{ Seis anos depois }
O chão frio da calçada causava arrepios pela minha pele quente mesmo por baixo das grossas roupas de lã, o vento sobrava forte alegando que logo chuva cairia serena e a escuridão da noite era intensa, ao meu lado dormia um senhor chamado Harry, minha única companhia ultimamente, nós cuidávamos um do outro e criamos um tipo de laço paternal. Tinha anos em que eu sequer colocava os pés nas Foster Industries, Thomás comandava tudo e fazia a mesma prosperar diariamente, as drogas tinham se tornado diárias juntamente com as bebidas alcoólicas, vendi todas as minhas roupas de luxos e as joias raríssimas a troco de heroína, Thomás bloqueou todas as minhas contas bancárias na tentativa inutilmente de me tirar dessa vida miserável, a mais ou menos um ano comecei a morar nas ruas juntos com os mendigos, ninguém conseguia me reconhecer e facilmente me misturava, a maioria dos moradores de Gotham achavam que ficava trancada em casa com um possível estresse pós-traumático ou que eu tinha me mudado para uma cidadezinha de interior onde nada de ruim acontecia, minha aparência estava totalmente diferente , os cabelos opacos, os olhos sem brilho, os lábios ressecados com uma cor esbranquiçada e o corpo magro com varias manchas das injeções,
Thomás ao contrário de mim tinha uma vida extremamente feliz, um casamento alegre com a mulher que amava, sua querida Naomi com dois lindos filhos dos qual eu tive a honra de chama-los de afilhados, Taylor com seis anos e Andrew três anos mais novo, uma família linda e feliz, estava tão contente por eles, mas só de eu olhá-los me sentia derrotada, eu os invejava, poder ter alguém que ama ao seu lado e lindos filhos para me chamarem de mãe, Gotham tinha se tornado um lar de psicopatas com nomes quem peculiares como Coringa, Charada, Pinguim, entre outros, esses eram considerados maus e cruéis, porém tinha uma em especial que os cidadãos aclamavam e o aplaudiam com orgulho, ele se chamava Batman, um justiceiro que fazia o trabalho que a corrupta policia de Gotham não tinha capacidade de fazer, todos os chamavam de herói , mas para mim era tão louco quanto os outros, suspiro pesadamente e me sento levando ambas minhas mãos entre o meio das minhas pernas, viro meu olhar para o senhor que estava ao meu lado e o fito
- Vou compara algo para comermos - digo levando uma de minhas mãos até o bolso do casaco pegando alguns trocados
- Irei com você - ele tenta se levantar com certa dificuldade
- Não precisa, fique aqui descansando - digo o deitando novamente
- Então tenha cuidado - ele fala com um olhar preocupado
- Voltarei antes que você perceba que parti - digo com um sorriso acolhedor me levando do chão
Caminhei pelo beco escuro indo em direção a rua, estava totalmente vazia e silenciosa por conta do horário e por a região ser mais afastada do centro, logo avisto o mercadinho 24 horas, assim que entrei fui direito para os freezers a procura de sanduiches prontos, abro a porta de vidro de um deles e pego uma bandeja. o preço etiquetado encima do plástico transparente era de 4,50 dólares, levo uma de minhas mãos até o bolso do casaco na tentativa de conferir o dinheiro, porém meu ato fez o balconista que me olhava como um falcão se assustar
- Tire as mãos dos bolsos! - seu tom de voz era irritado
Ergui ambas as mãos juntamente com a bandeja, aquilo não me deixava mais desconfortável ou envergonhada, tinha se tornado algo comum, o homem se aproxima de mim com um olhar nada agradável
- Não estava tentando roubar nada, só queria conferir meu dinheiro - digo calma ainda com as mãos erguidas
Ele leva uma de suas mãos até o bolso do casaco e pego o dinheiro que tinha nele, logo me entregando com certo desprezo, pego os trocados e ele retorna novamente para trás do balcão, rapidamente confiro o dinheiro e vejo que tinha 5,00 dólares, suspiro aliviada e vou em direção ao balconista, enquanto ele fazia o pagamento dos alimentos, direcionei meus olhos para a pequena banca de jornais e revistas que tinha ao lado e um em especial chamou minha atenção
"As empresas Waynes declaram oficialmente que Bruce Wayne, o príncipe de Gotham retornará nessa quarta-feira para o baile de caridade do orfanato"
Dou um pequeno suspiro de sarcasmo com um sorriso de canto e continuo lendo
"E onde está Katherine Elizabeth Foster, nossa amada princesa, será que com o retorno de seu príncipe ela dará as caras em público novamente"
- Aqui esta - o homem a minha frente tira minha atenção me estendendo uma sacola e algumas moedas
Coloco o jornal novamente na pequena banquinha de revista e pego a sacola juntamente com as moedas de sua mão
- Obrigada - digo saindo da loja
Não era a primeira vez que as empresas Waynes ou até o próprio Alfred diziam que Bruce retornaria, muitas pessoas achavam que ele estava na verdade morto ou que nunca mais retornaria para Gotham, eu fingia não me importar, mas no fundo as duas possibilidades me faziam ficar apavoradas, eu esperava vê-lo pelo menos mais uma vez, dentre todas as minhas joias as únicas que eu não tinha vendido era o anel de minha mãe e o que Bruce me pediu em casamento, com passos despreocupados vou em direção a rua vazia e pouco iluminada, uma sensação de estra sendo observada começou a me incomodar e meus passos se apressaram e levemente virei meu rosto para trás, adentrei a esquina na tentativa de escapar do que me perseguia, assim que meus olhos observaram minha frente, senti uma presença entre as sombras dos prédios e o medo consumiu meu corpo
- Quem está ai?! - digo nervosa
Assim que deixou as sombras uma silhueta tomou minha visão, era o tal Batman com uma máscara e uma capa preta, ele era amedrontador, alto com os braços e pernas enormes, ele começou a vir em minha direção em passos largos, meu coração se disparou e em resposta recuei poucos passos para trás, meus olhos tinham pavor enquanto o fitavam, por mais que eu estivesse sentia muito medo, permaneci ali imóvel, ele chegou bem perto de mim, uma de suas mãos foram até meu rosto o tocando, o choque da luva de couro na minha pele quente me colocou em um tipo de transe, meus olhos estavam fixados nos seus, de alguma forma eles não eram estranhos, pareciam estar cheios de ternura e compaixão, eu agarrava a sacola no meio do meu peito enquanto recebia sua carícia, na tentativa de aproveitar seus toques, involuntariamente meus olhos se fechara, era como se eu estivesse esperando por aquilo há muito tempo, seus dedos deixam meu rosto e sinto um leve vento chocar-se com ele, instantaneamente abri meus olhos e ele não estava mais lá, eu me encontrava sozinha novamente, minha mente praticamente explodiu e as dúvidas gritavam na minha cabeça, quem era ele? Sentia que era alguém que eu conheci, porque ele olhou para mim com tanta ternura? Eu não tinha nenhuma resposta para minhas perguntas, mas a única que eu sabia era que precisava descobria quem era ele
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A princesa de Gotham
Storie d'amoreGotham, como eu amava Gotham mesmo sendo o inferno na terra ela tinha meu coração por completo, cada pedaço daquela maldita cidade me possuía, mas quando você apareceu ela se tornou nada como se eu nunca a tivesse amado tão profundamente, você consu...