COM MEUS OLHOS fechados, eu deixo o sol de Alto-Mar queimar minha pele, tão forte que sinto atravessar a toalha que envolve meu corpo. O dia está bonito, sem nuvens de chuva que possa nos pegar de surpresa. E, cara, eu tô feliz... e leve e apaixonada e empolgada, tudo ao mesmo tempo.
— Só tinha suco de limão, Super-Homem — Frida se aproxima da toalha esticada no chão, me estendendo o copo com canudo antes de se jogar no espaço vazio ao meu lado.
— Não tem problema. Eu beberia até o chá gelado horrível da mamãe agora.
Minha namorada solta uma risada fofa, me tirando um sorriso frouxo automaticamente. Passamos alguns segundos em silêncio, aproveitando a companhia uma da outra e assistindo as ondas irem e voltarem, até Frida levar sua atenção a mim, seus olhos apertados fitando bem o meu rosto.
— O que achou da sua terceira aula de natação, hein?
— Sendo sincera? — Ela assente, sem deixar de lado o sorriso. — Você tem muita sorte de eu me sentir segura com você, Frida Tropelia. Juro que pensei que ia morrer um milhão de vezes hoje.
— Eu não deixaria isso acontecer, Nina. E estudos indicam que é a praia o melhor lugar pra se aprender a nadar.
Semicerro os olhos em sua direção, não acreditando em uma palavra que sai da sua boca.
— Você precisa aprender a mentir melhor, sabia? Posso te dar umas aulas depois.
Frida dá de ombros, diminuindo o espaço entre nós e encostando sua boca na minha.
— A gente combina elas pra depois das minhas aulas de piano.
— Ei, dá pra pararem com essa boiolice toda aí?
A gente não consegue segurar a risada, ainda com os lábios próximos demais. De propósito, ainda damos mais um beijo rápido antes de abrirmos espaço para as meninas se sentarem, os dois casais dividindo conosco essa faixa de areia da praia.
— Não acredito que vocês tiveram coragem de acordar sete da manhã pra ficarem de namorico na praia — reclama Lana, sendo hipócrita logo em seguida ao abraçar a namorada pela cintura.
— Eu precisava dar uma última aula de natação pra Nina antes da nossa mudança, tá legal? — Frida rebate, sem parar de sorrir um instante. — Não tenho culpa se Boafortuna não tem praias.
— Dá pra acreditar que em menos de um mês a gente vai tá lá, morando juntas? — Mabel solta um gritinho empolgado, levando o olhar em direção ao mar em seguida. — Se me contassem isso há um tempo, eu não sei se acreditaria...
Assinto, porque a sensação que eu tenho é a mesma. A Nina de alguns meses atrás jamais daria ouvidos a isso, porque tudo parece tão surreal que só de pensar ainda me dá borboletas no estômago. As garotas rebeldes em combustão juntas, vivendo em uma cidade grande que, desde o nosso show na Toca da Serpente, parece ter se apaixonado por nós.
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Garotas Rebeldes em Combustão
Teen FictionNina Avante tem um plano: até o fim do ano, ela vai revelar aos pais que não pretende continuar naquilo que eles a vem ensinando desde que se entende por gente. Ainda que ela ame tocar piano, a garota sabe muito bem o que quer fazer quando enfim ter...