do Rio. já estava planejando terminar esse noivado de uma vez por todas, fui quase forçado pelo meu pai a pedir a mão dela, ele achava que casando eu me tornaria uma pessoa mais responsável. Depois que ele morreu não me veio outra ideia na cabeça a não ser terminar tudo com ela, mas com esse balde de água fria que nos esperava vou ter que mudar completamente meus planos.

Peguei meu celular e liguei para Nicole. Ela só atendeu na terceira vez.

Ligação on

Gustavo: caramba que demora pra atender - falei irritado. - precisamos conversar, o assunto é sério!

Nicole: não posso conversar agora, tô no meio de uma sessão de fotos.

Gustavo: qual a parte do sério que você não entendeu?

Nicole: grosso como sempre! - bufou. - vou tentar adiantar as coisas por aqui.

Gustavo: Ok, já tô quase chegando aí. Tchau!

Nicole: tch...

Desliguei antes dela terminar de falar, ela odiava quando eu fazia isso.

Ligação off

Pisei o pé no acelerador e aumentei a velocidade ainda mais.





DE REPENTE GRÁVIDA Onde histórias criam vida. Descubra agora