16 - péssima em seguir roteiros

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PASSO A SEMANA inteira tentando não pensar em toda a minha confusão

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PASSO A SEMANA inteira tentando não pensar em toda a minha confusão. Assisto as aulas, trabalho normalmente, ajudo nos ensaios da banda. Tento fazer os dias passarem sem acidentes, sem questionamentos assustadores e, principalmente, sem noites em claro. Ainda que um surto de pânico me ocorra vez ou outra, consigo sobreviver até sexta sem muita dificuldade.

Peço para usar o banheiro da Lana para me arrumar, e eu tomo um banho rápido me perguntando o que raios estou fazendo. Quero dizer, eu sei o que estou fazendo, mas mesmo assim... Me pareceu uma ideia boa no começo, mas já não sei mais. Acho que me concentrei tanto no resultado que obteria no fim disso, que nem cheguei a pensar em tudo que eu teria que fazer durante essa noite.

Eu nunca fui a um encontro. Como eu devo agir? Iremos conversar, comer alguma coisa e... não sei. O que estou esperando que aconteça? Uma conexão? Um sinal do universo que me faça parar de questionar todas as escolhas que já fiz na minha vida? Não sei se essas coisas vão acontecer. Não sei se eu quero que essas coisas aconteçam.

Se tudo der certo, a noite vai terminar com um beijo. Não um beijo de festa, superestimado e sem clima, mas um de verdade, que me faça sentir coisas. Um beijo que, se funcionar como eu espero que funcione, me responderá muitas questões que andam me tirando a paciência. Precisa dar certo. Mesmo que eu ainda não saiba se eu quero que dê.

— Droga!

Estou tão nervosa que é a terceira vez que erro minha maquiagem. Por um momento, torço para que Iara esteja aqui para refazer esse delineado, mas acho que nunca mais vou conseguir ficar sozinha em um banheiro com ela. Eu sei que minha melhor amiga nem gosta de garotas desse jeito e não é como se eu estivesse me sentindo insegura ou coisa do tipo, mas é que estar perto dela agora é constrangedor. E se eu gostar mesmo de garotas? Como vou contá-la que foi ela quem me fez perceber isso?

Dou uma olhada no espelho mais uma vez, conferindo se meu vestido não está amassado na saia. Nunca gostei muito dele ou da sua cor — um verde desbotado horrível —, mas era o mais apresentável que eu tinha no armário. Também estou usando sapatos apertados e uma maquiagem básica, e nem sei por quê. Aposto que o garoto nem vai dar bola.

— Ai meu Deus, Nina!

As garotas exclamam quando retorno à garagem, meio sem jeito. Será que estou arrumada demais de um jeito feio? Essa roupa não combina muito comigo e, qual é, essa sombra que passei ficou horrorosa. Acho melhor voltar ao banheiro e...

— Você tá linda, Super-Homem — elogia Frida, sentada no braço do sofá enquanto dedilha a sua guitarra.

— Obrigada — agradeço, sentindo meu rosto pegar fogo.

Desvio a atenção das meninas, buscando meu celular e conferindo as últimas mensagens. Gustavo me pediu para encontrá-lo às seis e meia no único parque de Alto-Mar, que fica do outro lado da cidade. Será que devo ser cara de pau e pedir a essas garotas uma carona?

Garotas Rebeldes em CombustãoOnde histórias criam vida. Descubra agora