Capítulo 31 - Aparências

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A algum tempo eu me encontrava parada em frente ao apartamento extremamente luxuoso onde morava, meu coração acelerado, os olhos fixados nos vidros que o cobria cuidadosamente limpos, as mãos geladas e a dúvida roteava minha mente, em um impulso começo a andar em direção a portaria, assim que entro no local os olhos de Ricard, o porteiro me fitam com descaso

- A senhora não pode ficar aqui - ele diz se aproximando de mim - Se não sair terei que chamar a segurança

Ele não me reconheceria com as roupas velhas e a aparência totalmente desfigurada

- Só preciso que chame a senhora Anna - digo gentil

- Acho que a senhora Anna não está esperando ninguém - ele diz com desprezo

- Diga a ela que é sua velha amiga Elizabeth - digo tentando convencê-lo

Mesmo com a imensa insatisfação em seus olhos ele retorno até o balcão e pegou o telefone para chamá-la, me direciono para frente do elevador em passos pesados, minha respiração ficava cada vez mais profunda e a ansiedade corria por cada centímetro do meu corpo, o som do elevador chegando até a minha frente fez um tremor crescer sobre meus dedos enquanto eu fitava as portas de aço se abrirem

- Anna! - disse em um sussurro com os olhos marejados

Lá estava ela com seu cabelos grisalhos, vestindo uma blusa de lã juntamente com uma saia formal, seus sapatinhos com pequenos saltos davam um ar de vovó, suas mãos estavam coladas umas nas outras em frente ao seu corpo, seu rosto tinha um sorriso lindo e os olhos cheios de água

- Elizabeth! - ela fala vindo até minha com os braços abertos

Sem hesitar a abracei fortemente, nossos choros se misturavam como uma melodia, os batimentos acelerados e o sentimento de saudade se alivia de ambas, ela se separou de mim e levou suas mãos ao meu rosto o segurando para fita-lo

- Por onde esteve esse tempo todo? - ela tinha um olhar melancólico com um pequeno sorriso

- Melhor você não saber - digo com certa tristeza

- Veio para ficar? - ela pergunta nervosa

Assenti com a cabeça fechando meus olhos com força para evitar as lágrimas de caírem, levo minhas mãos até meu rosto o cobrindo

- Não chore querida - ela me abraçando novamente - Vai ficar tudo bem

- Me perdoa! - minha voz sai abafada pelas minhas mãos

- Está perdoada - ela diz acariciando meus cabelos sujos - Vamos entrar, você precisa comer e descansar - finaliza me livrando do seu abraço

Apenas assenti em aprovação com um sorriso de alívio nos lábios, ela me guiou até o elevador e apertou o botão para subirmos até o triplex, minha mão apertava a sua como se nunca mais eu quisesse soltá-la, assim que as portas se abrem o hall do apartamento invadi minha visão, tinha me desacostumado com tanto luxo, o piso de mármore e caríssimas pinturas nas paredes encheram meus olhos de luxúria

- Vá tomar um banho e trocar essas roupas sujas - A voz de Anna me tira do transe - Vou preparar ao para você comer

- Obrigada - digo com gentileza

Ela se solta dos meus dedos indo até o corretor que dava na cozinha, com passos lentos eu subia as escadas de vidro observando cada canto da casa, assim que chego no meu quarto, sinto uma sensação de conforto que a muito tempo não sentia, me dirijo até o banheiro e tiro as roupas surradas logo entrando no box, a água quente batia com força nas minhas costas tirando toda a dor que tinha no meu corpo, molhando meus cabelos maltratados e meu rosto oleoso, meus olhos descem até meu braços fitando as inúmeras marcas roxas na região dos juntas, a aplicação de heroína deixavam minha pele marcada, mas para ter a sensação dela esse sacrifício era aceitável, talvez o meu grande problema não seria conseguir o perdão de todos em que eu havia machucado, mas assim larga todas as drogas que me faziam ficar relaxada, desligo o chuveiro e pego uma toalha de algodão pendurada da lado de fora, vou até o closet e vejo que havia roupas novas, quando sai eu levei cada peça que tinha ali para poder manter meu vício em dia, abro uma das gavetas e encontro uma camisola de seda branca com alças médias, a coloco juntamente com o roupão da mesma cor que a acompanhavam, calço um pantufa preta que tinha perto da penteadeira e aproveito para pentear meu cabelos bagunçados, assim que termino volto para o quarto indo até a porta, desço as escadas e escuto voz agitadas na cozinha, quando entro no local meu coração se acelera ao ver Taylor e Andrew juntamente com Thomás, eles se virando instantaneamente quando sentem minha presença

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