+Hacker

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CLARYSSA

Clary acorda — Maya pulou na cama.

Na mesma hora, olhei brava para a menina, e ela desceu da cama.

— Papai mandou eu te chamar, porque tá na hora do almoço e nós temos convidados — sorriu.

A família Hacker.

Hoje é sábado, o dia de folga da minha mãe. Meu pai também tirou folga e decidiram que queriam conhecer Maria e Nate, os pais do Vincent e do Reggie, que também viriam.

Eu não tô nada animada pra isso.

Não perguntei o motivo, nem quero saber. Mas o Vincent parou de falar comigo há quatro dias.

Eu não tô contando, mas deve ser esse tanto de dias aí.

Queria tanto um chocolate agora...

— Eu já vou levantar. Agora sai do meu quarto e fecha a porta — falei, botando a coberta na cabeça.

Agora, sobre o Reggie... ele também não falou mais comigo.

Eu sou inocente... juro.

Maya saiu do meu quarto e fechou a porta.

Levantei e vi que já era uma da tarde. Fui até o closet e botei uma roupa qualquer.

Escovei os dentes, lavei o rosto, prendi o cabelo em um rabo de cavalo frouxo e saí do quarto.

Desci as escadas sem muito escândalo e fui até a cozinha.

Lá encontrei todo mundo.

Parei na porta, mas voltei devagar, até meu pai me chamar em alto e bom som:

— Claryssa!

Voltei e sorri falso.

— Como sabia que eu estava descendo? — perguntei, tentando fazer a cara da Katia.

— Te vi na porta — sorriu, acabando com minha performance de Katia.

— Então... eu sou a Clary, filha desse lindo casal e irmã dessa criatura folgada — sorri para o casal — já me apresentei, agora eu tenho que sair... até mais tarde — sorri e saí dali o mais rápido possível.

— Eu vou falar com ela — escutei minha mãe falar, e logo abri a porta de casa, saindo da mesma.

— Clary — ela me chamou, e eu virei para ela — qual é o problema? — perguntou, vindo até mim.

— Nenhum. Eu só pedi uma consulta pra hoje, agora — fingi olhar pra um relógio invisível no meu pulso — na verdade, nesse exato momento — me afastei, mas fui puxada pelo braço.

— Você não tem consulta agora. Eu checo seus horários toda manhã. Agora, ou me fala por que não quer ficar ou vai ficar trancada dentro do quarto, sozinha.

— Ai, que delícia. Amo meu quarto! — entrei na casa e subi pro meu quarto, escutando minha mãe subindo atrás.

— Mãe — respirei fundo — eu só não quero ficar lá com esse tanto de gente. Você sabe que não me sinto confortável com isso — falei, olhando pra ela.

— Clary, são seus amigos e os pais deles. O que tem você ficar em um ambiente com sete pessoas que você conhece? Você vai pra escola todo dia e não reclama...

— Ok — falei — mas não garanto que meu lado irônico não vá aparecer — ri.

Esse riso não foi real.

Tô me cortando toda por dentro.

Minha mãe sorriu e logo descemos.

Aquele monte de caras virou pra mim e eu apenas sorri, sentando na cadeira da mesa.

— Então, meninos, como vão na escola? — minha mãe perguntou.

— Eu vou bem — disse Vincent com um sorriso — entrei pro time de Lacrosse.

— É isso aí, campeão — falou o pai dele, sorrindo.

Eles continuaram a conversar e eu não prestei nem um pouco de atenção. Só botei o braço na mesa, apoiei a cabeça na mão, batendo as unhas na bochecha, assim como meus pés batiam no chão. Fiquei olhando pra fora, especificamente pro céu.

Clary...

Clary...

— Clary — Maya chamou minha atenção — a Maria te fez uma pergunta.

— Ah... desculpa — olhei pra mulher, sem graça.

— Você vai bem na escola? — sorriu.

— Ahm... claro — pensei um pouco antes de responder — claro... minhas notas continuam ótimas, então tá tudo bem — levantei, indo até a fruteira.

— Que bom — sorriu.

— Faz alguma atividade extracurricular? — Nate perguntou — tipo líder de torcida, teatro ou basquete?

— Não, não e não — sorri sem graça — eu não levo jeito pra nada disso aí — ri.

— Que mentira — meu pai disse — você fez ginástica artística durante sua vida toda, só parou agora por alguns problemas de saúde... daria uma ótima líder de torcida.

— Fez ginástica? — Reggie me olhou confuso, mas com um sorrisinho bobo.

Vincent não olhava pra mim, e sim pro celular. Deve ter localizado a "amiga" dele.

— Sim — falei, neutralizando minha expressão.

— E por que não tenta ser cheerleader? — Maria perguntou.

— Por conta disso aqui — botei a mão no armário de remédios.

Meus remédios que eu não tomo faz um mês.

Minha mãe me encarou feio e meu pai impediu que eu abrisse o armário, pondo a mão sobre a minha.

— Esquece — saí, indo para o lado de fora da casa, na área da piscina, especificamente.

Fui tomar um ar, porque minha garganta fechou na hora em que saí da cozinha.

Meus olhos se encheram, e a única coisa que eu realmente queria era me jogar nessa piscina e não voltar nunca mais pra essa merda de mundo.

Foquei em um ponto e contei de um até três, repetidamente, até me acalmar e conseguir meu ar de volta.

Limpei as lágrimas do rosto e deitei na espreguiçadeira. Fechei os olhos e os abri de novo, olhando pro céu.

Assim que minha visão parou de ficar turva, voltei pra dentro.

— Olha... me desculpem. Sei que não era esse tipo de almoço que queriam ter — falei, pondo os braços pra trás.

— Tudo bem — Maria e Nate disseram com um sorriso.

— Maya, vem comigo — peguei a mão da menina, que logo me acompanhou até a sala.

— O que eu tô fazendo aqui? — perguntou, e eu ri.

— Você veio fazer companhia à sua irmã — sorri.

— Por que não chama os meninos pra ficarem aqui também?

— Estamos aqui — Reggie entrou na sala e Vincent também — sua mãe mandou a gente salvar seu dia — sorriu.

Olhei pra escada, encostando as costas no sofá. Não queria encarar nenhum dos dois.

— Ahm... ok — Reggie sentou no outro sofá, e Vincent também.

Me deu um flashback na hora.

Queridos, conheçam minha história.

Continua...

🅝︎Ⓐ︎🅚︎Ⓔ︎🅓︎ ᯽ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ᯽Onde histórias criam vida. Descubra agora