Inevitável

35 8 4
                                    

Liam remove os olhos do horizonte e se volta para mim:

— Você está certo disso? — sua cabeça meneia para trás, referindo-se à Taylor.

Viro meu rosto para as portas de vidro, daqui podemos ver Niall e Louis conversando à esquerda da mesa e ela à direita, formando vértices de um triâgulo imaginário.

— Acho que sim...

— Hmmm, novamente lhe vejo perdido.

— É, não diga.

— Isso já está ficando comum.

— Vocês não se importam de verdade, nunca os envolveu.

— Nos importamos contigo. Desculpe, mas é sério desta vez?

— Ah, Liam, quando não é?

— Você não pode dar uma de Zayn sem avisar, cara.

— Posso! Sim, eu devo! Antes que isso me mate.

— Fará como ele também? Nos abandonará? Quer ser alguém de vinte anos normal?

— Eu quero me sentir normal.

— Você não nasceu para isso. Olhe para mim, eu sou normal. Eu nunca serei você e obrigado a Deus por isso! Não sou eu quem chamam os gritos mais fortes na platéia, não sou eu quem todo paparazzi corre atrás. E está tudo bem! Eu gosto, dá uma sensação de paz. Acho que eu odiaria ser você.

— Bom, eu odeio.

— Quanto tempo mais acha que duramos?

— Como assim? — miro-lhe, sério.

— Qual é, amigo! Estamos desacelarando, todos sentiram, não é um tabu. Reinamos o mundo por cinco longos anos, uma meia década bem ferrada. Estamos cada vez mais cansados. Não há problema em parar antes da gasolina acabar.

— E o que seríamos?

— Nós mesmos!

— Nunca! Não mesmo!

— Eu sei, dá medo. Uma própria estrada, uma própria voz. Mas, cara, já nos tornamos uma banda cacófona!

— Eu acho que sempre fomos.

— É! Mas conseguíamos nos sintonizar entre nós. Agora... Só ressoam os chiados.

Levo as mãos ao rosto, cerro os olhos, meneio negativamente.

It's inevitable everything that's good comes to an end — recita ele.

— O que deu em você, velho?

— Eu não consigo mais...

— Ah, então é sobre você.

— Me erre! É sobre todos, mas cada um tem uma razão própria, distinta. E essa é a minha.

— Está cansado de ser um ídolo?

— Queria ser demolido.

— Drástico...

— Você não sabe o quanto tive que beber para dormir ontem. Talvez eu tenha bebido mais do que você em todos esses cinco anos.

— Ontem?

— Não exatamente... Mas neste ano, com certeza.

Liam acedeu um cigarro entre os lábios. — De qualquer forma, talvez ela seja aquela que te salvará.

Olho-o nos olhos, peço o cigarro emprestado.

— Talvez... Mas não existe salvação para quem não quer.

— Então estamos todos no mesmo barco, na mesma constante de inevitabilidade.

— E esse mar não parece nunca se acalmar.

Payne sorriu. — Bom, mar calmo nunca fez bom marinheiro.

I Knew You Were TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora