+um bebê

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~CLARYSSA~

Mal cheguei de uma viagem e já querem fazer outra.

Credo.

Meu pai e minha mãe querem tirar um sabático de um mês pra levar a Maya pra conhecer meus avós.

Eu tô na minha.
Mas não quero ir, não.

— Ok, então vai ser assim: vai pedir pras suas amigas ou pro Vincent te mandarem as matérias — meu pai falou, anotando tudo num bloquinho.

— Ahm... por que eles não vêm pra cá? — falei, olhando pra ele. — Aí eu não fico sozinha e nem perco as aulas. — Meu pai me olhou. — Assim... é só uma opção — abaixei a cabeça, mexendo na unha.

— Talvez seja uma boa ideia — sorriu. — Aí eu não preciso me afastar por um mês do meu cargo — disse.

Como sempre, pensando em si mesmo.

— Vou comprar as passagens deles hoje — abriu o celular. — Seus tios estão ansiosos pra conhecer a Maya.

Meus tios... aah, eu amo eles.

Pera... meus tios?

— Eles vão vir pra cá?

— A intenção era a gente ir pra lá e encontrar com eles, mas já que eles amam Los Angeles, vão ficar animados de vir pra cá.

Eu não sei vocês, mas eu tenho tios extremamente ciumentos e vingativos.

Uma vez, uma criança que eu nem lembro qual puxou meu cabelo na creche, e eles queriam bater no pai dela.
Tadinha da menina.

Enfim, hoje é terça, e amanhã começa meu estágio na GALA (Ginástica Artística de Los Angeles).

Ansiosa?

Um pouquinho.

Meu celular vibrou no balcão e, de imediato, peguei.

Vincent.

> "Tá fazendo o quê?"
> "Vem cá me fazer um cafuné"

Desliguei o celular e terminei de comer rápido.

— A comida não vai sair do prato, não — minha mãe riu.

— Aham — levantei e botei o prato na pia.

— Onde você vai? — meu pai perguntou.

— Na casa do Vinnie — saí da cozinha e subi.

Entrei no closet e peguei a primeira roupa que vi.

Um cropped preto de manga comprida com um decote enorme nos seios, um short de moletom branco e meu chinelo de pelinho preto.

Tô parecendo uma puta.

Foda-se, é assim que eu vou.

Escovei os dentes, peguei meu celular, carregador e desci.

— Menina, que roupa é essa?! — minha mãe falou.

— Isso nem merece ser chamado de roupa — meu pai completou. — Vai botar uma roupa direita, garota.

— Tchauzinho — falei, saindo.

Fui até a porta do Vincent e toquei a campainha. O menino abriu mexendo no celular e logo sorriu pra mim.

— Ela não me esqueceu! — olhou pra cima, cruzando as mãos.

Tô desde domingo sem ir na casa dele, porque nesses dias conversei bastante com meu pai. Tipo... vocês sabem o que é bastante? É. Foi isso, e mais um pouco.

🅝︎Ⓐ︎🅚︎Ⓔ︎🅓︎ ᯽ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ᯽Onde histórias criam vida. Descubra agora