Bad news

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Esse capítulo contém spoilers do episódio 04.16

— Maya... eu preciso falar com você. – Andy disse apreensiva enquanto se aproximava de Maya e Carina que tinham um sorriso bobo apaixonado no rosto enquanto continuavam a dançar com o rosto colado uma na outra.

–– O que, Andy? – Maya disse com o semblante preocupado saindo completamente do clima que estava.

Andy entregou o celular a Maya com o rosto abatido.

— Que porra é essa? – Maya balançava a cabeça enquanto tinha os olhos fixados na tela do celular.

— O que aconteceu, meu amor? – Carina disse alarmada levando a mão até as costas dela.

A bombeira apenas entregou o celular a Carina. Maya estava suspensa de sua função de Capitã e seria investigada pela decisão de enviar uma criança ferida ao hospital em outro veículo da Estação que não a ambulância e ter desobedecido aos protocolos e à ordem do Chefe McCalister.

— E porque eles estão fazendo isso? – Carina disse boquiaberta enquanto olhava o celular entregue pela esposa.

— Porque é assim que funciona nessa droga de um mundo machista, Carina. Por que eu não segui as regras deles. Porque eu priorizei a vida de uma criança ao invés de seguir os protocolos que poderiam ter custado a sua vida. – Maya gritou batendo com força a mão na mesa e em seguida sentando-se na cadeira atrás de si e levando a mão à cabeça. Seu rosto ardia de raiva. Seus olhos estavam marejados. — Eu salvei a vida de uma criança, mas já que eu desobedeci às ordens de um homem que está hierarquicamente acima de mim eu estou sendo punida por isso. – Ela disse raivosa.

Os amigos observam tudo em volta enquanto Carina abaixava se apoiando-se nos joelhos da mulher para falar com ela em um tom de voz baixo.

— Ei, ei, guardami (olhe para mim), meu amor. – Carina disse tomando as mãos dela e fazendo com que ela olhasse nos seus olhos. — Tudo vai se resolver. Eu confio em você. Sei que você fez a decisão correta. Eles verão que você estava certa e você vai voltar ao seu trabalho logo logo, okay?

— Você não sabe como isso funciona, Carina. Os homens acham que podem fazer tudo. Esse é o mundo deles. – Ela falava com o olhar perdido no horizonte.

— Ei, não olhe à frente. Olhe apenas para mim. – A italiana novamente tentava fazer a loira manter o olhar nela. — Não, não é o mundo deles. Nunca pense dessa forma. E... Eu posso não saber como funciona, mas eu sei que vamos superar, va bene?! Como você chegou até aqui? Você venceu desafios todos os dias. Você venceu homens todos os dias. Você é a melhor. Você vai mostrar a eles quem é a Capitã Bishop e eu estarei com você o tempo todo. – Carina dizia otimista para a mulher.

— Isso é tão injusto, Carina. – Ela disse agora sentindo que as lágrimas desciam por seu rosto. — Por que isso tinha que acontecer? E porque exatamente no dia do nosso casamento? – Ela disse jogando a cabeça para trás inconformada. —Desculpa por arruinar a nossa felicidade. – Maya disse olhando para a mulher com a expressão triste e os olhos enxarcados de lágrimas.

— Não, não, meu bem. Você não tem que se desculpar. Isso não arruinou a nossa felicidade. Nada irá. Você sabe por quê? Porque nós estamos juntas e nós somos invencíveis juntas. Nós vamos superar isso num piscar de olhos. Você vai ver. Você confia em mim? – Carina disse enquanto apertava as mãos da esposa e a olhava a espera de um sinal de otimismo.

Maya ficou um instante em silêncio olhando aquela mulher linda a sua frente. A sua mulher. Queria ter dado a ela o dia mais feliz da sua vida depois de tudo o que haviam passado, mas parecia que estava fadada a enfrentar desafios todos os dias.

— Sim, eu confio em você. – Maya disse fungando.

— Então, me deixe secar essas lágrimas, okay? Hoje é tudo sobre nós. E eu tenho a noite inteira planejada para nós... – Carina disse com um sorriso malicioso nos lábios.

— O que? Que planos? – Maya disse sentindo as mãos da médica passando pelo seu rosto para enxugar as suas lágrimas.

— Depois daqui nós vamos pro hotel...

— Nós não vamos pra casa? – Maya disse confusa.

— Não. Nós daremos as chaves pra sua mãe se ela quiser, mas nós vamos pro hotel que eu reservei. – A morena falou com um sorriso no rosto.

— Você reservou um hotel? – Maya disse ainda com um tom triste na voz.

— Sim, para que a gente aproveitasse a nossa primeira noite de casadas e o fim de semana todo já que não podemos viajar para ter uma lua-de-mel agora. Nós teremos pétalas, uma cama enorme, champanhe, hidromassagem e tudo mais que você quiser, meu amor.

— Você fez isso? – Maya inclinou o rosto e mordeu o interior da bochecha.

— Sim, eu fiz. É a minha surpresa pra você. – Carina disse levando a mão até a bochecha dela e fazendo-lhe um leve carinho com o polegar.

— Mas... mas... nós nem ao menos temos roupas para o fim de semana.

— Não que vamos precisar de roupas para o que estaremos fazendo, mas... eu fiz uma mala com tudo o que vamos precisar.

Maya apenas fixou os olhos nos dela se sentindo um pouco melhor. Só ela tinha o poder de acalma-la. Ninguém mais.

Uma música suave tocava ao fundo.

— Agora, você me concederia essa dança? – Carina disse levantando e estendendo as mãos convidativas na direção de Maya.

— Meus pés doem. – Ela reclamou com uma voz quase inaudível. Era mais uma forma de recusar o convite do que realmente uma reclamação.

— Tire os seus sapatos então.

— Mas, eu não posso... está todo mundo aqui. – Maya disse olhando ao redor e percebendo que todos ainda as observavam.

— Lógico que você pode. É o seu casamento. Você pode fazer qualquer coisa. – Carina disse já tirando os seus sapatos enquanto Maya a observava para em seguida fazer o mesmo.

A bombeira ainda fez uma cara de desanimada, mas em seguida ergueu as mãos e levantou-se em um impulso.

Agora aos amigos voltavam a conversar baixo sobre o acontecimento em pequenos grupos espalhados pelo salão.

Carina apenas levou os braços ao redor de Maya e a abraçou forte enquanto seguiam o ritmo da música. A bombeira fechou os olhos descansando o rosto na curva do pescoço da esposa enquanto aspirava o perfume suave de seu pescoço. A única coisa que a mantinha de pé naquele instante era o sentimento de felicidade que tinha por ter acabado de casar com o amor da sua vida. Nada tiraria a felicidade que sentia aquele dia. Ela havia saído do armário para o pai e o enfrentado pela primeira vez desde que ele a humilhara. "Eu sou bissexual ou queer como dizem agora. Estou apaixonada por uma mulher e estarei casando com ela essa noite.", Maya disse orgulhosa olhando no fundo dos olhos dele. Oferecera suporte à mãe e ela realmente viera a seu casamento. Apesar de tudo estava feliz. Tinha a sua frente a mulher mais linda do mundo e tinha a sorte de poder chamá-la de esposa de agora em diante.

Faria como sempre fizera. Enfrentaria essa investigação de cabeça erguida. Manteria seus posicionamentos e de uma forma ou de outra sabia que tudo ficaria bem. Enfrentaria sim....mas depois. Hoje aproveitaria para beijar a sua linda mulher. Dançaria com ela até não poder mais, transaria a noite toda e dormiria apertando a em seu abraço com a certeza de que era a mulher mais sortuda do mundo por haver encontrado o amor da sua vida uma noite em um bar. Nada estragaria a noite de seu casamento.

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Como vocês estão vivendo após os eventos da noite passada? Eu só tenho a dizer que ganhamos muito até o momento desse plot twist. Escrevi esse capítulo assim que terminei de ver o episódio porque eu tenho certeza que tudo vai ficar bem e que elas vão superar mais esse desafio. Lembrando que a Maya ainda não sabe do Sulivan. Acho que essa parte vai pior do que a própria suspensão.

P.s. Eu até coloquei foto nesse capítulo porque, meu Deus, que lindas que elas são.

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