Capítulo 35 - Me perdoe

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Me encontrava em casa almoçando com Anna, ainda não tinha tido oportunidade de usar as mágicas pílulas que havia comprado, não podia ficar chapada em casa e correr o risco de Anna me ver nesse estado, precisava esperar ela sair para me deliciar com a sensação que meu corpo tanto pedia

- A Senhorita nem tocou na comida - a senhora fala me tirando dos meus pensamentos

- Estou sem apetite hoje - dou um pequeno sorriso

- Precisa comer para dar cor a esse seu pálido rosto - Anna fala passando os dedos pelas minhas bochechas

- Eu estou bem - digo olhando em seus olhos preocupados

Me sentia a pessoa mais ingrata do mundo, ela se preocupava tanto comigo, aquele olhar era como facada no meu coração, ela começa a recolher os pratos indo em direção a pia, a acompanho para poder ajudá-la como de costume, limpamos tudo enquanto conversávamos sobre assuntos diversos, Anna era sempre tão simpática que eu podia ficar horas ali com ela

- Preciso sair para comprar algumas coisas - ela me entrega um prato - Gostaria de ir?

- Estou um pouco cansada - minto dando um sorriso forçado

- Eu não demorarei - ela diz secando as mãos na toalha branca

- Não se preocupe comigo, vou ficar bem - evito olhar em seus olhos

Ela vem até mim e me dá um beijo na testa me fazendo fitar seus olhos

- Amo você Kate - ela diz doce

Aquelas palavras despedaçaram meu coração, ela se virou e foi em direção a porta saindo logo em seguida, senti uma enorme vontade de chorar, a minha garganta estava tão apertada que começava a me faltar ar e minhas mãos tremiam, a única coisa que eu desejava era estar morta, assim ela não precisaria ter o desgosto de me ver a mercê das drogas, com passos lentos vou até a porta que dava ao hall de entrada e me encosto no batente da porta

- Tenha cuidado - digo para a senhora que esperava o elevador

- Claro Senhorita Foster - ela diz com um sorriso

Segurando uma pequena bolsa ela adentra o elevador e logo desaparece do meu campo de visão, ouso o som do toque do meu celular então o pego do meu bolso, era Thomás, provavelmente queria me comunicar eventos da empresa ou algo do gênero, não estava com cabeça para conversar sobre isso agora, então coloco o celular encima do aparador perto do elevador, o deixei tocando e subi as escadas de vidro lentamente, estava derrotada, assim que chego no quarto vou até o criado-mudo e abro a primeira gaveta, o frasco com as pílulas rodavam de um lado para o outro, o pego me sentando na beirada da cama, abro a tampa e jogo todas as pílulas na minha mão, eram simetricamente iguais com a cor azulada, eu não queria mais só me satisfazer com a sensação que elas me proporcionavam, desejava morrer, queria que todo aquele sofrimento acabasse e a minha única opção era essa, algumas lágrimas solitárias escorriam pelo meu rosto caindo sobre as drogas

- Me perdoem, mas eu não posso mais viver assim - sussurro para mim mesmo

Suspiro fundo e jogo quase todos os comprimidos na minha garganta os engolindo de uma vez, jogo o restante no chão juntamente com o frasco, meu coração batia forte e medo da morte estremecia todo o meu corpo

- Vai ser rápido, não vai doer Kate - digo para mim mesma me deitando na cama

Finalmente eu dormiria de verdade, seria um sono calmo e sereno, alguns minutos se passam e meus olhos começam a ficar pesados, por mais que eu já estivesse calma eu ainda tinha medo de eles se fecharem para sempre, alguns barulhos me tirando do transe, parecia que tinha alguém no andar de baixo, eu não conseguia mais me levantar para poder ver o que estava acontecendo, a única coisa que eu podia fazer era rezar para que Anna não entrasse no quarto agora, vejo a maçaneta da quarto girar e um desespero percorri pelo meu interior, mas por fora eu não expressa emoção alguma

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