Capítulo 29 - Ingratidão

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O sol fraco irritava minha visão e frio era quase insuportável, com certa revolta abro meus olhos um pouco marejados com o contato da luz e me sento passando as mãos pelo rosto, viro meu olhar para Harry que tossia muito ao meu lado, imediatamente levo minhas mãos até seu corpo fraco com preocupação

- Está doente - digo baixinho

- Estou bem, n...ão se preocu...pe - ele fala entre a tosse

- Precisa de um médico e remédios - falo com um tom preocupado

- Não temos mais nenhum tostão Elizabeth - ele fala se virando para mim com um sorriso acolhedor

Nunca tinha dito a ele quem eu era de verdade, para ele eu me chamava Elizabeth, vinda de uma família pobre e que todos morreram nas ruas, ele estava doente há algum tempo e não melhorava, a cada dia fica pior, eu precisava fazer alguma coisa, não deixaria ele morrer na minha frente sem fazer nada igual meu pai

- Eu vou arrumar o dinheiro e vou levar você para o hospital - digo olhando para ele

Ele leva uma de suas mãos até a lateral do meu rosto com um olhar brilhante

- Não gaste o pouco dinheiro que você conseguir com um velho como eu - diz com um sorriso pequeno

Uma lágrima involuntária cai dos meu olhos e os fecho com força

- Não chore pequena, você precisa ser forte - ele diz suave

Suas palavras eram iguais as do meu pai e um aperto enorme formou-se em meu coração

- Não vou deixar você morrer na minha frente - digo tirando sua mão fraca e enrugada do meu rosto

Me levanto e seco meu rosto, visto um casaco preto que tinha ao lado e começo a caminhar em passos apressados enquanto a voz de Harry ecoa pelo beco

- Elizabeth! - ele grita

Continuo andando sem parar, tinha uma ideia na minha cabeça, mas só de pensar em fazê-la meu coração se acelerava, ir até a empresa e explicar a Thomás que precisava de dinheiro e que ele não seria gasto com drogas, as ruas estavam movimentas e as pessoas andaram apressadas pelas calçadas, antes eu mal conseguia andar em uma rua como aquela, constantemente ameaça de roubos e a imprensa em cima de mim como os urubus ficam sobre as carniças, assim que passo pelos restaurantes o meu estômago dá um roncado, o aroma dos deliciosos pratos invadiram minhas narinas, a muito tempo que eu não tinha uma refeição digna e isso era o que eu mais sentia falta

Andei pelas ruas de Gotham por um bom tempo até que ao longe a Foster Industries alcançou minha visão, meu coração se acelerou e a adrenalina me consumiu, atravesso a rua larga e viro em outra esquina, sabia exatamente como entrar lá sem ser vista por mim, até porque eles não deixariam uma viciada qualquer entrar em tal o lugar, assim que vi uma pequena portinha na lateral de uma casa velha discretamente fui até ela e a abri com certa dificuldade, entrei no local totalmente escuro, quando a porta foi fechada, inúmeras luzes se acenderam, o lugar era moderno, um corredor imenso com uma porta no final, a casa era uma fachada, usávamos aquele lugar com esconderijo ou depósito para coisas extremamente importantes, com passos rápidos caminho até o final abrindo a porta que na verdade era um elevador, ele dava direito no meu escritório, especificamente atrás das prateleiras de livros, quando ele chegou e as portas de aço se abriram novamente a prateleira virou para o lado dando passagem para eu entrar, a ansiedade tomou meu corpo e minha respiração estava acelerada, tomei coragem e entrei no local, estava tudo do mesmo jeito que eu tinha deixado, nada tinha mudado, vou até a mesa e pego um retrato de meu pai que tinha ali, ele sorria enquanto me abraçava, seu rosto era alegre e contente

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