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Durante o trajeto de volta, não consegui parar de pensar em tudo que aconteceu nos últimos dias.

É evidente o quanto minha vida mudou desde que comecei a atuar nesta série. Contudo, ultimamente estou sentindo muito mais a pressão de agir de determinada maneira, imposta tanto por meus assessores, quanto pela mídia.

Quando aceitei fingir que namorava Sinan, não pensei no quão difícil seria manter a farsa.

Ralph Waldo Emerson escreveu: "Não existe privacidade que não possa ser penetrada. Nenhum segredo pode ser mantido num mundo civilizado. Sociedade é uma bola mascarada, onde todos escondem seu verdadeiro caráter, e o revela escondendo-o." Essa frase me assusta demasiadamente. Não só pelos últimos dias, mas por tudo que já passei. Tento manter meus pesadelos e meus medos em segredo, e com isso acabo escondendo uma parte muito importante de quem sou.

Estacionei o carro, tentando deixar meus pensamentos de lado, e quando entrei no prédio, reconheci a figura masculina parada próximo ao elevador.

Respirando fundo, absorta em uma sensação entorpecente de surpresa, me obriguei a ir até ele. O homem que quebrou o coração da minha melhor amiga.

– Ethan, o que faz aqui? – perguntei.

Ele continuava exatamente igual a antes. Seus olhos azuis, no entanto, pareciam mais fundos e com olheiras. Sua expressão era um misto de desespero e felicidade em me ver.

– Eliza, eu preciso muito falar com você. Por favor?

Seus olhos estavam marejados e por um segundo cogitei aceitar, mas então lembrei-me de todas as vezes que vi Kate chorando por ele.

– Desculpe, mas não tenho nada pra falar com você.

O elevador abriu e eu entrei, torcendo para que ele fosse embora. Porém, Ethan não desistiu e me seguiu.

No elevador, ele resolveu ficar em silêncio e eu não ousei dizer mais nada, pois não queria que me convencesse a ouvi-lo.

Ao chegar no meu andar, abri a porta de meu apartamento e ele parou em frente.

– Eliza, por favor. Eu só preciso de dez minutos!

– Não é comigo que você deve conversar, Ethan.

– Kate não quer me ouvir e você sabe que ela não vai mudar de ideia.

Deixei escapar uma risada irônica.

– Pode culpá-la?

– Claro que não, mas eu preciso que me escute.

Olhei atentamente para ele. O semblante de Ethan é desesperador. Seus olhos azuis piscam sem parar e ele não desvia os olhos dos meus. Parecia estar prestes a chorar ou gritar.

Desviei o olhar, tentando não me comover, no entanto, a verdade é que essa aparição repentina e a insistência dele me deixaram curiosa, e ele está certo em uma coisa: Kate não dará a oportunidade para ele explicar. E ouvir o que ele tem a dizer, não quer dizer que irei perdoar tudo que fez minha amiga passar.

– Você tem dez minutos. – ele sorriu e eu avisei: – Mas se eu julgar que você não merece todo esse tempo, pode ser que chame o segurança.

Dei espaço para ele passar e sentamos no sofá.

– Agora são nove minutos. – avisei.

Destino InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora