Epílogo

43 3 0
                                    

Seis meses depois...

O reino de Dávia estava prosperando de forma incrível. Todos se surpreenderam com a sabedoria de Adrian em governar, mesmo sendo tão jovem. Ele reformulou os protocolos de aumentavam os impostos pagos pelos plebeus, diminuindo-os de forma considerável, o que acabou alegrando o vilarejo.

Elora estava se adaptando bem à vida de rainha, tendo diversas aulas com Agnes e com Cassius também, já que ela quis melhorar suas habilidades com arco e flecha e entender melhor a história bélica de Dávia para poder ajudar o reino em diversas situações.

Cassius abriu vagas para mulheres para o exército de Dávia e, no dia das demonstrações, ele se surpreendeu ao ver Milana acompanhada por muitas mulheres que também queriam participar. No final, a princesa passou na demonstração do arco e flecha, da espada e dos conhecimentos bélicos de Dávia. Ela decidiu ficar no arco e flecha, já que tinha maior conhecimento com o equipamento, mas informou que também seria eficaz nas decisões de guerra do reino. Várias outras mulheres também passaram nas demonstrações e Milana ficou feliz ao notar que não estava sozinha.

***

Era uma tarde nublada quando Adrian e Milana chegaram na masmorra do castelo. Ele estava com uma roupa inteiramente da cor cinza-chumbo e com a coroa de rei, e ela estava sem a coroa e com o uniforme do exército, que era cinza-claro com uma capa verde-esmeralda. Ambos traziam um ar de superioridade no ambiente, mas no fundo estavam nervosos para falar com Oliver.

Depois de passarem por diversas portas de grades de ferro, os irmãos pararem em frente à cela do tio. As correntes das algemas que prendiam Oliver eram fixadas à parede e o homem estava de joelhos e com a cabeça baixa. Adrian assentiu para que o guarda abrisse a cela e ele entrou junto com Milana.

Ao notar que os sobrinhos estavam lá, Oliver levantou a cabeça e os irmãos notaram que sua aparência mudou muito em seis meses. Seus cabelos e sua barba estavam maiores, dando a impressão que ele tinha envelhecido muito, mas o seu olhar de ódio estava o mesmo.

— Majestade... -ele grunhiu, olhou para Milana e notou que ela estava sem coroa. – E... princesa?

Ela revirou os olhos e disse com um tom firme.

— Viemos ter uma conversa com você.

— Me desculpem se não estou apresentável, essas algemas me incomodam tanto.

Oliver mexeu os braços com a tentativa de se soltar, mas foi em vão.

— Não somos tolos, tio, não vamos te soltar. -Adrian respondeu.

— Digam logo o que vieram fazer aqui... Na verdade, eu imagino o que seja. Vocês vieram aqui para ver a desgraça que fizeram em minha vida!

— Você provocou a própria desgraça. -o rei disse e se abaixou para ver melhor os olhos de Oliver. – A pergunta é por quê? Você é o nosso tio, foi criado com o nosso pai, tiveram com a mesma educação, como que isso pôde acontecer?

— Porque meus pais me odiavam! Sempre preferiram Otto por ser o primogênito e eu era totalmente ignorado. Na única vez que eu pude ganhar o reconhecimento que merecia, fui exilado para aquele maldito castelo.

— E o que você ganharia com a desgraça do seu próprio irmão? -Milana questionou.

— Tudo, sua garota tola. Dávia seria minha e Otto ficaria bem longe daqui junto com a plebeia imunda que ele se apaixonou.

— MAIS RESPEITO COM A RAINHA ESTELLE! -um guarda gritou e Adrian fez um sinal para que ele se acalmasse.

— Minha mãe até podia ser uma plebeia, mas era muito mais digna da realeza do que você. -o jovem falou de modo sério. – Olhe para onde o seu preconceito te levou.

— Nossos pais morreram, mas nós vamos continuar o legado deles. Você irá apodrecer na masmorra, Oliver.

— E vocês apodrecerão a linha de Dávia! Não acredito que um sangue plebeu irá manchar toda a história do reino!

Oliver começou a gritar e Adrian prontamente se levantou. O homem gritou para que eles saíssem dali e os irmãos obedeceram porque o assunto tinha se encerrado. Assim que saíram da cela, os gritos de Oliver ainda ecoavam e Milana comentou.

— Fico feliz que tenhamos tido uma criação diferente.

— Eu também, minha irmã. -Adrian respondeu colocando a mão em torno do ombro dela. – Eu também.

***

Em seguida, Adrian e Milana foram até o Cemitério de Dávia visitar as lápides dos pais. Eles faziam isso frequentemente, então naquela ocasião não seria diferente. Era um ambiente um tanto quanto sombrio e o clima nublado ajudava nisso, mas os irmãos não sentiam medo porque cada lápide contava uma história de vida.

Chegando nas lápides dos pais que estavam lado a lado, Adrian e Milana olharam para os detalhes. Tinham o nome, o ano de nascimento e de falecimento, e o epitáfio (frase que fica na lápide). Na lápide de Otto estava escrito "Aqui jaz o 8º rei de Dávia: Um homem justo e fiel ao seu povo" e na de Estelle estava escrito "Aqui jaz a 8ª rainha de Dávia: Uma mulher forte que honrou o seu povo".

Os irmãos achavam aqueles epitáfios muito parecidos e sabiam que os pais eram muito mais do que isso. Após alguns segundos de silêncio, Adrian falou primeiro.

— Olá, meu pai. Olá, minha mãe. Não faz muito tempo que eu e Milana viemos aqui, mas estávamos com saudades. Aliás, sentimos saudades todos os dias. Queríamos tanto que nos vissem como estamos agora, mas tenho certeza de que vocês estão nos vendo de onde estão. Quero que saibam que Dávia está prosperando como nunca e o mais importante é que temos o apoio do povo, que voltou a ficar alegre. Meu casamento com Elora está ótimo, ela é uma companheira incrível e sempre me dá bons conselhos, não pretendemos ter filhos ainda porque nossos compromissos são um pouco divergentes. -ele sorriu junto com a irmã e continuou. – Como eu disse antes, sentimos falta de vocês o tempo todo e, mãe, eu queria tanto que você conhecesse minha esposa, tenho certeza de que seriam ótimas confidentes.

Assim que Adrian terminou o seu discurso, Milana acariciou o ombro do irmão e começou a dizer.

— Olá, meu pai. Olá, minha mãe. Como Adrian disse, não faz muito tempo viemos aqui, mas achamos importante falar o que está acontecendo. Estou oficialmente no exército de Dávia e acho o uniforme bem confortável. -Adrian sorriu com o comentário da irmã, que prosseguiu. – Sinto muito, meu pai, por não ter sido a filha perfeita que o senhor esperava, mas sei que serei motivo de orgulho pois vou honrar Dávia com toda a minha força. Sei que eu não deveria falar de notícias ruins, mas quero que saibam que acabamos de sair da masmorra onde Oliver está preso. Eu queria agradecer vocês dois por terem educado eu e Adrian de forma igual. Meu irmão é o primogênito, então obviamente seria o preferido, mas fico feliz em ter crescido em um ambiente harmônico com ele. -Milana olhou para Adrian e disse. — Eu tenho muito orgulho da pessoa que ele se tornou.

— Eu que tenho muito orgulho de você, Milana. -ele segurou delicadamente a mão dela e disse. — Você salvou o reino de Dávia, serei eternamente grato por isso e nossos pais também.

Os irmãos sorriram um para o outro e se abraçaram. Em seguida, eles se "despediram" dos pais e foram em direção à saída do cemitério. Enquanto faziam isso, eles viram que as folhas no chão estavam bem agitadas, sendo que não estava ventando muito no local. De alguma forma, isso fez com Adrian e Milana pensassem que estavam sendo observados pelos pais. E eles realmente estavam.

FIM

Honra & CoragemOnde histórias criam vida. Descubra agora