Capítulo 76 - Sensações

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O dia amanheceu e simplesmente não encontrei nada, procurei em todos os lugares possíveis em Gotham, revirei até as latas de lixos de todos os becos sujos, cheguei a ameaçar até os mendigos, a esse ponto estava desesperado demais par ter senso ou pensar racionalmente, 24 horas atrás estava jogando pétalas pelo chão do nosso quarto para pedi-lá em casamento e hoje terei que usa-lás para enterra-lá, por mais que não acredito nisso, mas só de ao menos imaginar que ela possa estar morta uma dor extremamente forte percorre meu corpo que parece arrancar meus órgãos de lugar

Acabei de chegar no porão, arranco a máscara do meu rosto enquanto subi as escadas alcançando o primeiro andar, vou até o computador principal e me sento na cadeira a frente dele, a localização dos drones piscavam duas vezes seguidas mostraram que não tinham nenhuma informação, apoio meus cotovelos sobre minhas coxas em tapo meu rosto com as mãos, só quero acordar desse pesadelo infernal, nada disso é real, parece que estou em outra dimensão, tudo acontece tão rápido que minha mente não consegue processar, não posso viver sem ela, não consigo fazer isso e não quero viver sem que ela esteja do meu lado

- Patrão Bruce - a voz de Alfred me tira do transe

Levanto meu rosto e o olho exausto

- O Senhor Thomás pediu que você fosse com ele reconhecer o corpo da Senhorita Katherine - disse meio receoso

Jogo minhas mãos ao centro das minhas pernas as deixando no ar enquanto os cotovelos ainda continuam apoiados sobre minhas coxas, desvio meu olhar do ele e balanço a cabeça em negação

- Isso é perca de tempo - digo sério - Obviamente não é ela - olho novamente para ele

- Bruce - ele se aproxima de mim - Sei o que está sentindo

- Não! Você não sabe!! - digo raivoso

- Também perdi a mulher que amava de um dia para o outro, sei muito bem como se sente - sua voz tinha tristeza - Impotente e fraco, mas quanto antes você aceitar menos doloroso vai ser - parou do meu lado

- Então se é assim vou com Thomás apenas para provar que isso tudo não passa de uma farsa! - me levanto com raiva

Começo a caminhar apressado o deixando sozinho

- Não faça isso consigo mesmo! Pare de mentir para si próprio tentando aliviar seu sofrimento! - o voz dele se torna distância enquanto vou até o elevador

Iria com Thomás mais para tentar me tranquilizar nem que seja um pouco, quando eu ver que não é ela, um peso enorme cairá das minha costas, porque claramente não é ela, não poder ser ela, quase a perdi uma vez e jamais deixaria isso acontecer novamente

Thomás e eu caminhávamos lado a lado em silêncio por um longo corredor do hospital de Gotham, era estreito e vazio, ele olhava para baixo, mas dava para ver seu rosto inchado e os olhos avermelhados, não trocamos uma só palavra até agora, nenhum de nós fez questão alguma de dizer algo, minhas mãos se encontravam dentro dos bolsos da calça e os som dos sapatos batente do chão era o único só que saia daquele lugar, viramos a direita e logo a sala de autópsia tomou nossa visão, uma enfermeira jovem nos esperava em frente a porta com alguns papéis nas mãos

- Me acompanhem - ela diz pra nós e logo abre a porta dando passagem para entrarmos

O lugar era grande com várias mesas de metal, uma delas mais ao centro tinha algo forrado com pano branco, provavelmente o corpo que teoricamente seria de Katherine, a moça se aproximou da mesa e nos olhou com tristeza

- Vocês querem ver? - pergunta colocando os papéis na mesa - O corpo está totalmente carbonizado - ao longe seus olhos ficam levemente marejados

- Eu quero - digo me aproximando

Caminhei despreocupado ficando frente a frente com ela, porém separados pela mesa, Thomás se aproxima ficando um pouco mais afasta e com a respiração pesada, os dedos da mulher pegam a barra do tecido o puxando para baixo, aquilo não era um corpo, eram praticamente cinza, um monte de ossos queimados, atrás de mim escuto Thomás chorar baixinho e abafado provavelmente pelas suas mãos

- Onde estão as joias que ela usava? - olho para a enfermaria - Mesmo tendo sido carbonizada elas não derreteriam ou sumiriam do nada

- Não encontramos nenhuma jóia no corpo - diz olhando o corpo - Mas talvez elas tenham sido arrancados dela ou ela tenha tirado

- Não ela jamais faria isso e são jóias puras, elas nunca simplesmente se quebrariam do nada! - altero o tom de voz - Esse corpo não da Kate!

- Bruce - sinto a mão de Thomás no meu ombro - Se acalma

- Não Thomás! - retiro sua mão do meu ombro - Essa mulher está mentindo para nós!! - olho para ela com raiva

- Senhor Wayne o pouco do DNA que restou foi compatível com o dela - ela parecia assustada - Não temos 100% de certeza que é Katherine Foster, pois o corpo queimou muito, porém conseguimos atingir 95% de confirmação e além disso ela estava lá então claramente é ela - fala triste - Sinto muito

- Você não sente!!! - vou até ela cheio de ódio - Quem é você?! - seguro os braços dela com força - Algum dos seguidores lunáticos daquele palhaço?!! Não vou acreditar em suas mentiras!!! - seus olhos estavam inundados e com medo

- Para Bruce!!! - Thomás me puxa fazendo eu soltá-la

Thomás entra entre nós, a moça estava assustada e tentava se proteger com seus próprios braços

- Ficou louco Bruce?!!! - Thomás grita comigo

Me viro e saio da sala batendo a porta com força, caminho de lado para o outro passando as mãos nos cabelos, não é ela, não pode ser ela, vou até uma das paredes do corredor e dou um soco muito forte que faz um buraco ao redor da minha mão, sentia raiva, ódio e rancor, nunca tinha sentindo isso em toda minha vida, escuto a porta se abrir e passos se aproximarem de mim enquanto olho o buraco que tinha feito na parede

- Vá para casa - a voz de Thomás era calma - Qualquer coisa ligo para o Alfred, você não tem condições de fazer nada - finaliza triste

- Não está acreditando nessa loucura ou está? - me viro para ele

- Você só está se machucando ainda mais - seus olhos estava vermelhos

Coloco as mãos na cintura e solto um suspiro de sarcasmo

- Aquilo lá dentro não é ela! - digo óbvio - Como não consegue ver isso?

- Ela se foi Bruce - ele olha para baixo - Sem ao menos se despedir - vejo lágrimas descendo dos seus olhos

O olho com desprezo e viro começando a caminhar pelo corredor, sinto uma estranha vontade rir como se tivesse visto a cena mais engraçada da minha vida, era hilário, Thomás estava gastando lágrimas e energias em vão, nem ao menos passou pela minha cabeça em acreditar que aquelas cinzas eram ela, mas aquele peso que pensei que sairia das minhas costas não saiu, aliás se tornou maior e mais pesado, passo pela recepção do hospital e sinto os olhos de todos encima de mim juntamente com os cochichos irritante, saio pela porta principal ignorando todos, parado na calçada o sol chocava-se na pele do meu rosto agradavelmente, pessoas apresadas caminhavam incessantemente por mim, tudo parecia como sempre, a cidade se movimentava com todo os dias, mas faltava algo, faltava ela, faltava sua alegria, faltava seu sorriso e faltava minha vontade de continuar sem ela

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