30 - em mar aberto

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— NEM FODENDO, NINA! Nem que me paguem, nem se minha vida dependesse disso

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— NEM FODENDO, NINA! Nem que me paguem, nem se minha vida dependesse disso.

Ainda na metade do caminho, eu tento barganhar com a última pessoa que falta pro meu plano dar certo. Tudo já tá combinado com a Jasmine, a Iara já concordou em estar lá pra me dar apoio moral, mas nenhuma das minhas melhores sugestões parecem agradar a Lana. Já prometi ingressos pagos de cinema, almoço por minha conta, até faxinas grátis na sua garagem por um ano inteiro — nada parece convencê-la a me ajudar.

— Olha, entendo que você queira se declarar pra Frida em grande estilo, e mais do que ninguém, sou testemunha de que já não era sem tempo, mas sinceramente... — Ela solta um suspiro, cansada —... não tô nem um pouco a fim de ter que lidar com drama hoje.

— Não posso fazer isso sem você, Lana — imploro, quase a ponto de chorar. — Fui eu que causei toda essa confusão, meu pedido de desculpas não vai ser só pra Frida. Preciso que toda a banda esteja lá.

— Nina...

— Só pensa com carinho, tá? E não esquece: às dezessete, em frente ao prédio dela.

Desligo o telefone antes que minha amiga arranje mais uma desculpa, apoiando minhas costas no banco do carro e me permitindo relaxar por um segundo. Carmela está cuidando da trilha sonora do momento, alguma música antiga da Taylor Swift — que possivelmente só fãs de longa data conhecem — tocando alto. Eu ainda não acredito que estamos fazendo isso, que eu estou fazendo isso. Só queria poder pular algumas horas e saber se todo esse esforço vai ter valido a pena, se tudo vai dar certo no final.

— E aí? Já sabe o que vai dizer pra ela?

— Tô esse tempo todo tentando bolar algo, mas não consigo de jeito nenhum. — Cubro meu rosto com as mãos, cansada e ao mesmo tempo com tanta energia que nem consigo raciocinar. — Acho que vou fazer tudo no improviso.

— Não é como se você fosse ruim nisso, né? — ela brinca, e eu solto uma risadinha nervosa em resposta.

Estamos quase em Alto-Mar, mas tô com medo de perdermos a hora. Já dá pra ver o sol começar a querer ir embora, e isso me deixa nervosa. Quanto mais tempo passo eu nesse carro pensando em tudo que tô prestes a fazer, mais apavorada eu fico, e não posso perder a coragem que ainda tá aqui. Então, precisamos chegar logo, antes que eu volte a ser a Nina Medrosa de sempre.

Tentando focar meus pensamentos em outra coisa, volto minha atenção pra Carmela, dirigindo tão tensa que me faz querer rir. Acho que o peso de toda a discussão que tivemos com nossos pais tá caindo sobre ela nesse exato momento também, mas sei que deve ser bem mais difícil pra ela do que é pra mim. Eu sempre fui a decepção da família, não minha irmã.

— E então, Carm... — tento iniciar uma conversa. Vai ser bom pra nós duas nos distrairmos um pouco. — Quer dizer que você tem um namorado, é?

Ela faz uma careta, me encarando com um olhar envergonhado. Uma parte de mim tá chateada por ela não ter me contado, mas eu entendo. Não é como se sempre tivéssemos tido a relação que temos hoje.

Garotas Rebeldes em CombustãoOnde histórias criam vida. Descubra agora