Sã e salva

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Demos uma folga às digressões. Finalmente recebi alta; desperto, vejo-me sentada ao lado de Selena enquanto ela dirige pela via expressa, Ed nos acompanha no banco traseiro.

— Por favor, fique lá em casa — peço a Gomez.

— Claro! — retruca ela.

— Como se sente? — pergunta-me Sheeran.

— Estou cansada — digo, quase sussurrando.

— Precisará comer antes de repousar.

— Quero comida de verdade...

— Não exageremos.

— Passei muito tempo naquele hospital, preciso comer algo que tenha gosto. Quase morri, preciso de algo que me lembre a vida.

Ed ri. — Você precisa de algo que a mantenha viva. Não vamos lhe dar nada industrializado.

— Justo... — a energia que em outros momentos me abasteceria uma discussão tinha ido embora. — Precisarei tomar remédios?

— Não — responde Selena —, é imprescindível que você não tome nada.

— Vou ter que seguir alguma rotina?

— Precisará de horários fixos para as refeições, nenhuma substância ilícita, nenhuma tarja preta.

— Que radical...

Selena comprime os lábios, um contra o outro, arqueia uma das sobrancelhas, mas não vira-me os olhos, concentra-se ainda mais na estrada.

— Scooter falou contigo? — Ed inclina-se entre nós.

— Ainda não. Havia alguns chamadas perdidas no celular, mas não retornei.

— Ele me perguntou se você já estava em casa—

— Ah, não, não quero ver ninguém!

— Calma, falei que não sabia.

Ele deu alguma indicação do que quer?

— Não, mas provavelmente é sobre o álbum.

— Provavelmente...

— Preciso falar com Antonoff... Preciso colocar as letras na mesa e começar logo.

— Por que?

— Preciso me distrair. Concentrar-me em algo que me trará sentido nesse temporal.

— Não acha que pode lhe sobrecarregar?

— Ah, Ed, à essa altura, é só um vício trocado pelo outro.



I Knew You Were TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora