Sunshine

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A noite do baile em honra aos bombeiros acabou não sendo nada do que esperavam. Maya e Carina saíram de casa na intenção de prestigiar o amigo Ben e sua medalha de honra e terminaram a noite salvando amigos e outros presentes no baile de uma tragédia. O chão do salão desabara levando com ele todas as pessoas que estavam de pé ali. Dickson foi vítima e acabou não resistindo ao peso dos escombros sobre si. Muitas outras pessoas ficaram feridas e a presença de Maya e Carina juntamente com Warren foram requisitados para ajudar uma grávida que perdera a consciência. Muitos foram os esforços para ressuscita-la, mas ao final de tudo a mãe não sobreviveu e o pequeno bebê prematuro foi levado ao Grey Sloan.

Dia 2
Maya's p.o.v.

Eu e Carina chegamos ao hospital para ver o bebê do parto da noite anterior. É por volta de 18:00 da noite. A UTI neonatal é extremamente silenciosa exceto por um "grunhido" ou outro de algum bebê em sua incubadora.
A  enfermeira nos leva até o bebê que viemos visitar [Ele ainda não tem nome]. Ele tem poucos centímetros. Veio ao mundo um pouco antes do que deveria devido a circunstâncias trágicas. Ele tem o corpinho exposto para o banho de luz e seus olhos estão cobertos por uma máscara. Ele parece menor que ontem cercado por tantos fios.

"Ei, piccolino. Como está ai? Você está quentinho? Nós apenas viemos checar se está tudo bem com você. Você foi um lutador ontem, mas precisamos que você continue lutando ok? Podemos fazer esse trato?", Carina diz colocando a mão sobre a incubadora. O menininho neste instante emite um pequeno barulho.
"Ooh, então temos um acordo, senhor", a minha esposa diz rindo. Eu também rio. Parece que ele acabou de falar com ela.

Dia 7
Carina's p.o.v.

Estou no  no meu horário de almoço e aproveito para ligar para Maya.
"Você está vindo?", digo enquanto retiro meu jaleco e o posiciono na cadeira.
"Sim, eu já estou no prédio", ela me responde assim que atende.
"Ótimo. Espere por mim na recepção."

Eu e Maya combinamos de almoçar juntas hoje, mas antes iremos ver o bebê. As visitas na UTI neonatal não podem ser tão frequentes pelo risco de infecção então só podemos vê-lo uma vez a cada semana. Mesmo assim tenho tentado conseguir o máximo de informações sobre o estado dele. Ontem a enfermeira da UTI neonatal me informou que suas plaquetas tiveram uma queda e ele parecia fraquinho. Ficamos preocupadas e ansiosas para vê-lo. Sinto que temos uma responsabilidade com ele desde aquele dia.

"Ei, Dra Deluca", Maya diz chegando por trás de mim sorrateiramente.
"Buongiorno, bambina", lhe dou um beijo rápido enquanto já coloco meu braço sobre seu pescoço e caminhamos juntas.

Dia 14
Maya's p.o.v.

Nos aproximamos da UTI neonatal para fazer nossa visita semanal ao bebezinho e notamos uma movimentação.
"O que está acontecendo?", Carina pergunta a enfermeira enquanto observa a correria ao fundo. Aquela não era a simpática atendente que costuma conversar com Carina nos corredores do hospital.
"Um dos bebês teve uma parada e estamos tentando para reanima-lo", a mulher responde sem tirar os olhos das fichas que tem nas mãos.
"Nós viemos visitar Sunshine", carina diz à mulher.
"O bebê sem nome?", a mulher levanta os olhos enquanto corrige  a minha esposa.
"Este é o bebê que está em parada. Infelizmente vocês não poderão vê-lo", ela diz friamente.
Sinto Carina agarrando meu braço forte. Sua mão se torna imediatamente fria.
"Vai ficar tudo bem, meu amor", tento tranquiliza-la. "Como podemos ter notícias dele?", digo tomando a frente de Carina para assumir a situação. Sei que ela está muito nervosa e se aquela mulher for rude com ela novamente eu não sei o que farei.
"Vocês podem esperar do lado de fora ou colocar o seu número para emergência no prontuário dele já que ele não possui um", ela continua a mexer nos papéis em suas mãos impassível.
"Ok, você pode colocar o meu número e... [olho para minha esposa rapidamente] o de Carina", completo ao vê-la fazer um aceno leve com a cabeça.
Após isso seguimos para o lado de fora. Carina se joga nos meus braços largando o peso de seu corpo. "Ele é tão pequeno. Ele é tão pequeno", ela repete enquanto as lágrimas enchem seus olhos.
"Ele é um lutador, meu amor. Ele vai conseguir", digo passando a mãos sobre suas costas. Digo isso, mas tenho um nó na minha garganta. Sinto medo.
Alguns minutos passam entre o tempo que saímos da UTI até agora. Carina caminha de um lado para o outro com as mãos afundadas no bolsos enquanto eu me mantenho sentada batendo o pé no chão. Aqueles minutos parecem horas. Rezo silenciosa. Não tenho esse costume, mas precisamos de toda ajuda aquele momento.
"Conseguimos reanimar o bebê, mas fiquem otimistas. Talvez ele não passe desta noite. Vocês podem vê-lo agora", a mulher da recepção nos informa grosseira. Seguro a vontade de acerta-la no meio da cara.
"Ei, sunshine[esse foi o apelido que ele recebeu por ter a pele extremamente clara que parece iluminar o ambiente como um sol. Carina o apelidou assim. Ela também me chama dessa forma] ela abaixa para falar com o bebê. Hoje não podemos tocá-lo. "Eu sei que você está cansado e isso tudo é muito difícil para o seu tamanho, mas você poderia continuar lutando? Eu prometo que comprarei um sorvete para você, obviamente quando você puder tomar um, está bem? Um de pistachio com chocolate.Nós temos um acordo?", ela diz com uma voz chorosa. A minha mão apertando a sua enquanto eu apenas assisto aquela cena repetindo na minha cabeça "Melhore, bebezinho. Melhore, por favor."
Agora estou no meu carro para voltar à Estação. O tempo passou rápido demais e os imprevistos surgiram e nem tivemos tempo ou mesmo teríamos apetite o suficiente para almoçar. Dirijo com a cabeça lotada de pensamentos. O bebezinho estava tão bem antes. Estava se desenvolvendo bem e agora aquilo. Por que aquilo estava acontecendo?

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