Destino Inevitável

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Sinan Bragg

O porteiro do prédio finalmente liberou nossa saída e fomos para minha casa. Eliza caiu no sono rapidamente após tomar o medicamento e, apesar de ter remexido muito na cama, não acordou assustada nenhuma vez.

Eu, no entanto, estava uma pilha de nervos. Ver Eliza tão vulnerável foi muito difícil. Senti raiva e tristeza na mesma proporção. Queria poder fazer alguma coisa para tirar aquela dor dela.

Já haviam me falado sobre o amor, eu já atuei em filmes onde supostamente estava apaixonado, já li livros onde tinha um romance arrebatador, já até disse eu te amo antes. Contudo, nunca tive a dimensão do que era amar tanto uma pessoa.

Naquele momento, enquanto ela chorava em meus braços pela segunda vez se mostrando completamente vulnerável, tudo que eu queria era tirar todo o sentimento de angústia de dentro dela. Lembrei de todas as vezes que ela gargalhou ao meu lado e desejei demasiadamente conseguir fazer isso acontecer novamente.

E foi nesse exato momento que compreendi que Eliza Thompson é meu destino. Eu não só a desejo, não só estou apaixonado... Eu a amo.

Ver o brilho nos olhos dela quando me declarei só não foi melhor do que a sensação de ouvir ela dizer que também me ama. E é por perceber a importância que ela tem na minha vida que não consigo tirar da minha cabeça tudo que ela contou.

Eu não quis falar nada naquele momento porque sabia que ela precisava de acolhimento e nada mais. No entanto, há algo sobre essa história que não sai de minha cabeça.

Senti suas mãos se esticando e acariciando meu braço.

– Você já está acordado? – perguntou, ainda sonolenta.

– Honestamente, eu não dormi muito essa noite. Tem umas coisas me deixando preocupado.

Ela coçou os olhos e se apoiou no meu peito, deixando seu rosto próximo do meu.

– O lance do Jeremy, não é? Não se preocupe, vamos provar que você não o agrediu.

– Sei disso. – sorri, colocando uma mecha de seu cabelo para trás – É outra coisa...

Sua expressão mudou completamente e ela se sentou.

– O que foi? Teve mais algum problema? – perguntou.

Respirei fundo, procurando as palavras certas para usar naquele momento.

– É sobre o que você me contou ontem... – me ajeitei na cama, ficando sentado de frente com ela – Você disse que naquele dia tinha discutido com Logan, vocês tinham terminado... Mas, depois vocês continuaram juntos, não foi?

Ela franziu o cenho, como se não estivesse entendendo onde eu queria chegar.

– Logan sabia o que tinha acontecido, ele chegou no local pouco depois da polícia... Quando eu voltei do Brasil, nós continuamos juntos por mais um tempo. – ela pareceu envergonhada ao contar isso – Quando meu pai morreu, eu ainda não estava nos holofotes, ao contrário de Logan. A morte dele foi divulgada como um assalto qualquer, e eu nunca falei sobre o assunto. – Eliza suspirou – É vergonhoso admitir, mas Logan sempre teve muita facilidade em me manipular. Ele dizia que tinha me perdoado pelo o que aconteceu e que não tinha contado para ninguém, eu me sentia tão culpada e grata por ele não ter soltado isso para mídia, pois acabaria com minha carreira antes mesmo de começar.

Eu queria quebrar a cara desse filho da puta. Como ele teve coragem de fazê-la se sentir culpada depois de tudo que aconteceu, e pior, fazer chantagem emocional para que ela continuasse com ele?