Não pare na pista

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Desisti de enxugar o cabelo, Taylor continua esfregando a toalha contra seus fios e às vezes parece estica-los a fim de encontrar outro cabelos brancos, mas não posso afirmar isso, pois assisto tudo apenas pela visão periférica. Agora já amanheceu e preciso manter os olhos na pista. Desisti de secar o cabelo por isso, o vento fará o trabalho por mim sem nenhum esforço em troca e a França é fria o suficiente para não me deixar incomodado com a umidade em torno de minha cabeça. Ela alça os pés sobre o porta-luvas, descalça, e o déjà-vu não aciona meus traumas.

Aumento o volume do aparelho de som, o frenesi de Highway Tune dispara pelos amplificadores das portas e o vento atravessa o conversível como um sopro divino, de repente tudo está leve, as roupas ondulam em nossos corpos, o cabelo torna-se espectral como as cordas do universo. Questiono se deveria relaxar as mãos no volante, mas para a sua sorte, leitor, esta história está para acabar e não será através de nenhum acidente ou tragédia que nos eleverá à eternidade de casal num plano metafísico ou espiritual. É apenas por não existir mais espaço para catástrofes do lado de cá.

Taylor paira uma das mãos em meu ombro, sorrindo, e estou suspirando longe do cansaço.

— E agora? — ela me observa. — Um novo dia amanheceu.

— Vamos descobrir...

— Não planejou esta parte?

Rio. — Não, eu pensei que à esta altura já teria algum canto em mente.

— Estamos um pouco longe de casa...

— Estamos.

Sugar..., canta o vocalista de Greta Van Fleet.

— Quão longa esta estrada é?

Pondero. — Acredito que não longa o suficiente.

— Mas... Há uma alternativa!

I Knew You Were TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora