Diane's room 1

315 44 1
                                    


"Como você está?", Diane começou falando enquanto se ajeitava no sofá. O seu método não envolvia cadernetas e anotações e sim uma conversa direta com o paciente tentando confrontar pontos sensíveis e procurar soluções para os possíveis problemas.

"Eu... eu não sei como responder isso", Maya apertou os lábios enquanto girava a aliança no dedo. Sempre fazia aquilo quando estava nervosa e sempre ficava nervosa no início das sessões de terapia.

"Okay, então...Maya... pense sobre as últimas semanas da sua vida. Me descrevam como tem sido. Talvez assim cheguemos em algum lugar", a mulher sugeriu calmamente cruzando os braços e apoiando as costas na poltrona.

"Caóticos, eu acho que posso dizer isso", a bombeira disse num riso tímido.

"Descreva", ela disse sem erguer os olhos.

"Eu não...hmm...acho que caótico já diz tudo", a loira tentou fugir.

"Maya, você realmente não está facilitando meu trabalho hoje. Eu preciso que me descreva como tem sido as suas últimas semanas ou últimos dias detalhadamente. É fácil. Eu só quero que você me diga o que faz desde que acorda até a hora que vai deitar", a psicóloga disse como quem fala a uma criança.

"Hmm...Nós temos majoritariamente estado com Liam. Quer dizer... Carina ainda está longe do trabalho e passa o dia com ele."

"Isso é um começo, mas eu não quero saber sobre Carina", a mulher disse com uma expressão de quem acabou de ser contrariada no rosto.

"Você está especialmente mandona hoje", Maya soltou.

"E você está tentando fugir das minhas perguntas a todo momento."

"Okay. Okay. Eu estou tentando dar o máximo de suporte, e...eu sei que isso pode ser bobagem da minha cabeça, mas eu me sinto culpada por não estar em casa com Carina e o bebê. Me sinto mal por perder momentos com ele, por não poder dar mais do meu tempo para eles. Quer dizer... eu amo meu trabalho, mas nesse momento eu queria poder me dividir em duas", a loira desabafou.

"Eu acho que estamos chegando a algum lugar. Agora descreva um dia em que você precisa ir ao trabalho", a mulher a olhava esperando que ela falasse. Diane achara o ponto onde queria confrontar Maya.

Maya levanta as sobrancelhas sem entender.

"Maya Bishop, não questione meus métodos."

"Oh, nome completo. Okay", ela brincou antes de continuar. "Hmm. Eu sempre fui a primeira a acordar. Então eu saia cedinho para correr. Às vezes Carina ainda estava dormindo quando eu retornava. E bem... em tempos sombrios eu nem a acordava. Apenas recolhia minhas coisas e ia para a Estação", a loira fez uma careta suave. Lembrar de tudo aquilo ainda era doloroso. "Agora eu não tenho tido muito tempo para isso pois Liam não é nada como a sua mama e ele geralmente está acordado tentando encontrar seus pés por dentro do macacão quando eu vou verificar seu berço. Carina dorme tranquilamente então para não acordá-la saio com ele na ponta dos pés para troca-lo em seu quarto. E sim, ele dorme conosco. Eu sei que o correto seria que o acostumassemos a dormir sozinho em seu quarto, mas nesse momento esse é o mais longe que posso deixa-lo sem passar a noite desesperada se ele está respirando", a bombeira explicou.

"Não há certo nem errado, Maya. É o seu filho e são as suas escolhas", a psicóloga acrescentou. "Continue."

"Quando ele está trocado nós vamos para a cozinha e eu lhe coloco na cadeirinha para preparar a mamadeira. Ele espera paciente mastigando os dedos com a gengiva desdentada enquanto eu converso com ele. Ele não chora em nenhum momento. Nós tiramos a sorte grande", ela diz orgulhosa com um sorriso. "Uma vez que a sua mamadeira está pronta eu apenas verifico a temperatura e sento com ele do lado de fora. Rapidamente ele devora a mamadeira enquanto o sol ainda está tímido no céu. Ontem um vizinho com um cachorro passou na frente de casa e ele ficou tão atento ao latido que até largou a mamadeira. Eu não pude evitar rir do susto que ele levou. Carina geralmente chega quando ele está finalizando o seu "tetê" e nós abraça e beija nossas bochechas não sem antes reclamar do frio que faz lá fora, embora nesse momento o sol já nos aqueça o suficiente. Pensando sobre a nossa nova rotina, eu amo esse momento e eu juro que poderia ficar ali para o resto da vida", Maya para de falar um instante como se aquilo fosse apenas um cenário imaginário. "Bem, depois eu preciso me arrumar para trabalhar. Infelizmente logo chega a hora de ir para o trabalho e eu preciso me despedir deles. Carina sempre leva Liam até a varanda e acena com a sua mãozinha quando eu estou saindo de carro. Eu juro que o sorriso congela no meu rosto pelos próximos segundos. Me sinto uma grande boba mesmo sempre me sentindo culpada por deixá-los."

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Home│a series of Marina One shotsOnde histórias criam vida. Descubra agora