Analiso meu reflexo no espelho, pensei se deveria cobrir com alguma tatuagem as marcas no queixo quando a campainha ressona. Acelero, deixando o banheiro e atravessando o umbral do quarto, desço pela escada de maneira precipitada, dois degraus por vez e ao pesar meu corpo nas solas dos pés interrompo-me num agachamento abrupto até sentar, expulso um grunhido entredentes e inspiro, tentando preservar a calma.
— Se machucou? — indaga Liam atrás da parede de vidro, ao lado da porta.
Meneio um não com a cabeça e ergo um polegar, reafirmando. Do outro lado, de costas à tudo, Taylor dissolve o açúcar com uma colherinha na caneca branca que eu costumo nunca usar, seus ombros param de ir e vir quando seus olhos me encontram exilado no antepenúltimo degrau, então puxa o fone de um ouvido.
— Meu Deus...! A Taylor! — Niall deixa os olhos se arregalarem.
— Ah, não! — ela devolve a caneca à mesa e corre à porta. — Por que não falou nada? O que faz sentado aí?
Levanto apoiando-me no corrimão. — Eu acho confortável sentar em granito, Alison!
— Ei! — o rosnado me arrepia.
— Ah, que lindo, eles acordaram de bem hoje, não?! Sim, acordaram sim! — comenta Louis, sorridente.
— Cuidado você também — retruca ela —, se não lhe deixo do lado de fora!
— Calma — barganha Liam, adentrando a sala —, viemos pelo amigo.
Logo, lança-me um frasco de analgésicos.
— Isso é Vicodin? — Taylor estica o pescoço, semicerrando os olhos. — Normalmente é um pós-cirurgias, você só tomou uns pontos e está com hematomas, não deveria...
— Usamos Vicodin para agilizar a recuperação — esclarece Payne —, você sabe melhor do que ninguém que não dispomos de muito tempo para repouso.
— Não se preocupe — respondo —, jogarei fora assim que passarem todas as dores.
— Okay — sussurra ela. — Se quiserem café, tem na cafeteira.
— Maravilha! — Louis corre ao objeto.
— Trouxemos café da manhã — Niall senta-se à mesa, desembrulhando as caixas.
— Não é bem café da manhã — Lou serve-se numa xícara transparente. — Vimos um restaurante chinês aberto à essa hora e pensamos "por que não?"
— Saudável! — sorri Taylor, seu rosto se ilumina e começo a me irritar por gostar de vê-la assim.
Desço um Vicodin através do fluxo da torneira e pego uma caneca ao fundo do armário que diz Harry Up!, derramo o resto do café nela a caminho da mesa.
Conversaremos sobre este imenso elefante na sala? Não, acho que não.
Liam dispõe-nos pratos e talheres, as sacolas caem ao chão, a poetisa senta-se à minha direita.
— Então! — troveja Horan. — Voltaram ou o que?
— Irlandês! Que indelicadeza... — murmura o Boo Bear. — O que devemos perguntar é: voltaram pela terceira vez ou o que?
Ela sorri novamente e me sinto seguro cada vez mais, segura a minha mão, sua pele é um carinho.
— Pode ser — suspira Taylor.
— Pode ser? — Lou arqueia as sobrancelhas. — Querida, lá fora isso aí é um sim!
— Que seja! — asserta ela.
Respiro fundo, fito-a, ela puxa-me a mão e beija-lhe as costas.
— Agora é a hora que você justifica o Vicodin — Liam aponta à sutura em meu braço.
— Justifico? — rio, desviando os olhos. — Não sei...
— Você vai justificar!
— Vai mesmo — Swift se une ao clã. — Esse detalhe aí você não abriu a boca a respeito.
— Et tu, Brute? — resmungo.
— Foi um canivete, não? — Ni comenta, não muito orgulhoso.
— Como...?
— Esse corte é bem próprio das lâminas de canivete, é suave, estreito por causa do fio muito fino, mas por causa da lâmina longa ele penetra mais e aí se fazem necessários os pontos.
— Com quem você andava, garoto? — Louis senta-se finalmente ao lado do louro.
— Irlanda, né... — ele dá de ombros.
— Ele quase fatiou um bife — admito. — Dava até para fazer um cubinho igual a esse frango agridoce!
— Ah, não, Harold!
— Maldito!
— Bom apetite, seus lindos! — desejo, virando uma das caixinhas em meu prato.
VOCÊ ESTÁ LENDO
I Knew You Were Trouble
RomanceI guess you didn't care And I guess I liked that * Um ano após a gravação de um single juntos, Harry e Taylor se reencontram na França, ao fim de uma turnê da 1D. Passam a noite juntos e acabam se reconectando. Pela terceira vez, ambos parecem disp...