Pride parade

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"Ei, babe. Você está vindo?...Nós estamos quase saindo", Maya disse animada enquanto de movimentava de um lado para o outro arrumando ornamentos para as pessoas que se juntariam ao desfile enquanto segurava o celular à frente do rosto com a outra mão. Aquele dia a Estação faria um desfile do orgulho LGBTQIA+ mostrando ao público a diversidade das famílias da comunidade. Integrantes das famílias do bombeiros e demais integrantes da comunidade chegavam para se juntar ao grupo a todo momento. O clima era de alegria na Estação. As pessoas vestiam camisas coloridas, acessórios de arco-íris, colares de ula. Os bombeiros usavam camisas com o símbolo da Estação 19 nas cores da bandeira LGBTQIA+. Havia música e biscoitos, muffins e cupcakes decorados por todo lado.

Grande quantidade do público ali era mais jovem, apesar de Maya ter visto um casal de senhorinhas de muleta apoiadas uma na outra mais cedo. A bombeira olhava os visitantes e não podia evitar pensar em si mesma. Maya descobrira que sentia atração por mulheres ainda na adolescência. Ver as meninas do atletismo trocando de roupa no vestuário deixava suas bochechas coradas. No início ela não entendia muito bem o que era aquele formigar próximo da sua barriga, mas ao beijar uma de suas colegas uma vez em seu quarto entendeu o que sentia. Infelizmente o romance durou pouco. Lane fizera com que aquilo se tornasse uma competição e Maya nunca poderia se relacionar com uma rival.
A bombeira demorou-se um instante olhando duas meninas que abraçadas trocavam carinho próximo de onde ela estava. Em público. Quando jovem ela nunca pudera fazer isso. Sempre fora extremamente preocupada com a possibilidade de que Lane viesse a desconfiar de alguma coisa. Mantinha seus namoricos com meninas bem escondidos e quando eles pareciam querer virar algo mais forte ou quando uma nova competição de atletismo surgia ela se tornava um gelo e logo afastava a outra garota.

Nunca falou sobre sua sexualidade em casa. Afinal com quem falaria? Não tinha essa abertura. Também não tinha amigas próximas e de confiança naquela época. Achava as meninas fúteis demais com suas maquiagens e seus papos de garotos. Crescendo namorou meninos, mas geralmente as coisas não duravam muito.

Quando saiu de casa, já na época da academia, se sentia mais livre. Longe dos olhos do pai finalmente se entendeu como uma mulher bissexual.

No entanto, apesar de ter sua sexualidade aberta nunca se imaginou casando com uma mulher. Talvez heteronormatividade ou talvez a influência de Lane sobre ela. Não sabia ao certo, mas se sentira a mulher mais corajosa do mundo quando enfrentara o pai no dia de seu casamento e dissera "Eu sou uma mulher bissexual e eu estou me casando com uma mulher hoje". A Maya adolescente sempre com medo de que ele ouvisse algum comentário sobre alguma de seus casos com meninas na época da escola jamais poderia sonhar que agora estaria no meio dos planos para ter um bebê com a sua esposa por quem era perdidamente apaixonada.

Para Carina as coisas sempre foram mais simples. Ela era italiana, não tinha o pudor dos americanos. Sempre fora um espírito livre. Beijos entre as amigas e conversas sobre questões sexuais era comum na adolescência dela. Diferente de Maya nunca tivera medo de embates com o pai mesmo que ele jurasse que aquilo era uma fase. Carina decidiu se tornar médica, estudou o corpo feminino e a reação do cérebro aos orgasmos. Veio para os EUA com sua pesquisa e impressionara a todos. Tinha uma personalidade extremamente confiante e segura de si. Maya havia se acostumado, mas às vezes ainda era pega de surpresa por alguma fala da mulher que envolvia incentivar alguém a se masturbar em uma conversa casual. As suas bochechas ficavam vermelhas e ela segurava um risinho no fundo da garganta. Carina nunca deixaria de surpreendê-la.

"Bambina, eu...", Carina apoiou uma das mãos sobre a bancada enquanto fazia uma careta de culpa.

"Eu sei. Você não vai poder vir", Maya parou o que fazia soltando os ombros e colocando uma expressão desanimada no rosto.

"Me desculpe, bambina. Eu realmente queria, mas...isso aqui está um caos e há bebês nascendo e a clínica está cheia e eu estou tendo que lidar com tudo isso", a mulher disse gesticulando em uma velocidade acelerada e com um sotaque forte que aparecia quando ela estava tentando se desculpar por algo.

"Meu bem, meu bem... fique calma. Eu entendo", a loira disse compreensiva sentando-se na mesa às suas costas. Queria muito ter o seu amor ao seu lado naquele momento, mas realmente sabia como estava difícil para a mulher conseguir conciliar aquilo tudo e sabia que se ela pudesse estaria ali.

"Sei triste con me?", a médica mordeu o interior da bochecha.

"Não, babe. Eu não estou", Maya forçou um sorriso de canto. "Eu só queria você aqui, mas..."

"Maya, nós precisamos sair agora. Vamos", Andy gritou chamando a atenção da amiga na sua direção.

"Um segundo", Maya falou na direção da mulher.

"Nós vamos sair agora, meu amor. E eu realmente queria que você estivéssemos lá juntas como uma família, mas eu estou bem. Vai dar tudo certo", a loira disse otimista.

"Eu amo e eu tenho orgulho de você e do nosso amor, da nossa família e de tudo o que somos. Eu realmente queria andar de mãos dadas com você e beija-la no meio da rua, celebrar e mostrar a todos como o amor é bonito e diverso, mas nesse momento eu não posso e eu sinto muito por isso. E talvez não seja suficiente, mas eu prometo que vou compensar você com muitos e muitos beijos. Agora vá lá e defenda o nosso amor no mundo onde os nossos filhos irão morar", Carina encorajou.

"Eu amo você e me orgulho muito do nosso amor. Ah...eu guardarei biscoitos de arco-íris para você e estarei aqui esperando por todos os beijos que eu puder ganhar", a bombeira tinha um olhar doce na direção da outra. Como amava aquela mulher.

"Eu juro que farei todo esforço para ir beijar você e dividir biscoitos hoje a noite. Boa parada, bambina", Carina disse com uma piscadela antes de desligar o telefone.

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AN: Tã dãmmm. Oi, gente. De volta logo por motivos de ansiedade. Tenho visto no twitter teorias sobre o Mason estar na Pride parade da estação no meio daquele grupo de homofóbicos mascarados e estou morrendo do coração. Eu só penso em como isso vai entristecer a Maya se for realmente ele. Ela sempre falou dele com tanto amor e ver ele sendo tão ruim quanto o Lane vai quebrá-la. Meu coração dói.

No mais faltam apenas 2 dias para #Station19day . NÃO PRIEMOS CÃNICO.

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