26 - garotas orgulhosas

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FRIDA TROPELIA ESTÁ apaixonada por mim

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FRIDA TROPELIA ESTÁ apaixonada por mim. Pensando melhor, essa ideia de deixar nossas cabeças esfriarem foi péssima pra caramba, porque minha mente nunca esteve fervendo tanto. Eu passo o restante do domingo me sentindo a personificação da ansiedade, tendo ataques do nervosismo sempre que me permito pensar em Frida por dois segundos. Frida Tropelia está apaixonada por mim. E eu nunca estive tão apavorada, ansiosa e propícia a ter um infarto em toda a minha vida.

Acho que isso devia ser ensinado nas escolas, porque aprender a lidar com primeiras paixões me parece bem mais importante do que fazer cálculos mirabolantes de matemática que a gente não vê utilidade depois do Ensino Médio. E mais uma vez, tô me sentindo uma idiota. Dezessete anos nas costas e eu não poderia estar lidando com isso de um jeito pior. Mesmo nunca tendo gostado de ninguém antes, eu devia ter pelo menos uma noção das coisas, não é? Essa é uma temática batida em filmes românticos, filmes esses que quase não vi na época em que meus fins de semana eram calmos e eu tinha tempo de alugar alguns lá na Ardentia. E acho que tá tudo bem pôr a culpa disso na Frida, ou melhor, na Lennon, que nunca alugava romance nenhum. Talvez se eu não fosse obcecada por tudo que aquela garota assistia antes mesmo de saber que Lennon era uma garota, quem sabe eu estaria mais bem informada sobre meus sentimentos agora. Quem sabe eu entenderia mais sobre amor e primeiras paixões e todas essas bobices generalizadas. É, tudo é culpa da Frida.

— Nina, tá tudo bem? — a garota à minha frente pergunta, nós duas dividindo a mesa de jantar durante o café da manhã. Carmela me encara parecendo preocupada. — Tô te achando tão distante... Aconteceu alguma coisa?

Não respondo, só levo o meu olhar para a mamãe, não muito afastada de nós. Ainda de pijamas, Dona Ângela caminha de um lado para o outro na cozinha, com o celular em uma mão e sua xicara costumeira de chá em outra.

Carm segue meu olhar, assentindo logo depois. Com um sorriso largo, ela se levanta rápido da mesa e caminha até a entrada, voltando de lá com a chave do carro da mamãe, que sempre fica pendurada perto da nossa porta.

— Ei, mãe, tudo bem se eu levar a Nina pra escola hoje?

Dona Ângela nos encara, curiosa. Faz tanto tempo que não ganho uma carona que até eu estou surpresa, mas sustento a mentira olhando pra mulher com um sorriso inocente no rosto.

— Algum motivo especial que não tô sabendo?

— Nada de mais, eu só achei que seria legal aproveitar a cidade o máximo que posso antes de ir embora — Carm explica, me puxando pelo braço para que eu fique em pé ao lado dela. — E aproveitar um tempo ao lado da minha irmãzinha também.

Abrimos ainda mais o sorriso, mamãe agora mais desconfiada do que nunca. Caras de pau. Não sei como Dona Ângela acredita em uma palavra que sai das nossas bocas.

— Tá bem. Só tenha cuidado, você não costuma dirigir muito.

— Vou ter, mãe — minha irmã promete, indo até ela e lhe dando um beijo na bochecha. Leva o olhar até mim, ainda parada no meio da nossa sala de jantar. — Agora terminar de se arrumar, Nina. Hoje você vai pra escola com a motorista mais legal de Alto-Mar.

Garotas Rebeldes em CombustãoOnde histórias criam vida. Descubra agora