DE REPENTE GRÁVIDA

17

Miami, Estados Unidos 🇺🇸

Gustavo arrumava suas malas para voltar ao Brasil quando Nicole entra no quarto.

Nicole: o que você tá fazendo?

Gustavo: arrumando as malas, não está vendo?

Nicole: e você não pensava em me dizer que estava indo embora?

Gustavo: eu ia falar mais tarde.

Nicole: quando? - perguntou chateada. - quando você ja estivesse dentro do avião?

Gustavo: para de drama tá?! Eu já falei que eu ia te contar, só quis arrumar as malas logo. - falou sem paciência.

Nicole: quer saber? Pode ir embora, não precisa nem se despedir, se quiser ir pegar o avião agora mesmo, não tô nem aí!

Ela mal termina de falar e sai do quarto muito brava. Gustavo continua arrumando suas malas como se nada tivesse acontecido.

Horas mais tarde...

Já era noite, Gustavo já estava dentro do avião para voltar ao Brasil. Assim como Nicole disse, ele fez, foi embora sem nem ao menos dizer um tchau.

Foram muitas horas de voo, quando Gustavo chegou no Brasil já eram 7 da manhã. Finalmente estava de volta no seu país, na sua cidade, ele já não aguentava mais ficar hospedado naquele hotel em Miami. Nicole trabalhava muito, os dois não tinham tempo pra curtir, ele cansou de curtir sozinho.

Chegando em casa, a primeira pessoa com quem ele da de cara é com francielly.

Gustavo: home sweet home - diz ao entrar.

Fran: eita que tu saiu dos states mas os states não saiu de tu, né menino.

Gustavo riu.

Gustavo: aí Fran, só você mesmo pra arrancar uma risada minha depois de ter passado horas trancado em um avião.

Foi até a Fran e deu um beijo na bochecha dela.

Fran: assim tu me quebra todinha, patraozinho.

Gustavo gostava muito de francielly, ela era a única naquela casa que não o julgava por suas atitudes. Os outros que trabalhavam na sua casa, mal abriam a boca para falar com os patrões, a não ser que falassem com eles, mas Gustavo percebia o olhar de julgamento vindo deles. Ja francielly sempre foi mais atrevida, as vezes deixava escapulir o que pensava, mas nunca o julgava e era isso que ele mais amava nela.

Gustavo: e a mamãe, Fran?

Fran: tá tomando o café da manhã, aviso a ela que você chegou?

Gustavo: sim, por favor. Vou subir porque eu tô cansadão.

Gustavo subiu para o quarto. Deixou a mala em um canto qualquer e se jogou na cama. Agora era aguardar sua mãe vim até seu quarto para brigar por causa dessa viagem.

E não demorou muito, foi questão de poucos minutos e ela estava batendo na porta de seu quarto.

Gustavo: pode entrar mãe, eu sei que é a senhora - ela entra. - e sei também que tá doida pra me passar um sermão daqueles.

Vitória: eu e você precisamos ter uma conversa muito séria e não é sobra sua viagem.

Gustavo: então do que se trata?

Vitória: você sabe muito bem, Gustavo.

Gustavo: não sei não.

Vitória: então eu vou refrescar sua memória, eu quero falar com você sobre o bebê que você vai ter com uma moça que nem ao menos conhece direito - Gustavo lançou um olhar completamente surpreso e Vitória completou. - e nem adianta dizer que é mentira porque eu entrei em contato com a clínica e eles me confirmaram tudo.

Gustavo: então quer dizer que aquela sonsa já veio contar tudo pra senhora? Ah claro ela deve saber que a gente tem dinheiro e não perdeu tempo, talvez se eu fosse um pobre coitado ela não ia nem querer saber.

Vitória: nem todo mundo é ambicioso como você, Gustavo. Planejar um filho por causa de poder, dinheiro... isso só prova o quanto você não tem a menor ideia da responsabilidade que é ser pai!

Gustavo: não sei e nem quero saber, quem me garante que esse bebê é mesmo meu? Se ela não foi pra cama com outro qualquer antes da inseminação?

Vitória: a garota é virgem Gustavo! A gravidez foi sim resultado desse seu plano ridículo para ficar com a maior parte das ações da empresa de seu pai - Gustavo permaneceu calado. - e tudo isso para que? Para no final da tudo errado e você deixar aquela moça sozinha com uma responsabilidade desse tamanho, uma responsabilidade que não era para ser dela!

Gustavo: e agora eu tenho a culpa porque ela estava no lugar errado no dia errado? Daquela enfermeira ter trocado os prontuários? e o médico ter feito a inseminação nela por engano? Tenho?!

Gustavo estava alterado, agora sim ele estava sentindo tudo fugir do controle sem freio.

Vitória: não, disso você não tem culpa, mas se você não tivesse inventando toda essa história de ter um filho pra conseguir o que queria, nada disso teria acontecido, já parou para pensar que isso pode ser um castigo por causa do tamanho da sua ambição? Agora você vai ter que arcar com as consequências do seu erro.

Gustavo: o que você tá querendo dizer com isso?

Vitória: que você vai assumir essa criança, é o mínimo que você pode fazer.

Gustavo: eu não vou assumir criança nenhuma!

Vitória: Gustavo eu não vou mais me desgastar brigando com você, porque eu já vi que você não tem mais jeito. Eu só vou te dar um conselho, a partir de agora pense muito antes de agir, porque eu não vou mais passar a mão na sua cabeça. Você precisa sentir o peso das consequências de suas atitudes, talvez assim você comece a amadurecer e se tornar um homem de verdade - ela levanta e caminha até a porta. - se o seu pai estivesse aqui, ele estaria muito decepcionado - é a última coisa que ela diz antes de sair.

Gustavo: MAS NAO ERA ISSO QUE ELE TANTO QUERIA? A DROGA DE UM NETO!

Ele grita e joga os travesseiros em direção à porta, colocando sua raiva para fora.

Gustavo: droga! droga! droga! Que ódio! - ele esmurrava a cama.

E agora? O que ele ia fazer? Se ele não assumisse essa criança, sua mãe nunca o perdoaria, mas se ele começasse a fazer o que é certo a partir de agora, talvez, algum dia, ela pudesse se orgulhar dele.

Raiva, vergonha, desespero, medo... esses eram os sentimentos que tomavam conta de Gustavo nesse momento. Ele nunca se sentiu tão perdido quanto estava se sentindo agora. Ele não queria um filho, ele não queria ser pai, mas agora era tarde, e o que ele tanto escutou de sua mãe, estava se tornando real. Ele quebrou a cara por agir sem pensar, cometeu um erro atrás do outro, agora só lhe resta enfrentar tudo que lhe espera.