Destroços

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Quando abro os olhos, ele é o primeiro rosto que eu vejo, sua mão segura a minha e sinto-lhe a pele cálida, não entendo porque estou fria; percebo o ambiente ao meu redor completamente níveo, vejo um médico metido em seu jaleco próximo à porta, algumas enfermeiras ao meu lado me fitam, buscando qualquer sinal de sequelas. Porém, eles não estão lá.

— Você está bem! — afirma Harry. — E você continuará bem.

— O que houve? — pergunto.

— Você teve uma overdose ...

— Ah... Sim... Parece acurado...

— Por que não me disse?

— Por que você ficou tão conservador naquela vez no carro.

— Escolheu o menos pior e quase se matou com ele.

— Bom, não era exatamente essa a intenção.

— Ah, não?

— Obviamente não! A intenção era matar a dor.

— Ah, a dor?!

— Sim!

— Qual?

— A da incerteza, da dúvida! A corda banda entre o ir e o ficar!

— E por que também não me falou dela?!

— Por que você finalmente tinha feito uma decisão definitiva e eu não queria estragá-la.

— Mas eu teria compreendido, caramba, eu não posso forçar você a nada!

— Mas o meu amor por você me impede de lhe machucar e é aí que as coisas se complicam.

— E como será agora?

Você precisa ir...

— Como assim?

— Só vamos nos destruir se continuarmos assim.

— Não! Podemos melhorar! Podemos dar certo!!

— Harry, é precioso um tempo, assim que nos curarmos poderemos tentar outra vez. Mas do seu lado, um tempestade vem aí e transformará o seu mundo como fez há cinco anos, e do meu lado, bom, não posso viver nesse círculo vicioso. Eu precioso estar bem para o que quer que eu queira construir futuramente.

Este é o nosso adeus?

— Não um "adeus", mas um ciao.

Ele cerra os olhos, posso ver as lágrimas caindo como gotas de diamante.

— Selena em breve chegará. Vou deixá-la a par e me afastarei.

— Eu te amo.

— Eu sei, fada. Eu também amo você...

I Knew You Were TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora