24. O reencontro

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Era a primeira vez em 19 anos que os gêmeos viram o tio. Oliver é uma pessoa esguia, com cabelos encaracolados e barba negros e com um olhar intenso que podia assustar qualquer ser humano. Mas não Adrian e Milana. Um longo silêncio se instaurou no local, os ministros estavam chocados pela princesa não estar morta e também pelo retorno do antigo príncipe.

O rei estava tão chocado quanto eles, mas não transpareceu isso. Sentimentos não eram o forte dele. Oliver se levantou e lentamente foi em direção aos sobrinhos, que não ficaram intimidados por toda aquela situação. Por fim, assim que o rei ficou próximo o suficiente, ele comentou com um tom falso de surpresa.

— Finalmente pude conhecer os meus amados sobrinhos!

— O que faz aqui? -Milana pergunta de um jeito sério.

— Sendo o rei de Dávia, obviamente. Infelizmente o meu querido irmão faleceu e como o reino estava sem um governante, então ocupei o lugar.

— Você é muito cínico. –Adrian comentou como se tivesse asco do tio. — Saiu de seu exílio e tomou o lugar que por direito é meu e de minha irmã.

— Seu e de vossa irmã? Que eu saiba, Milana não abdicou ao trono.

— E não estou morta, como o senhor pensava. Então sim, o título de governante de Dávia continua sendo meu.

— Milana, minha querida sobrinha... Como eu acabei de dizer, Dávia estava sem um governante, Adrian abdicou ao trono e você estava desaparecida. Você realmente acha que o reino tinha que esperar o retorno da princesa?

Oliver falou de uma forma totalmente irônica, o que acabou irritando os irmãos. Seria mais difícil do que eles imaginavam.

— Mas a questão é... Por que Adrian está aqui? Você abdicou ao trono e foi exilado pelo seu próprio pai.

Adrian e Milana se entreolharam e o antigo príncipe olhou para os ministros, que apenas observando todo aquele desenrolar da realeza.

— O senhor está certo em relação à questão do exílio. –Adrian respondeu. — Mas o senhor também foi exilado e está aqui, então não poderá me julgar. Sobre a abdicação, tem um ponto importante a ser discutido.

Oliver fica com o maxilar travado com a revelação do sobrinho e pergunta sem demonstrar nervosismo.

— Que ponto?

— Eu não assinei documento algum sobre a abdicação. Os ministros são testemunhas que eu disse que queria abdicar ao trono e saí do castelo rumo ao vilarejo. Mesmo meu falecido pai ter me exilado, ele não tirou os meus títulos reais, então... O posto de governante de Dávia é meu.

Todos no cômodo ficaram perplexos com o raciocínio de Adrian. No entanto, Oliver apenas ri de forma maldosa e comentou.

— Oh meu sobrinho, você pensa que é perspicaz, mas sinto lhe informar que algumas coisas mudaram em Dávia. Eu reformulei alguns protocolos, um deles fala sobre o retorno de exilados para Dávia. Eu que decido quem irá voltar para o reino e nesse exato momento eu poderia te colocar na masmorra porque você não está autorizado a entrar nesse reino.

Os irmãos estreitaram o olhar com o tom sério do tio, mas ele continuou.

— No entanto, eu tenho uma proposta para fazer.

— Que proposta? -Milana perguntou curiosa.

— Não sei se o Otto comentou, mas eu era um excelente espadachim. Sempre fui uma pessoa ligada à estratégias e meu amado irmão só se preocupava com artes e ajudar os mais pobres...

— Seja direto, Oliver.

— Agora é Vossa Majestade, Milana! Continuando... A minha proposta é que eu e Adrian tenhamos um duelo. O prêmio será a governança de Dávia. Quem perder e sobreviver será condenado à prisão perpétua na masmorra.

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