+Saí

22.9K 1.5K 347
                                        

~CLARYSSA~

São 10h30 da manhã, e eu estou em casa com a Maya, fazendo nada. 

— Por que você não foi pra escola hoje? — ela perguntou. 

— É complicado. 

A campainha tocou, e eu fui até a porta. 

Olhei pelo olho mágico e vi que era o Jaden... de novo. 

A porta estava trancada, e eu não ia fazer questão de abrir. Voltei para a sala, desliguei a TV, peguei Maya no colo e subi com ela para o meu quarto. 

— Toma, coloca em um desenho. — Dei o controle pra ela e tranquei a porta do quarto. 

Fui até a janela pra me certificar de que ele fosse embora, mas o garoto era insistente e continuou tocando a campainha. 

— Fica aqui um segundinho, tá bem? — falei saindo do quarto. 

Desci e parei em frente à porta. Ele tocou a campainha de novo, e eu abri a porta. 

— Demorou, hein? — disse ele, entrando sem convite. 

— Você não pode ficar aqui. — Falei baixo, tentando evitar confusão. 

Deixei a porta aberta e cruzei os braços. 

— Eu vim te ver. — Ele sorriu, se aproximando. 

Dei um passo pra trás. 

— Eu não tô sozinha em casa, e minha mãe vai chegar daqui a 10 minutos... você tem que ir. 

— Quem tá aqui com você? — Ele perguntou, cruzando os braços. 

— Clary, o que você tá fazendo? — Maya perguntou da escada. 

— Maya, vai pro quarto. Já vou subir. — Olhei pra ela, tentando disfarçar a tensão. 

Ela correu pro quarto. 

— Virou babá agora, foi? — Ele riu, debochado. 

— Sai logo daqui. — Cruzei os braços. 

— Uau... tá mandona ultimamente, hein? 

— Sai da minha casa, Jaden, ou eu chamo a polícia. 

— Vai fazer isso comigo? 

— Você espalhou um boato ridículo sobre mim, e não foi só uma vez. Agora, sai da minha casa! 

— Tá bom, quer que eu peça desculpa? Desculpa, não vai mais acontecer. — Ele deu um passo à frente. — Mas, olha, eu gosto de você. O problema é que você não liga pro que eu sinto. Se você não tivesse com aquele garoto pra me provocar, nada disso teria acontecido. É culpa sua, sabe disso. 

Ah, agora é minha culpa? Beleza. Não vou nem pensar duas vezes. 

— Sai da minha casa... e não volta mais aqui! — Dei um chute bem no meio das pernas dele. 

— Filha da puta! — Ele xingou, curvando-se de dor. 

— Sai! — Apontei para a porta. 

— Você vai se arrepender disso. — Ele saiu mancando, olhou pros lados e entrou no carro. 

Tranquei a porta e subi de novo. Sentei na cama, mas a campainha tocou de novo. 

Desci irritada e abri a porta sem nem olhar. 

— Você não cansa, não? — Comecei a falar, mas parei ao ver quem era. 

— Nossa, que grossa. Só trouxe um chocolate pra você. — Vincent estava com uma barra de chocolate na mão. 

Comecei a rir. 

— Desculpa, achei que fosse outra pessoa. — Dei espaço pra ele entrar. — Vocês não foram pra aula hoje? 

— Larguei cedo. — Ele deu de ombros e entrou. 

— Eu nem fui. — Reggie riu atrás dele. 

Subi de novo, e os dois vieram atrás de mim. 

— Oi! — Maya sorriu. — Tudo bem? 

— Tudo, e você? — Vincent respondeu. 

— Tô bem. E você? — Maya olhou pro Reggie. 

— Também tô. — Ele sorriu. 

— Ok, senta o bumbum aqui e vamos ver *Cruella*. — Maya pegou o controle. 

Ela colocou o filme, pausou, levantou, fechou a porta e as cortinas. 

— Agora sim! — sorriu satisfeita. 

Deu play no filme e sentou entre as minhas pernas. 

(Horas depois...) 

— Não gostei. — Maya reclamou. — Chato. 

— Eu gostei. 

— Achei legal, mas a Cruella do desenho não é assim. — Reggie comentou. 

— E você, Vincent? — Perguntei. 

— Ele dormiu. — Maya apontou, rindo. — Rápido, pega a canetinha preta! 

— Vinnie. — Reggie chamou. 

— Vincent. — Dei um cutucão. 

— HACKER! — Maya gritou do nada. 

— Oi. — Ele levantou a cabeça do meu ombro, confuso e com cara de sono. 

— Ele nem viu o filme. — Reggie começou a rir. 

— Vi sim! Ela matou a mãe dela. 

— Você viu o começo. — Eu ri. 

— Eu vi o filme. — Ele encostou a cabeça no meu ombro de novo. 

— Que horas são? — Perguntei. 

— Meio-dia e meia. — Reggie respondeu. 

— Cadê o papai? — Maya perguntou. 

— Vamos ver se ele já chegou. — Levantei. 

— Senta aí, não tá vendo que eu tô dormindo no seu ombro? — Vincent me puxou de volta. 

— Sai daí, garoto. — Empurrei ele, rindo. 

— Grossa. — Ele se jogou no ursinho de pelúcia da Maya. 

— SININHO! — Maya chamou a cachorra. 

— Ela tá lá embaixo, Maya. — Respondi. 

Ela saiu correndo do quarto. 

— Eu vi um garoto saindo daqui mais cedo... você tá bem? — Reggie perguntou, e Vincent levantou na hora. 

— Tô. Era o Jaden. — Cruzei as pernas. — Ele fez a mesma coisa das outras vezes, mas, dessa vez, eu não perdoei. Tá tudo bem agora. 

— Mas o que exatamente ele veio fazer aqui? — Vincent perguntou. 

— Disse que veio me ver. Bom, foi o que ele falou. Mas deixa isso pra lá. Vamos almoçar, minha mãe já deve ter chegado. 

Abri as cortinas e desliguei a TV. 

Descemos, e eu estava certa: minha mãe já tinha chegado e estava na cozinha. 

— Ah, oi, meninos. — Ela sorriu. 

— Oi, senhora James. — Reggie respondeu educado. 

— E aí. — Vincent ficou nervoso do nada. 

— Estou fazendo o almoço. Vocês vão ficar? — Ela perguntou. 

— O cheiro tá bom. — Cheguei perto dela. 

— Eles vão ficar! — Maya gritou da sala. 

— Ahm... claro. 

Continua...

🅝︎Ⓐ︎🅚︎Ⓔ︎🅓︎ ᯽ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ᯽Onde histórias criam vida. Descubra agora