Capítulo 19 - Rapunzel

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Eu já estava enlouquecendo dentro daquela casa, uma semana tinha se passado, mas pareciam anos, ficava a maior parte do tempo sozinha, Bruce passava o dia todo nas empresas Wayne e Alfred cuidava do jardim ou lia livros, se eu ousasse mencionar que iria sair Bruce praticamente me trancava no quarto, as brigas se tornaram frequentes entre nós e cada vez elas pioraram, Bruce era sempre autoritário e eu não dava o braço a torcer

- Já disse que daqui você não sai! - Bruce fala extremamente irritado

- Também já disse que você não manda em mim! - digo com raiva - Se eu ficar mais um dia nessa casa sem fazer nada e ficarei louca!

- Sinto muito, mas não posso fazer nada - ele diz sério olhando para mim - Apenas me obedeça Katherine, é para o seu próprio bem - ele diz autoritário

A raiva consome o meu corpo e meu sangue ferve, meus olhos ficam marejados e minhas bochechas rosadas, com passos pesados e apressados vou em direção da porta, precisava sair dali antes que as lágrimas despencassem dos meus olhos, sinto sua mão em meu pulso, ele me puxa e meu corpo vira de encontro com o seu

- Onde você vai? - ele pergunta sério

- Me larga! - digo me soltando do seu aperto e algumas lagrimas já caiam no meu rosto

Ele fica imóvel enquanto eu saio correndo do quarto, eu já não continha o choro e corri pelos corredores da mansão, desço as escadas e vou até o jardim, me escondo atrás do murro de videiras, meus joelhos despencaram no chão e minhas mãos foram até o meu rosto, meus soluços eram altos e contínuos, minhas bochechas queimavam e meus cabelos se molhavam por contas das lágrimas, eu sei que ele queria me proteger, mas nem ele e nem Thomás entediam que eu também tinha uma vida, não podia ficar escondida para sempre, até agora não tinha mais nenhuma afirmação que Fred estava em Gotham, talvez ele realmente esteja morto, eram só cartas e uma aparição que podia ter sido um engano, não podia continuar vivendo daquele jeito, como a Rapunzel trancada em uma torre

Depois de um tempo as lágrimas cessaram e meus batimentos se estabilizaram, me deitei na grama macia, o céu possuía inúmeras estrelas e a lua iluminava a noite, o som dos insetos era tão agradável, o vento balançava as flores exalando um suave aroma, senti meus olhos pesarem e apaguei

" Sonho on "

Descalça caminhava pelo jardim da mansão Wayne, o céu tinha o mais lindo azul que eu já tinha visto e sol brilhava intensamente, o vento sobrava forte fazendo meus cabelos e o vestido florido que vestia balançarem, perto das flores brancas tinha duas crianças correndo, eu as fitava até escutar uma voz atrás de mim

- Talvez deveríamos deixar Gotham

Me viro e vejo Bruce observar as crianças

- Porque? - digo confusa

- Nossos nomes sempre os colocaram em perigo - ele fala ainda olhando as crianças brincarem

Fico em silêncio e volto a olhar os pequenos correrem, eles estavam felizes, a garotinha tentava acompanhar o menino que ia na frente, com passos desajeitados ela acaba caindo e por um impulso corro até ela e Bruce vem atrás de mim

- Você se machucou? - digo preocupada chegando até ela

Ela chorava e passa sua mãozinha pelo joelho com um arranhão, a pego em meus braços e tento deixá-la confortável

- Vai ficar tudo bem - digo baixinho passando a mão pelos seus cabelos castanhos

Segurando firme meu pescoço seu choro se acalmou, olhei para Bruce que estava nos observando com o menino nos braços

- Meninas fazem drama demais - o menino fala segurando Bruce

- Elas são muito mais fortes que nós filho - Bruce diz olhando para ele

- Não são não, meninos são bem mais fortes - ele diz confiante - Você papai é bem mais forte que a mamãe - finaliza olhando Bruce

- Sua mãe é bem mais forte que eu pequeno - fala virando seu olhar para mim - A mamãe já machucou tantas vezes seu coração que até eu não conseguiria aguentar, mas ela cicatrizou todos eles

- Mas esse machucados no coração não doem tanto como cair de bicicleta - o menino diz cruzando os braços

- Não mesmo, eles doem muito mais - fala Bruce com um sorrisinho tristonho para mim

A garotinho tinha uma carranca estampado no rosto fazendo eu e Bruce rirmos, enquanto a menina ainda me abraçava fortemente

" Sonho off "

Minha consciência é retomada, sinto meu corpo sendo carregado e meus olhos levemente se abrem vendo Bruce

- Bruce - digo sonolenta

- Você acordou - ele fala direcionando seu olhar para mim - Vou levar você para o quarto

Não disse nenhuma palavra durante o trajeto até o quarto, ele delicadamente me deita encima do colchão e passa seus dedos pelo meu rosto

- Me perdoa por ter brigado com você - ele me lança um olhar triste

- Não posso viver assim Bruce - digo desfiando meu olhar do dele

- E eu não posso viver sem você - ele diz pegando no meu queixo me fazendo olhar para si

Minha mão vai até a sua tirando-a do meu rosto

- Porque você não me entende? - ele diz calmo

- Eu tenho que te entender, mas você não consegui fazer isso por mim não é mesmo? - digo indignada - Como você acha que eu estou me sentindo sendo obrigada a ficar trancada em casa enquanto tem um psicopata por aí querendo me matar! - digo sentindo minha garganta apertar

Ele não diz nada, só me observa com um olhar triste

- Não vai dizer nada! - praticamente grito

Meus olhos ficam marejados e sinto seus braços rodearem meu corpo, as lágrimas já desciam pelo meu rosto molhando o seu terno, com uma mistura de raiva, medo e desespero, comecei a me debater para que ele me soltasse do seu aperto

- Calma doçura, estou aqui - diz me apertando mais - Eu só pensei em mim, me perdoe

Sua mão direita foi até a minha cabeça acariciam meus cabelos, eu já não continha os soluços e me agarrei forte em seu corpo, como se eu quisesse que ele nunca mais me soltasse, me sentia protegida em seus braços, era como se nada no mundo pudesse me ferir, aos poucos eu me acalmei e meu choro cessou, ele nos separou e me fitou dando um beijo na minha testa

- Amanhã posso te levar até a casa da Naomi para se distrair um pouco, o que acha? - pergunta secando as lágrimas do meu rosto

- Claro - digo olhando com um olhar triste

- Não me olha assim meu amor, isso é o máximo que eu posso fazer - ele diz melancólico

Fecho meus olhos e suspiro pesadamente, sinto as mãos dele segurarem meu rosto

- Prometo que logo isso vai acabar, nem que eu tenha que ir ao inferno para matá-lo - ele diz olhando fixamente nos meus olhos

- Você não vai fazer isso Bruce, deixa de ser bobo - digo dando um sorrisinho fraco

Seu rosto se relaxa ao ver o meu sorriso, como se tivesse conquistado o mundo, seus braços me abraçam novamente, como eu gostava de ficar entre seus grandes braços, era meu lugar preferido de todo o mundo, sentir o calor do seu corpo passando para o meu, ouvir seus batimentos cardíacos e o seu cheiro era o melhor perfume para o meu nariz, parecia que tínhamos sido feitos um para outro

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