+Poço

15.1K 1K 264
                                        

CLARYSSA

– Mãe, convence ele, por favor – implorei.

– Ele disse não, então... – respondeu, sentando no sofá e cruzando as pernas.

– PAI! – chamei, indo até a cozinha.

– Qual é o seu problema com a palavra "não", garota? – bateu a porta do armário, me dando um susto. – SE... EU... FALEI... NÃO... É... NÃO. A.PREN.DA – gritou, chegando cada vez mais perto.

Meu olho começou a arder. Eu odeio chorar na frente deles, principalmente na frente da Maya, porque eles tentam me ajudar, mas só atrapalham.

Assenti e subi em silêncio pro meu quarto.

Comecei a fazer as lições acumuladas, porque como sempre, deixei tudo pro domingo.

A cada letra que eu escrevia, uma lágrima caía.

Chorar em silêncio é tão ruim...

– Clary? – Mays entrou. – A Sther tá te chamando pra jan... por que você tá chorando? – perguntou, me abraçando.

– Ahm... não é nada – sorri fraco. – Diz pra ela que eu tô fazendo dever de casa e que como depois, tá bom? – falei e dei um beijo no topo da cabeça dela.

– Tá... não chora, tá? Eu gosto de te ver sorrindo, não tristinha – colocou a mão no meu rosto e depois saiu.

Meu celular começou a tocar: Vincent.

Logo agora...

Atendi e sorri, mesmo sabendo que ele não podia me ver.

– E aí – falou animado.

– E aí – coloquei no viva-voz.

– O que você tá fazendo agora? – perguntou.

– Fazendo dever. E você? – perguntei, dando um sorrisinho.

– Tô vendo uma foto sua – disse, me fazendo sorrir.

– Minha foto? – perguntei.

– Uma em que você tá toda quebrada...

– Quebrada? – falei rindo.

– Modo de falar. É aquela em que você tá de maiô verde e fazendo um negócio com o corpo.

Ri lembrando de qual era.

– Aquilo se chama "ponte".

– E eu lá sei o nome desse troço – riu.

Escutei meu pai subindo a escada, parecia irritado.

– Tenho que desligar agora... explico depois. Beijo – desliguei a chamada e olhei pra porta, que logo se abriu.

– Desce pra comer agora – falou bravo, e eu olhei pra ele.

– Tô fazendo dever – apontei pro caderno à minha frente.

– Anda logo, Claryssa. Eu não tô pedindo, tô mandando – entrou no quarto.

Levantei da cadeira e parei na frente dele, cruzando os braços.

– Por que tá sendo tão duro comigo? Eu não fiz nada. É por causa de eu ter dormido na casa dos Hackers? Se for por isso... eu só não queria ficar sozinha.

– Desce agora – saiu, deixando a porta aberta.

Sentei na cama e coloquei a mão no rosto, ainda segurando o choro.

Odeio estar brigada com ele, ainda mais sem saber o motivo.

Fui pro banheiro, lavei o rosto e desci como se nada tivesse acontecido.

🅝︎Ⓐ︎🅚︎Ⓔ︎🅓︎ ᯽ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ᯽Onde histórias criam vida. Descubra agora