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Meu coração apertou a medida que o incômodo ardente em meus olhos ficou ainda mais difícil de ser controlado.

Olhei para Sinan, mesmo que ele estivesse disfarçando perfeitamente bem sem dizer uma palavra sequer desde o primeiro momento, eu seria capaz de sentir seu nervosismo a quilômetros de distância.

– Sinan? – toquei sua mão de maneira gentil – Você quer ir falar com eles?

– Vamos observar por enquanto.

Sua voz soou tranquila quando respondeu, no entanto, parecia haver uma imensidão de coisas não ditas naquelas palavras.

Concordei com um menear de cabeça e voltei a olhar para frente, observando Josh finalmente se desvencilhar do abraço de Mary após chorar durante aproximadamente trinta minutos no ombro de sua mãe.

– Mãe, a senhora pode me perdoar? – fungou – Eu fiquei com tanto medo de te perder, eu sou um idiota!

Mary o olhou atentamente, mas não respondeu sua súplica.

– Diz que se lembra de mim, por favor. – Josh voltou a dizer – Eu prometo que vou te visitar todos os dias, eu só... – sua voz falhou – Só preciso que diga que me perdoa por tudo que te disse, por não ter vindo te ver antes e... Me perdoa por não dizer o quanto é importante todos os dias. Sinan tem razão, eu sou egoísta, rancoroso e sei que devo agradecer a ele por não ter te abandonado. – respirou fundo – Diz alguma coisa, mãe.

– Por que você está me chamando de mãe? – Mary indagou nitidamente confusa.

Mesmo não estando tão próxima deles, foi possível notar o desespero no olhar de Josh. Sinan soltou um suspiro e foi na direção dos dois.

– Oi mãe. Como a senhora está?

Mary desviou o olhar do moreno para Sinan e sorriu.

– Esse rapaz está chorando desde que chegou e me chamou de mãe várias vezes. Será que está tudo bem com ele? – fez uma careta – Eu só tenho dois filhos, você e Joshua, certo?

– Sou eu, mãe. Eu sou o Joshua!

– Eu não estou louca, rapaz. Meu filho ainda é um adolescente!

– Já é muito tarde e a senhorita deve estar muito cansada! Amanhã nós dois voltaremos visitá-la, pode ser?

Mary assentiu e Sinan depositou um beijo na sua testa.

Joshua o acompanhou até o corredor, com o semblante completamente desolado. Sua aparência também não estava agradável, visto que sua camiseta branca estava suja e seus cabelos bagunçados. Além disso, seus olhos estavam vermelhos e ele parecia ter dificuldade para se manter em pé.

Apesar de tudo, Sinan soube lidar da melhor maneira possível, sendo discreto e atencioso. Levou Josh até meu carro e o deitou no banco de trás.

Sentei no banco de motorista e respirei fundo, antes de perguntar:

– Para onde devo ir?

– Para minha casa. Vou lidar com essa situação amanhã, quando ele estiver sóbrio.

Olhei para meu ex-professor de dança deitado no banco já com os olhos fechados.

– Bragg, talvez seja melhor se... – suspirei, constatando que provavelmente nada que eu dissesse teria relevância, pois ele não mudaria sua decisão – Você está atordoado e apesar dele ter agido de maneira errada, parece arrependido de verdade.

– Ele precisa entender que não pode visitar ela embriagado! – vociferou – Não se preocupe, eu não vou impedir que ele a veja, não tenho esse direito. Mas, preciso deixar algumas coisas claras antes disso. Se ela já estava confusa anteriormente, pode imaginar como ela está agora? – respirou fundo – E se Josh não conseguir lidar com a confusão mental dela? Ou pior, e se ele ficar sóbrio e decidir abandonar Mary de novo?

Destino InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora