Professora Gláucia (Parte II)

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Os cinco amigos assim que terminaram a aula foram para o estacionamento ainda pensando e impressionados com a volta de Bruno Rodríguez para o colégio, eles haviam o visto no velório de Christian porém não imaginavam que ele voltaria para o colégio. Eles se distribuíram entre os carros de Alfonso e Christopher para ir fazer uma visita à professora Gláucia no endereço que Dulce havia conseguido. Assim que chegaram no endereço perceberam que era uma casa simples e pequena no subúrbio da cidade.

- Ela mora aí? - Questionou Anahí desdenhando.

- Se o endereço estiver certo sim. - Informou Dulce.

Eles foram juntos até a porta e bateram duas vezes, alguns minutos depois Gláucia abriu a porta se surpreendendo ao vê-los ali.

- Meninos!

- Oi professora, tudo bem? - Falou Maite meio sem graça.

- O que fazem aqui? Tá tudo bem? - Perguntou Gláucia impressionada.

- A gente queria conversar com a senhora um pouquinho. - Informou Alfonso.

- Se não for incomodo. - Completou Anahí.

- Não, imagina. Entrem por favor! - Pediu Gláucia. - E não reparem na bagunça. - Falou ela enquanto eles entravam. - Podem sentar.

Os cinco sentaram-se no sofá de frente para a professora, eles estavam visivelmente desajeitados com aquela situação e Gláucia surpresa com a visita.

- Então? O que querem conversar? - Questionou ela e eles se entreolharam sem saber o que dizer e como dizer.

*---*---*---*

O inspetor Sebastián e o investigador Gastão foram até o sítio da família de Christopher fazer uma varredura e encontrar mais possíveis provas ou um caminho a seguir, talvez algo que indicasse um suspeito mais concreto ou o que teria ocorrido naquela noite. Eles começaram pelo lado de fora da casa refazendo a cena da noite da morte de acordo com os depoimentos das testemunhas.

- Ele não podia estar tão aqui em baixo porque os outros não demoraram tanto. - Falou Sebastián.

- Mas ele também não estava tão perto da casa.

- Então podemos chegar a conclusão que ele estava mais ou menos aqui. - Falou Sebastián indicando o lugar.

- Sim, e pelo jeito aqui ao redor não tem... - Falava Gastão andando e olhando para o chão quando de repente parou. - Encontrei algo Sebastián.

- O que é?

- Um projétil.

- Como? - Questionou Sebastián indo até ele. Gastão pegou o projétil usando um par de luvas e colocou em um saquinho para levar ao laboratório. - Não deveria ter um projétil aqui.

- Não, não deveria. A bala ficou alojada em Christian. E nenhuma das testemunhas falou sobre dois tiros.

- As vezes no calor da adrenalina eles não perceberam um segundo tiro.

- Mas nenhum dos cinco percebeu?

- Ou talvez não tenham sido dois tiros seguidos. Se o assassino queria já conhecer este lugar, ele pode ter vindo aqui antes. - Sugeriu Sebastián.

- Faz sentido.

- Vamos levar para a Eiza analisar se são da mesma arma.

- Olha onde a bala bateu. - Falou Gastão passando a mão pela árvore onde tinha marcas da bala, Sebastián tirou algumas fotos.

- Vamos olhar do lado de dentro.

Assim que os policiais entraram perceberam que as coisas não estavam na mesma posição, eles não sabiam detalhar tudo o que estava fora do lugar, mas algumas coisas estavam diferentes desde a última vez que estiveram lá investigando.

- Será que foi um dos cinco que esteve aqui? - Questionou Gastão. - São eles os principais suspeitos.

- Mas sabem que não podiam vir aqui e os pais do Christopher afirmaram que não deram a chave para ninguém vim aqui desde o ocorrido, nem mesmo as faxineiras.

- Então a pessoa que entrou ou tem uma cópia que não sabemos ou invadiu.

- Vamos dar uma olhada em tudo, cada detalhe conta. - Ordenou Sebastián.

Os dois começaram a vasculhar a casa pelo primeiro andar, Gastão olhava a cozinha e Sebastián a sala. O inspetor olhava debaixo dos móveis e nos armários, quando ele abriu a segunda gaveta do móvel da televisão ele se surpreendeu e gritou Gastão.

- Gastão! Gastão! Vem aqui na sala. - Pediu Sebastián com algo na mão.

- Encontrou algo? - Questionou Gastão.

- Sim. - Afirmou Sebastián se virando para ele com o diário de Christian nas mãos.

*---*---*---*

- Nada demais, a gente queria mais é saber como a senhora está. - Falou Christopher.

- Bom, tá tudo bem comigo queridos. E vocês? O colégio?

- Professora, nós queremos saber como está depois do que ocorreu quando a senhora saiu do colégio. - Falou Dulce.

- Ah... Bom não tenho muito o que falar não. Está tudo bem comigo, eu agora trabalho como costureira, sabe? É de forma autônoma, não é o que mais amo fazer, mas é um bom trabalho que dá um dinheiro suficiente para sobreviver. Depois do ocorrido eu fiquei um pouco mais de um mês presa como determinou o juiz, lá aprendi boa parte do que sei de costura, participei de uma oficina de conscientização antidrogas e fiz alguns trabalhos comunitários. Quando terminei de pagar tudo o que devia foi impossível conseguir um emprego como professora aí decidi me dedicar a costura. - Contou Gláucia.

- Sinto muito. - Falou Dulce baixinho mas Gláucia ouviu.

- Não há o que sentir filha, tá tudo bem já se passaram muitos anos.

- É que professora... Não tem como não nos sentirmos culpados, é que... - Maite não sabia bem como dizer a verdade.

- Maite! - Falou Christopher chamando a atenção dela que estava falando demais.

- Ela precisa saber.

- O que eu preciso saber queridos?

- É que talvez nós tenhamos tido uma certa parcela de culpa na sua demissão. - Explicou Alfonso.

- Uma parcela não, a maior parte eu diria. Eu já sabia que tinha sido vocês os responsáveis pelo o que me aconteceu. - Informou Gláucia surpreendendo os rebeldes.

- Que? - Falaram eles juntos em uníssono.

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