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Depois de dirigir sem rumo por longos minutos, Gustavo decidiu ir até a casa de Nicole.

Chegando lá, ao ser recebido pela governanta da casa, Gustavo entra de casa a dentro gritando por Nicole.

Gustavo: NICOLE! NICOLE! - ele estava furioso.

Bárbara: mas que gritaria é ess... Gustavo? Aconteceu alguma coisa?

Gustavo: preciso falar com a Nicole.

Bárbara: alterado desse jeito eu não vou deixar você falar com a minha filha.

Gustavo: tudo bem, então você pode dar o meu recado para ela.

Nicole: eu estou aqui, pode falar para mim mesma, - diz descendo as escadas. - mas seja rápido, eu estou fazendo as unhas e a manicure está me esperando no meu quarto.

Gustavo: não se preocupe, porque o que eu tenho para dizer vai ser rápido. Acabou, Nicole!

Nicole: como assim acabou? Do que você tá falando? - perguntou com medo de escutar a resposta.

Gustavo: nosso noivado, eu e você, nós dois. Ficou claro agora?

Bárbara: e eu posso saber o por que? Você não pode chegar assim do nada e terminar sem dar nenhuma explicação.

Gustavo: sua filha sabe muito bem o porque. Conta para ela Nicole, conta sobre a inseminação, sobre o bebê, que você se sentiu ameaçada e foi soltar o seu veneno para a mãe do meu filho e que por sua culpa ela foi parar no hospital.

Nicole: então é por causa daquela mosca morta que você tá terminando comigo? Você se apaixonou por ela Gustavo?

Gustavo: essa pergunta é tão ridícula que eu não vou nem responder. Já fiz o que eu queria, não tenho mais nada o que fazer aqui.

Deu as costas para Nicole, caminhando até a porta.

Nicole: GUSTAVO, VOLTA AQUI! RESPONDE MINHA PERGUNTA.

ela caminhou até a porta, mas sua mãe a impediu de alcançar Gustavo.

Bárbara: já chega, Nicole! Eu não vou deixar você se humilhar dessa forma.
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Gustavo dirigiu mais um pouco, não queria ir para casa, a única coisa que ele queria nesse momento era sossego, um lugar onde não tivesse ninguém para julga-lo, já estava cansado de tudo isso.

Decidiu ir para a casa de praia de seus pais. Ao chegar lá, ele buscou uma chave que sempre ficava escondida pelos arbustos. De vez enquanto, Estefânia, Gabriel e Vitória vão até a casa, aquele sempre foi o lugar favorito de Miguel e por esse motivo suas cinzas foram jogadas no mar que ficava em frente a casa. Visitar aquele lugar fazia com que eles se sentissem um pouco mais perto do pai /marido.

Aquela era a primeira vez que Gustavo aparecia na casa depois que seu pai morreu. Ao conseguir entrar, ele vai direto para a adega e pega uma garrafa de uísque, volta para fora e senta na areia, virando a garrafa de uísque na boca.

Gustavo: você estava errado quando disse que um dia eu poderia mudar e ser alguém melhor, pai, - começa a falar sozinho como se estivesse conversando com seu pai. - todos ao meu redor ja perderam as esperanças, você era o único que acreditava nisso, - bebeu mais um gole de uísque e voltou a falar. - eu sei que você sempre pegava no meu pé porque queria que eu parasse de agir como um adolescente inconsequente, queria que eu tivesse responsabilidade, e a única coisa que eu fiz foi meter os pés pelas mãos. Me desculpa sempre te decepcionar e não conseguir ser o filho que você sonhou.

Gustavo ficou em silêncio por alguns segundos, apenas bebendo e olhando para a imensidão do mar, até sentir vontade de falar novamente.

Gustavo: eu tenho duas notícias para lhe contar, uma boa e a outra eu diria que você consideraria ruim. A primeira é que você vai ser avô, Gabriel vai ser pai... e eu também, a ruim é que eu terminei meu noivado com a Nicole, - deu uma pausa para beber. - terminar com ela foi a única coisa certa que eu fiz até agora. Aí pai se você soubesse tudo que eu aprontei estaria muito desapontado comigo. A mamãe está. E eu me sinto muito mal por isso.

Deu uma pequena pausa e em seguida voltou falar de novo.

Gustavo: lembra de quando o senhor me disse um dia que se eu não mudasse meu jeito de ser, eu iria acabar cometendo erros do qual eu me arrependeria muito mas não teria concerto? Eu apenas disse que isso era bobagem, mas você tinha toda razão. Eu só queria me dar bem a qualquer custo e quebrei a cara e ainda ferrei com a vida de uma garota.

Ele fechou os olhos por alguns segundos para sentir o vento que batia em seu rosto, enquanto dava um grande gole no seu uísque.

Gustavo então começou a falar sobre tudo que ele fez desde o dia da leitura do testamento de seu pai. Ele contava tudo como se tivesse conversando com seu próprio pai, de alguma forma, colocar tudo isso para fora estava lhe deixando um pouco mais aliviado.

Gustavo: o nome da garota é Cecília e ela me odeia ao ponto de não querer olhar na minha cara. Eu não a julgo, ela tem tantos motivos para isso, mas isso só faz eu me sentir um merda. Ela não quer a criança, eu vou ter que tomar conta dela sozinho. Agora me diz pai, como eu vou tomar conta de uma criança? Eu sou um idiota irresponsável que só faz besteira. Eu não tô pronto pra ser pai, eu não tô pronto pra cuidar de um bebê, ainda mais sozinho.

Algumas lágrimas escorreram pelo seu rosto, mas logo ele tratou de enxuga-las.

Quando ele terminou a garrafa de uísque, tentou se levantar, mas acabou caindo deitado e lá ficou na areia.

DE REPENTE GRÁVIDA Onde histórias criam vida. Descubra agora