23 - não sabemos dar autógrafos

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ACHO QUE NUNCA estive tão cansada e ao mesmo tempo com tanta energia na minha vida inteira

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ACHO QUE NUNCA estive tão cansada e ao mesmo tempo com tanta energia na minha vida inteira. Antes, passar três horas em frente ao piano sugava todas as minhas energias, mas os ensaios demorados da banda e até mesmo os três shows que fizemos na últimas semanas foram capazes de mudar minha percepção sobre muitas coisas. Encarar as teclas gastas do teclado da Jasmine — que ela já me pediu para que eu o considerasse meu — me faz perceber que eu amo mesmo isso. Talvez eu ame música tanto quanto amo filmes. Só não sei por que demorei tanto pra perceber isso.

Quero dizer, na verdade eu sei sim. Porque, mesmo sentindo que toco melhor agora do que jamais toquei antes, mamãe ainda não parece muito animada por mim.

— A audição vai acontecer daqui a um mês e você ainda tá errando coisas tão simples, Nina — ela reclama mais uma vez, soltando um suspiro enquanto ajeito minha postura nesse banco desconfortável. — Você nem mesmo escolheu a música que vai apresentar.

— Sabe, eu tava pensando — tento dizer, meu coração começando a acelerar de repente —, e se eu tocasse algo mais diferente? Não que tenha algo de errado com as músicas que venho ensaiando, mas...

— A Universidade de Velha Laguna é tradicional, Nina, e gosta de coisas mais...

— Entediantes? — sussurro, mamãe me encarando com as sobrancelhas franzidas em resposta.

Nego com a cabeça, como se lhe pedisse para deixar o assunto de lado. Estou folheando a partitura para voltar a tocar quando meu celular vibra em cima do piano.

— Posso? — pergunto à Dona Ângela, agitando o aparelho no ar.

— Cinco minutos — avisa, revirando os olhos e ocupando o meu lugar no piano.

Corro para o quarto, fechando a porta devagar e atendendo o telefonema antes que a chamada se encerre. A voz de Frida do outro lado da linha me faz sentir, bem rápido, um frio na boca do estômago.

— Tava na aula de piano? — ela pergunta, sem nem me dar bom dia.

— Uhum, obrigada por me salvar. — A ouço rir enquanto me acomodo na cama. — Tenho cinco minutos. Aconteceu alguma coisa?

— Nada de mais, eu só queria te fazer um convite.

Às vezes, meu cérebro funciona tão rápido que me assusta. Durante o curto tempo que me leva para respondê-la, eu consigo fazer com que um monte de perguntas me assombre. Como assim um convite? Pra onde a Frida quer me levar? O que a gente vai fazer? Vão ser só nós duas? Espero que não. Ou espero que sim. Sinceramente, não sei o que esperar.

— Convite?

— Tá, ele não é bem meu, mas é que passaram o recado pra mim. O convite é pra banda inteira. E eu vou mandar mensagem lá no nosso grupo, mas queria primeiro saber se você tem chances de ir. Porque se você não for, a gente não vai.

Garotas Rebeldes em CombustãoOnde histórias criam vida. Descubra agora