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"Todos nós moramos numa casa de fogo, sem bombeiros para chamar e sem saída. Apenas a janela do andar de cima para olhar para fora enquanto o fogo queima toda a casa com nós presos, trancados dentro dela." Tennessee Williams.

•••

Durante sete dias, todas as vezes que ía ao hospital, saía com o coração completamente dilacerado.

O sentimento de angústia só aumentava cada vez que avistava Sinan andando pelo corredor encarando o chão e o seu semblante desesperado.

Mary foi internada na semana passada por conta de uma pneumonia. Infelizmente, teve que continuar no hospital, pois o médico ficou preocupado com a possibilidade de ocorrer uma progressão acelerada da doença, considerando que a pneumonia é de grande risco para pacientes com alzheimer, podendo ser fatal.

O segundo dia foi o pior. A mídia havia descoberto sobre o ocorrido e estava em todas as entradas do hospital.

Todos queriam saber o que tinha acontecido e quem era Mary, mas ninguém se preocupava com o quanto ela é importante para Sinan, ou o quanto a presença deles, nos impedindo de sair do hospital ou a violação de nossa privacidade, era completamente desrespeitosa.

Sinan bufou, encostando sua cabeça na cadeira.

– Vou falar com eles. – declarou.

– Você está nervoso demais para isso, Bragg.

Ele levantou e começou a andar em círculos.

– Você viu o que escreveram? Estão dizendo que ela está morta!

Levantei, ficando de frente a ele.

Eu estava completamente desesperada, contudo, Sinan parecia estar a ponto de explodir a qualquer momento.

Ele conseguiu esconder a parte mais importante de sua vida por tanto tempo e não poderia haver pior momento para ele lidar com a falta de empatia dessas pessoas.

– Eles fazem matérias assim para chamar atenção. Ela está viva e vai permanecer assim!

– É justamente por isso que eu escondia. Eles são podres e eu quero socar a cara de um desses idiotas!

Toquei seu rosto com as duas mãos o fazendo olhar para mim.

– Você precisa se acalmar, tenho certeza que vai ficar tudo bem. Confia em mim?

Sua expressão suavizou por um instante, me fazendo soltar a respiração que nem percebi que estava prendendo. No entanto, em menos de um minuto ele desviou seu olhar para algo atrás de mim e seu semblante voltou a ficar sério.

Olhei para mesma direção, esperando encontrar um repórter idiota, mas quem estava lá era meu ex-professor de dança, Josh.

– O que diabos você está fazendo aqui? – Sinan gritou.

– Fiquei sabendo o que aconteceu e queria saber como ela está, já que as notícias não são confiáveis. – Josh respondeu, se aproximando.

– Nossa mãe precisou estar em um hospital para você visitá-la?

– Minha mãe. – o moreno corrigiu – Você tem uma mãe, e de acordo com as notícias, ela está em Maldivas!

– Como você tem coragem, Joshua? Eu tentei tantas vezes te convencer a ir visitá-la e você nunca foi capaz e agora tem a cara de pau de aparecer aqui?

Várias pessoas pararam no corredor para prestar atenção na conversa dos dois. Então, resolvi interferir:

– Vocês estão em um hospital. – falei o óbvio – Tenham o mínimo de respeito e conversem como pessoas civilizadas!

Destino InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora