Não seria divertido?

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Amo beija-la. Você já beijou só para sentir o tempo parar? Já beijou para sentir o sabor da pessoa em sua frente? É verdade que me viciei e tentei encontrar algo igual em outros lábios, isso explica porque voltei atrás. Taylor é única. Às vezes, me pergunto se isso não é algo que deveria me assustar. Pois, o quanto estou longe de uma Síndrome de Estocolmo?

Talvez eu esteja beijando-a apenas para me sentir seguro. Loucura! Não o é! Neste instante sei que não, mas e no próximo? Inferno! Eu sou um demônio, mas quando seus lábios me encontram minhas asas se regeneram.

— Volte — cochicha Taylor.

— Que? — cochicho de volta.

— Volte para mim.

— Eu estou aqui.

— Agora...

— Não tenho culpa se seu beijo me deixa nas nuvens.

— Não, Harry! - suas mãos batem no meu peito. — Nem comece!

— Estou sendo honesto.

— Você estava perdido em algum canto escuro da própria cabeça! Acha que não sei distinguir?

— Acho que você é extremamente capaz de tudo, meu bem. É só que...

Ela deixa a cama, toma minha taça e bebe num único gole o conhaque que eu abandonara. Essa é a minha garota!

— Acertamos de ser sinceros, não?

— Sim, acertamos.

— Então, não nos contradiga.

— Eu só não quero lhe preocupar com besteira.

— Harry. Desembucha.

Enfio os dedos nos anéis que deixei sobre a cama. - Temo que caiamos na mesmice. E que você se arrependa. Porque tudo é muito bonitinho agora, la vie en rose e blábláblá, mas nunca experimentamos nos acostumar um ao outro. Vamos morar juntos? Vamos nos casar? Vamos viver exilados? Tomamos uma decisão sem pesar todos os bônus.

De imediato, suas mãos destampam a garrafa e servem mais conhaque à taça. Taylor desce outro gole, menos generoso:

— Tem razão...

— Tenho? — franzo o sobrecenho.

— Por mais absurdo que pareça.

— Não, eu acho bem plausível, na verdade.

— Claro que acha, seu merdinha convencido!

— Ei! Eu não sou de ferro - cruzo as pernas —, suas flechas ainda me atravessam.

— Eu não imaginei que você realmente pediria para voltar. Te rejeitei uma vez, pensei que poderia--

— Rejeitar duas?

Taylor dá de ombros, seus olhos descem às unhas, não tem coragem de riscar o esmalte seco há pouco, então apenas desliza a ponta de uma unha sobre a tinta.

— De qualquer forma, Taylor, vale a pena tentar, não?

E sinto-me ferver por dentro quando sua rija tez me encara.

— Melhor do que manter apenas na imaginação — completo. — Afinal, não seria divertido se eu fosse o escolhido?

— E se falharmos? — sua voz sai miúda.

— Comporemos álbuns excepcionais!

— Você só pensa nisso? — ela se distancia para onde minhas roupas de ontem estão descartadas, com a taça próxima ao queixo, cabisbaixa.

— É do que vivemos, Taylor! Você fala como se música não fosse algo no qual tentamos consolidar uma eternidade em 3 ou 4 minutos — exclamo. — Não sabe as canções que eu compus só para ter algo sobre você a que me apegar!

— Você quer um prêmio? Um abraço?

— Quero você na minha boca.

Ela atira o conhaque em meu rosto. A bebida está gelada, mas o que me incomoda mais é o odor, caindo da minha testa pelo meu nariz, pingando de sua ponta ao chão, estico a língua e consigo absolver alguns filetes que vieram pelas minhas bochechas. Taylor ri do que faço, fria e remota. Respiro fundo e sacudo meu cabelo:

— Acho que mereci essa.

A ponta de sua sobrancelha esquerda salta como se dissesse acha?

— Basicamente, o que queres dizer é: a vida continua!

— Sim — assinto —, é preciso.

— E passaremos o resto de nossas carreiras escrevendo canções um para o outro?

— Eu não me queixaria. Ainda que não pertençamos nesta união, essa seria a forma de sabermos que algo nos conecta. Porque não é necessariamente um relacionamento que nos manterá unidos, mas sim o tempo e o sentimento que dedicamos ao outro. Flertando à distância entre claves e acordes... Não é o flerte o maior sinal de um sentimento vivo?

I Knew You Were TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora