+Nada

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CLARYSSA

— Clary?

— Oi — voltei a olhar pro menino.

— Tá em uma viagem só, hein? — Reggie riu.

Levantei e parei na frente dos dois.

— Agora. No meu quarto — falei brava.

— Por que iríamos pro seu quarto? — Vincent me olhou, desconfiado.

— Agora, hacker — saí da sala e subi pro meu quarto.

Sentei na cama e aguardei os meninos subirem.

— Fala logo o que você quer. Pedi pra Maya enrolar nossos pais — Reggie entrou, junto com o Vincent.

Levantei e bati na cama, indicando pra eles se sentarem. Os dois me olharam confusos.

— Mas são duas antas mesmo... senta a bunda aí — fechei a porta.

Os meninos sentaram na cama.

— Vocês sabem o que é ser traída? Não responde, é uma pergunta retórica... Eu tô me sentindo exatamente assim. Eu quero um chocolate, porra.

Olhei pro Vinnie.

— Que droga, odeio admitir isso, mas eu amo vocês dois. Então só me falem o motivo de terem parado de falar comigo do nada. Eu juro que entrei em depressão de novo. Vocês me fizeram lembrar de coisas que eu não queria, de pessoas que me fizeram muito mal. Agora só respondam.

— Eu não ligo — Vincent levantou.

— Não liga mesmo?... Nem um pouquinho?... Tipo a barra de chocolate que você tá me devendo faz quatro dias?

— Tira a roupa? — cruzou os braços.

— Eu não vou fazer isso — me afastei, rindo.

— Eu não vou nem tocar em você. Só tira a roupa.

— Vincent, você tá doido? — Reggie riu.

— Não se mete, que não é com você — ele falou, vermelho, provavelmente de raiva. — Eu só quero concluir minha teoria.

Engoli seco.

— Anda logo, Clary, tira a roupa — ele chegou perto demais.

— Sai — falei baixo — Sai do meu quarto, por favor — abaixei a cabeça.

— Tira a roupa e eu saio num piscar de olhos daqui — chegou ainda mais perto.

— Sai daqui, por favor — me encontrei chorando.

Fechei os olhos com força e apertei minha mão, rezando pra que fosse um pesadelo.

— Sai do quarto, Vincent — Reggie falou firme.

— Eu só quero ver uma coisa — disse calmamente.

Entrei no banheiro, fechei a porta e me escorei nela, chorando.

— Tá vendo o que você fez? — Reggie disse.

— Eu já te falei o motivo. Por que continua do lado dela?

— Claryssa, abre a porta — bateu na porta.

— Sai do meu quarto, por favor — falei baixo.

— O que aconteceu? — Reggie perguntou.

Não respondi.

Um segundo depois, abriram a porta e eu levantei, limpando o rosto.

— Não vamos te machucar — Vincent me olhou. — Eu só quero ver uma coisa... Me desculpa se te assustei... Mas eu preciso saber... Então...

— Se você não sair, eu vou gritar. Eu preciso que saiam do meu quarto... e da minha vida. A questão não é ter me assustado, isso já aconteceu. Então, por favor, sai do meu quarto. Eu tô implorando.

— É você? — ele colocou o celular na minha cara.

Analisei bem a foto.

— Onde conseguiu isso?

— Qual é o seu problema, garota? — falou me olhando.

— Apaga — falei, limpando meu rosto. — Se publicar isso em algum lugar, eu juro que te mato.

— Acha mesmo que eu faria isso?

— Você acabou de me mandar tirar a roupa — falei o óbvio. — Agora você é capaz de tudo, pra mim.

Ele saiu do banheiro e sentou na cama. Reggie continuou sentado, parecia decepcionado.

Foda-se.

Puxei a cadeira pra longe dos dois e sentei.

— Eu quero que você saiba que eu não sou um idiota — disse Vincent. — Me afastei de você porque queria saber se era realmente você.

— Conseguiu o que queria — pisquei e lembrei do Jaden.

Engoli seco mais uma vez e levantei, deixando uma lágrima cair.

— Claryssa, não chora, por favor — Vincent levantou, vindo até mim.

— Vincent, não se aproxima de mim — me afastei — Você, entre todas as pessoas, foi o único que eu realmente confiei depois de tudo, e mesmo assim me decepcionou profundamente. Além de ter aberto feridas que já estavam se cicatrizando.

Respirei fundo e tive coragem de olhar ele nos olhos.

— Do que você tá falando? — perguntou, recuando.

— Esquece. Eu não vou falar sobre isso.

— Sabe que conseguimos tirar tudo de você, né — disse Reggie.

Sentei na cadeira de novo, cruzando as pernas.

Fechei minha blusa e respirei fundo, tentando me recuperar.

Se eu não enfrentar meus medos, não vai dar certo.

Levantei da cadeira, cheguei perto do Reggie e deitei na cama. Eles fizeram o mesmo.

— Não olhem pra mim, apenas pro teto. Não vou conseguir falar se ficarem me encarando. Quietos. E, o mais importante: não me abracem quando eu acabar de contar.

— Fala logo, meu bem — Reggie falou impaciente.

— Quieto — Vincent disse.

Comecei a contar desde o começo pra eles. Não entrei em muitos detalhes, só o necessário.

Na metade, eu parei porque tinha entrado lágrima nos meus ouvidos.

— Merda — ri e voltei à minha posição.

Continuei contando. Em nenhum momento, Vincent soltou a minha mão.

Quando acabei, os dois me olharam.

— Me perdoa, eu não sabia — disse Vincent, virando de lado pra mim.

— Você não tinha como saber — sorri e levantei, sentando na cama. — Eu não mandei as fotos por maldade. Eu só não tinha o que fazer e nem sabia que era você. Eu só sou muito à toa.

— Nesse rolo aqui, eu sou o intruso... tô caindo fora — Reggie levantou e saiu.

Fechei os olhos e joguei meu corpo pra trás, deitando de novo.

— Olha, eu vou te abraçar, mas é só porque eu quero — Vincent disse e me abraçou.

— Eu te odeio, sabia?

— Engraçado que até ainda pouco você me amava — mexeu no meu cabelo.

— Para de usar minhas palavras contra mim — ri.

Continua...

🅝︎Ⓐ︎🅚︎Ⓔ︎🅓︎ ᯽ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ᯽Onde histórias criam vida. Descubra agora