Baby issues 2.0

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"Hoje é dia de inventário e você sabe como eu amo fazer isso. É como usar um caderno novo no primeiro dia de aula. Nem mesmo o fato de que tenho que trabalhar com Jack pode arruinar isso", Carina disse empolgada enquanto subia às escadas ao lado de Maya. A clínica abriria para o público em breve e a morena estava tão animada com tudo.

Maya no entanto não teve reação ao seu lado e continuo concentrada com os olhos voltados pra a pasta que tinha nas mãos.

"Oh, eu esqueci de mencionar que o banco de esperma ligou e eles tem uma vaga na próxima terça-feira então nós poderemos adiantar a nossa consulta", a morena continuou.

"Ótimo", Maya disse tirando os olhos brevemente do papel.

"É mesmo?", Carina falou espremendo os olhos. Tinha a impressão de que Maya não estava realmente envolvida na conversa.

"Uhn hun", a loira murmurou.
"Você está estudando para um pop quiz?"

"Estou revisando alguns protocolos só por garantia", a bombeira explicou.
"Para o caso de a Chefe Ross de repente perguntar a você sobre 'precauções universais devem ser observadas para evitar o contato com sangue e outros fluidos corporais?'", Carina aproximou o corpo de Maya e inclinou a cabeça para conseguir ler o que dizia o papel.

"Sim... Quer dizer...", Maya foi interrompida pelo soar do alarme. Ela era requisitada. "Eu preciso ir, mas... Eu entendi. Terça-feira, banco de esperma", Maya disse em frente a porta antes de sair correndo para chegar até o caminhão.

Carina apenas ficou parada na porta. "Bendito alarme", pensou. Logo no momento em que ela achava que teria a possibilidade de conversar com Maya realmente. Elas vinham passando tão pouco tempo juntas devido a turnos não simultâneos e Carina tinha esperança de que com a Clínica elas pudessem aproveitar um pouco mais. Conversar mais.

Após alguns instantes a morena andou um pouco e apoiou-se na mesa atrás de si dando um suspiro para em seguida balançar a cabeça para espantar o pensamento insistente de que Maya desistiria a qualquer momento de ter um bebê.

"Foco no trabalho, Carina. Foco no trabalho", ela disse para si mesma em voz alta antes de voltar a contar e registrar os materiais da clínica.

****

"A carreira dela é o seu bebê", Carina disse encarando um ponto fixo na parede como se falasse para si mesma.

"O que?", Jack disse voltando a atenção da sutura mal feita que fazia em uma banana.

Os dois encontravam-se juntos na cozinha praticando após Carina ter se comprometido a ajudar o bombeiro com as suturas. Não estava sendo fácil, mas ela encorajava o dizendo que aquilo era questão de prática e concentração. Ela mesmo lbrava de como havia sido difícil no início da faculdade de Medicina, mas hoje em dia era capaz de fazer uma sutura de olhos cobertos.

"Maya", a morena continuou a falar levantando-se de súbito para colocar as frutas de volta na geladeira. "É a coisa pela qual ela luta. Pela qual ela quebraria suas mãos para proteger, pela qual ela lutaria sempre. Esse é o sonho que ela persegue. Não a mim. Não formar uma família. Eu venho em segundo."

"Não, eu sei que isso não é verdade", Jack encarou a mulher. Conhecia Maya. Sabia que ela era uma pessoa completamente diferente da mulher que um dia havia saido com ele e tudo isso era por causa de Carina.

"É tão difícil. Achar o doador certo, fazer a inseminação. Parte de mim está sempre com medo de que se tudo não se alinhar perfeitamente antes que ela consiga o seu posto de Capitã não vai acontecer de jeito nenhum", Carina desabafou. Era estranho estar tendo essa conversa logo com Jack, mas estava se sentindo tão sufocada com tudo que apenas deixou as palavras sairem.

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