17 - terráquea fora da terra

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EU SOU LÉSBICA

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EU SOU LÉSBICA. Depois de dezessete anos sem sinal algum disso, agora eu tenho certeza. Gosto de garotas da mesma forma que gosto de filmes, e isso me empolga, ainda que também me assuste. Não sei quanto tempo vai demorar pra eu entender como gostar de garotas funciona. Porque, sabe, é diferente de gostar de garotos. Eu nunca gostei de um de verdade, mas nunca tive medo de me aproximar de um em festas, por exemplo. Como eu faço isso com garotas? Todas elas parecem tão... mais do que eu. Não sei como vou reagir caso decida beijar uma.

Será que vou começar a gostar de beijos de festa?

Usei Iara de desculpa essa noite, dizendo que precisava estudar na casa dela e que dormiria por lá. A verdade é que, bem, eu vou para um bar secreto que não faço ideia em que parte da cidade fica, e vou dormir na casa de Frida Tropelia. Sim, da Frida. E isso está me deixando mais nervosa do que eu gostaria de admitir.

— Tô saindo, mãe! — exclamo quando recebo uma mensagem das meninas, avisando que já estão a minha espera.

Encontro o carro da Jas estacionado em frente ao meu prédio, todas as garotas muito bem arrumadas dentro dele. Agora estou me sentindo um pouco ridícula por estar usando essa camiseta engraçadinha com alienígenas estampados, mas não dá mais tempo de mudar. Eu só queria, sabe, sentir que me encaixo na droga de um bar chamado Área 51.

Mabel me dá espaço no banco traseiro assim que abro a porta, e eu me acomodo ao seu lado lhe dirigindo um sorriso simpático.

É Lana quem dirige essa noite, e passamos grande parte do caminho vendo ela, Frida e Jasmine discutirem sobre qual música ouviremos na rádio. Acabamos na estação de música clássica, o que Frida diz ser em minha homenagem.

— Para nossa pianista favorita.

Sorrio sem jeito, ela me encarando do outro lado do banco, com Mabel entre nós duas. Frida é a primeira a desviar a atenção, voltando o olhar para a janela.

Saímos da Avenida Litoral já faz um tempo, e estamos cruzando o centro da cidade, não muito movimentado essa hora da noite. Tô ansiosa pra saber a real localização do Área 51, e eu gosto dessa sensação, desse frio na barriga que tô sentindo. Não tenho ideia do que devo esperar dessa noite, mas por algum motivo eu sinto que, seja lá o que acontecer, tudo vai ser diferente depois de hoje. Tudo vai, não sei, fazer mais sentido.

Ou talvez eu só esteja querendo transformar minha vida na droga de um filme bobo adolescente.

Alguns minutos depois, o carro é estacionado em frente a um café. Olho para o lugar com as sobrancelhas arqueadas, sem entender como esse lugar pode ser o tal bar secreto. Acompanho as meninas até a entrada, Jas segurando a porta para que todas nós possamos passar, e é Lana quem se dirige decidida até a moça atrás do balcão.

— Boa noite, meu amorzinho — cumprimenta, abrindo o maior sorriso. — Entradas pra cinco, por favor. E ah, uma carteirinha pra nossa nova integrante.

Garotas Rebeldes em CombustãoOnde histórias criam vida. Descubra agora