Meridiano Swift

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Enxugo meus lábios, alcanço seu pescoço, afasto o cabelo que cobre seu rosto, dou-lhe um beijo calmo e assisto-a resfolegar ao meu lado.

— Perfeita...

— Não... — suspira. — Não sou...

Abraço-a. — Não foi uma pergunta, meu bem!

Sua palma deita em minha bochecha, puxa-me a colar face com face.

— Demos sorte — sussurra-me.

— Desde sempre!

— Eu facilito demais perto de você!

— Por isso você é perfeita!

— Por que eu sou fácil?

— Meu amor, você nunca foi fácil!

— Hm — ela vira o rosto. — Hmm!

— Posso tirar uma foto?

— De mim?

— É...

— Que tipo de foto, garoto?

— Bom... — olho para sua calça, cometi o erro de fechá-la novamente.

— Não!

Ela estica o braço até o celular, que já vibrara duas vezes. Ela é tão doce...

Selena...

— O que ela falou?

— Perguntou se estou contigo.

— Está?

— Eu não sei...

— Aí você complica!

— Devo contar?

— Bom, o trio do lado de cá já sabe, que mal faria ela saber também?

— É...

— Ela me odeia no momento?

— Ainda não.

Levanto-me num salto, caminho ao frigobar. Tiro uma garrafa de água gaseificada, vejo-a digitar algo breve e devolver o aparelho à bolsa.

— Que elegante — nasce-lhe o sorriso.

— Gostou?

— Combina contigo.

— O que? Hidratação?

— Também!

Entrego-lhe uma lata de energético.

— Como sabe? — pergunta-me abraçando o objeto com os dedos.

— Adivinhei — dou de ombros. — Planos para um álbum novo?

— Até que sim!

— Já me vejo querendo cortar os pulsos!

— Até parece! Mas dessa vez será diferente.

— Será?

— Talvez seja meu primeiro álbum feliz.

Arregalo os olhos, avanço à janela.

— O que foi?

— Você?! Um álbum feliz?! Vai chover muito depois dessa! Tomara que não troveje!

— Palhaço!

— Então o que estava escrevendo já faz parte?

— Se eu conseguir terminar, seria perfeito. Eu imagino uma sonoridade diferente para ela, um pouco distante das outras dedicadas a esse álbum.

— DIferente como?

— Eletrônica.

Sorrio mais do que meu rosto pode comportar, me percebo comemorando:

— Ah, mas com certeza! Eu quero muito ouvir isso!

— Sério?

— Claro!

— Esse último foi certeiro no pop, você conseguiu! É mais você do que necessariamente o jeito que você usa para se transmitir.

— Às vezes tenho medo de ir longe demais.

— Se é você quem está tomando a decisão, não tem nada de errado. O quanto eu e os meninos já mudamos desde 2010 é gritante e só agora podemos ser quem sempre fomos — e de quando em quando isso me aterroriza, penso. — Durante a vida somos bem mais que uma única pessoa e, Taylor, você sabe disso mais do que ninguém!

Ela assente, distante, mas retorna num piscar de olhos rompendo o lacre da lata, vira um total de três goles duma só vez, penso ter falado besteira, então sou alavancado por seu punho rumo aos seus lábios, sinto o gosto do energético mesclado ao do batom.

— Okay! — mais um gole e os botões da minha camisa voam ao piso e sobre o colchão. — Já que deve ser assim, preciso de mais material!

Meu Deus...

Ainda temos tempo!

Ela desabotoa a própria calça, desafivela meu cinto e arranca-o da calça, sobe ao meu colo, empurra-me contra os travesseiros, sua língua divide meu torso em dois hemisférios, meu Meridiano Swift.


I Knew You Were TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora