Capítulo 33 - Consequências

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Meu corpo rolava de um lado para outro na imensa cama a algumas horas, o luz fraca do sol começava a invadir o quarto entre as cortinas da sacada e o vento do inverno deixava o ambiente frio, depois da estranha sensação de ter sido observada não consegui dormir novamente, aquele sonho e aquela sensação juntamente com o suposto toque desconhecido rondavam minha mente incensáveis vezes, viro meu corpo de bruços para poder olhar o pequeno relógio no criado mudo que marcava 5:45, não conseguiria dormir novamente então me levanto indo até o banheiro, tomo um banho rápido apenas para renovar as minhas energias gastas em pensamentos sem sentidos, vou até closet vestindo uma calça jeans, uma blusa preta com mangas e gola alta, jaqueta jeans e um par de tênis preto, na penteadeira penteio meus cabelos e passo uma leve maquiagem, agora eu não era mais a Elizabeth, uma moradora de rua com um passado duvidoso, ela tinha morrido de frio ou fome nas calçadas sujas de Gotham e a Senhorita Foster finalmente tomou coragem para se destrancar da sua torre e retomar a sua vida altamente privilegiada, era isso que a sociedade via, então eu tinha que agir como tal, afinal é isso que pessoas influentes fazem, volto para o quarto e vou até o criado mudo abrindo a primeira gaveta, pego o meu celular e saio em direção as escadas, assim que chego no hall de entrada vou até o aparador ao lado do elevador, havia ali alguns cartões da Foster Industries juntamente com algumas canetas, escrevo um pequeno recado para Anna a tranquilizando que eu voltaria para casa

"Anna fui até o hospital visitar Harry, meu amigo do qual eu lhe contei, logo estarei em casa

Com amor, Kate"

O deixo ali mesmo e vou em direção ao elevador, assim que chego na portaria do apartamento atraio olharem dos seguranças e de Ricard

- Senhorita Foster quanto tempo! - Ricard exclamo

Dou um pequeno sorriso forçado

- Estou muito feliz que a Senhorita decidiu sair um pouco de casa - Ricard tinha um sorriso contente nos lábios

- Obrigada Ricard - digo dando alguns passos até a porta de saída

Todos eles estavam surpresos e contentes, mas mal sabiam que tinham me visto a poucas horas atrás, talvez seus olhares cheios de desprezo não tenham me reconhecido, eles só conseguem me enxergar com uma bolsa da Gucci e um casaco da Prata, suspiro pesadamente enquanto caminho pelas ruas que começavam a retomar o ritmo de sempre, muitas pessoas não gostavam de morar aqui ou simplesmente não tinha como ir para outro lugar, mas para mim era a minha casa, mesmo sendo o inferno na terra, eu a amava, cada pequeno caos dessa maldita cidade me consumia por completa, eu nunca a trocaria por nenhuma outra capital, logo o prédio do hospital toma conta da minha visão, vou até a portaria e logo uma enfermeira me deixa ir até o quarto de Harry, ela me acompanha até chegarmos lá me explicando cuidadosamente dos detalhes da situação de Harry

- Ele está com uma pneumonia grave e por conta dos vários medicamentos ele ainda não acordou - ela diz abrindo a porta do quarto

- Entendo - disse com um tom triste

- Vou deixa-la sozinha, qualquer coisa é só me chamar - ela diz gentil

- Obrigada - digo do mesmo jeito

Com delicadeza ela se retira do quarto me deixando sozinha com Harry, me aproximo da cama fitando seu rosto, seus olhos pareceriam finalmente descansarem de verdade depois de vários anos e os finos lábios não tinha cor, seus cabelos totalmente brancos faziam com que ele parecesse um anjo, os braços finos deixando um ar de velhice juntamente com o corpo magro, uma onda de triste toma meu corpo, esse era o preço por ter sido dão imatura, perderia mais uma pessoa que eu amava e dessa vez eu tive a chance de fazer algo, mas eu não fiz, podia ter ido até Thomás e implorado por sua ajuda, o meu orgulho era maior e como punição por ter sido tão cruel eu seria castigada com a morte, meus dedos deslizam sobre sua mão enrugada enquanto uma lágrima solitária escorria pelo meu rosto

- Me perdoe - sussurro para mim mesmo

Um tempo depois saio do quarto com o coração despedaçado e com uma sensação de derrota, com passos despreocupados e o olhar direcionado para o chão, saio do hospital caminhando para a cafeteria que eu tanto amava, por mais eu que não tivesse um tostão para comprar as delícias que eu adorava, precisava ir para lá, nem que se fosse só para sentar e observar o vista do lago cintilante de Gotham, logo quando entro o cheiro dos doces e do café invadiram violentamente minhas narinas fazendo meu estômago resmungar, o ignoro e me sento em uma mesa de frente para o lago

- Deseja pedir alguma coisa? - a garçonete gentilmente pergunta assim que me sento

- Não obrigada - digo com um pequeno sorriso

Encosto na madeira da cadeira fitando a água calma do lago, as árvores deixavam suas folhas caírem quando o vento forte batia nelas forrando o chão em um tapete lindo, eu não podia me deixar levar pelas emoções por mais difícil que fosse, se eu deixassem isso acontecer as drogas entrariam em jogo e as consequências ficariam ainda piores, precisava ser forte por mais impossível que isso parece-se ser

- Nunca imaginei te encontrar aqui - uma voz me tira dos meus pensamentos

Olho para o lado tentando encontrar o dono da voz, era Bruce com aquele maldito sorriso

- Acho que não está esperando ninguém - ele fala se sentando na cadeira a minha frente

- Estou sim - digo olhando para ele

- E quem seria esta pessoa? - ele fala arrumando o blazer do terno caro

- O diabo - digo ríspida

- Vejo que cheguei na hora certa - ele diz com um sorriso

Suspirei e balancei fracamente minha cabeça em negação

- Gostariam de pedir algo? - a mesma garçonete diz dentre nós dois

- Eu vou querer um café forte, e você Kate? - Bruce fala olhando para mim

- Nada - digo virando meu olhar para as ruas movimentadas

- Um cappuccino para ela - ele fala gentil para a moça

- Certo - ela sai em direção ao balcão

- Não preciso da sua caridade Bruce - digo ainda fitando a rua

- Mas precisou da minha ajuda - diz calmo

- Vai ficar jogando na minha cara pelo favor que fez em um momento de desespero? - pergunto com certa raiva

- Estou dizendo que se precisar da minha ajuda eu estou aqui - diz com cuidado

- Thomás é claro - digo com sarcasmo

- Do que está falando? - ele pergunta confuso

- Ele pediu para você me vigiar para que eu não enfia-se uma seringa cheia de heroína nas minha veias - disse seria - Estou mentindo?

- Kate não é isso - ele fala cauteloso

- Eu não preciso de ajuda, ainda mais vinda de você - digo com descaso

- Sei que está magoada e eu não a culpo, mas descontar ela nas drogas não são uma solução - ele diz olhando para mim

- Quem é você para querer saber sobre o que eu estou sentindo? - digo irritada

- Sou o motivo pelo qual você se droga - ele fala sério

- Babaca! - me levanto da mesa indo até a porta

- Kate espere! - ele fala vindo até mim

Com rapidez começo a caminhar entre as pessoas apressadas na calçada, vez ou outra viro meu rosto vendo que tinha o despistado, com coração estava cheio de ódio, como que ele podia dizer com tanta frieza aquelas palavras para mim e Thomás como pode contar tudo sobre mim para o homem que fez com que tudo isso acontecesse, solitárias lágrimas despencavam do meu rosto enquanto eu caminhava, minha garganta parecia ter um nó dos mais apertados e minha testa estava tão tensionada que uma latejante dor de cabeça iniciava-se, por mais que eu não quisesse ou fosse admitir, eu precisava de ajuda o mais rápido possível

A princesa de Gotham Onde histórias criam vida. Descubra agora