🅝︎Ⓐ︎🅚︎Ⓔ︎🅓︎ ᯽ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ᯽

+Carta do bebê

CLARYSSA

— Animem os coraçõezinhos! — Maya falou.

Ajudei a Maya a preparar as coisas, até porque ela não sabe ler.
Contando só eu e ela, somos as únicas que sabem o sexo do bebê.

— Ok, é assim — falei, pegando os balões. — Aqui tem balões com confetes brancos dentro e um deles tem confetes azuis ou rosas. Eu acho isso meio errado, mas não vou expor meu lado militante hoje, né? Vocês vão sortear um número e o balão correspondente vocês estouram, tá?

— Ok! — minha mãe respondeu, animada.

Ela pegou um papel na caixinha que estava na mão da Maya e estourou o balão número 5… branco. Meu pai fez o mesmo com o número 3.

No total eram nove balões. Era pra serem dez, mas a Maya quis brincar com o décimo e estourou ele antes da hora.

Fomos estourando até o último, o número 7.

— Aí, querem chutar uma cor? — perguntei.

— Vamos de rosa? — minha mãe olhou para o meu pai.

— É, né — ele respondeu, rindo.

— Rosa? — repeti. — Vê aí então.

Minha mãe chegou perto do balão, estourou… e confetes rosas e azuis caíram.

— Essa menina quer levar um soco! — meu pai falou, e todo mundo riu.

— Ok — ri também — vamos lá, Maya. — Peguei a mão dela.

— ONDE VOCÊS VÃO? — meu pai gritou.

— ESPEREM AÍ! — Maya respondeu gritando de volta.

Fomos até a despensa e pegamos a enorme caixa de presente.

A caixa era maior que a própria Maya. Ela caberia dentro dela fácil… e eu também.

— Ai meu Deus — minha mãe riu. — O que tem aí dentro? Quarenta bebês?

— Quase isso — falei, rindo, parando ao lado deles.

— Garota, falta pouco pra eu te matar — minha mãe falou.

— Segura teu “let’s go” aí — brinquei, pegando um papel preso na barra do meu vestido.

— Como é que você guardou isso aí? — meu pai perguntou, rindo.

— Shiuu! — Maya fez sinal de silêncio. — Ela vai ler a carta do bebê.

— Aaaah — minha mãe sorriu. — Vou chorar.

Momento emocionante, pessoal.

Abri o papel e olhei para eles, sorrindo:

— “Mamãe e Papai, devem estar ansiosos pra saber se sou menina ou menino. Dá pra sentir daqui a mamãe quase arrancando os cabelos das minhas irmãs pra descobrir! Mas segurem a curiosidade mais um pouquinho, pois gostaria de dizer algumas coisinhas primeiro.
Quero que saibam que tenho certeza de que serei muito feliz ao lado de vocês. Não precisam ficar inseguros nem exigirem demais de si mesmos, porque serão os melhores pais do mundo e tudo o que fizerem por mim será por amor.
A rotina de vocês vai mudar bastante com a minha chegada, e haverá noites longas tentando decifrar os meus choros. Nesses momentos, por favor, me envolvam com todo amor e me ajudem a me adaptar a esse mundo tão novo pra mim.
Olha, eu já amo vocês com todo o amor do mundo todinho.”

— Serão cartas individuais agora — expliquei.

Olhei pra minha mãe, que já estava chorando, enquanto meu pai tentava segurar.