Capítulo 27 - Sentidos

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Finalmente hoje eu receberia alta do hospital, uma semana longa e torturante se passou, Anna, Thomás e Naomi me visitavam todos dias e Alfred tinha mandado lindas flores violetas para mim, todos estavam tão felizes e contentes, mas eu só desejava poder dormir novamente e não acordar mais, o meu peito tinha um vazio imenso como se meu coração não estivesse mais lá dentro, tudo ao meu redor não fazia mais sentido, eu não conseguia mais focar em algo ou prestar atenção por muito tempo, eu só queria chegar em casa, deitar na minha cama e nunca mais me levantar, uma voz na lateral me fez sair do transe e direcionar meu olhar até ela

- A senhorita já pode ir para casa - o homem de jaleco fala do meu lado - Porém precisa ficar de repouso por pelo menos 1 mês

- Obrigada - digo com um sorriso fraco

- Pedirei a uma enfermeira que venha ajudá-la se arrumar - ele pega alguns papéis no pé da cama

Assenti com a cabeça e ele sai me deixando sozinha novamente, joguei meu olhar para minha mão direita e fitei o anel de diamantes no dedo anelar, eu o amava e provavelmente nunca conseguiria amar alguém como eu o amei, mas não podia perdoar seu ato, usá-lo não significava que tinha aceitado seu pedido, porém ele me fazia lembra dele, dos nossos momentos mágicos, do seu cheiro e seus toques, aquilo não podia se apagar da minha mente, últimas lágrimas escorrem pelo meu rosto e sinto alguém se aproximar da porta, rapidamente as seco e espero-a entrar

- Ajudarei a senhorita se arrumar - a mulher de cabelos avermelhados fala com um sorriso gentil

- Muito obrigada - digo virando minhas pernas fracas para fora da cama

Com dificuldade me vesti com sua ajuda e ela me colocou em uma cadeira de rodas, não tinha forças nem para ficar em pé, ela pegou minhas coisas e emburrou a cadeira até a porta do hospital, quando chegamos lá Thomás nos esperava com um sorriso grande

- Pode deixar que eu a levo - diz ele me pegando no colo

Ele me colocou no banco da frente do carro e entro logo em seguida, meus olhos observavam a cidade cinzenta e as ruas movimentadas, fazia tanto tempo que eu não via aquele pequeno caos que eu tanto amava

- Faz quanto tempo? - pergunto sem desviar o olhar

- 5 meses - diz com uma voz triste

Suspiro pesadamente ainda olhando pela janela

- Então ele realmente não vai voltar - digo sem emoção

Ele para o carro em frente o prédio e se vira para me fitar

- Sinto muito Kate - diz tristonho - Mas acho que ele realmente precisava ir, não ia conseguir ficar aqui sem fazer nada

- E quanto a mim Thomás! Eu não era nada para ele me abandonar desse jeito! - digo olhando para ele com lágrimas nos olhos

- Eu sei que está sofrendo Kate, mas ele também estava - diz passando as mãos no meu rosto - Bruce viu os pais serem mortos na sua frente aos 8 anos e quando o amor da vida dele quase o deixou, ele surtou - me olha profundamente - Eu sei que ter de deixado do nada foi bem babaca, mas entenda que se ele tivesse uma escolha melhor ele teria feito, nunca a magoaria

- Então agora você está do lado dele, nem parece que o odiava! - digo com raiva

- Katherine quero que me entenda - segura meu rosto com ambas as mãos - Você decidiu amá-lo mesmo eu dizendo que isso era uma péssima ideia não é mesmo?

Apenas balancei a cabeça em aprovação

- Eu nunca tinha de visto tão feliz em toda minha vida, bom quando você estava com ele era com se uma luz entrasse na sua alma e levasse tudo de ruim que tinha dentro de você e a mesma coisa acontecia com ele - falou suave

Senti uma pontada no coração com sua palavras

- Eu me enganei, vocês foram feitos um para outro - ele dá um pequeno sorriso - Acho que te ver em uma cama de hospital em coma o fez enlouquecer, ele se culpou por não ter de protegido, isso foi demais para ele e acabou tomando um decisão difícil, não estou defendendo o que ele fez, porém eu entendo seus motivos

- Porque todas as pessoas que eu amo vão embora Thomás?! - não consegui conter o choro

Ele me abraçou e acariciou meus cabelos

- Vai ficar tudo bem, eu estou aqui - diz calmo

Aos poucos meu choro se dissipou e me soltei do seu abraço limpando meu rosto molhado, ele me olhou com um olhar triste e saiu do carro abrindo minha porta logo em seguida, me pegou no colo e adentrou o prédio, assim que chegamos no hall de entrada do triplex Anna veio correndo até nós

- Finalmente chegou Kate! - ela deu um sorriso grande

- Olá Anna - digo com uma sorriso gentil - É realmente muito bem estar em casa

- Já preparei sua cama e o almoço está quase pronto - diz feliz

- Então vou levá-la para o quarto - Thomás diz indo em direção as escadas

Assim que entramos no quarto a luz do sol adentrava o lugar irritando todo meu corpo, ultimamente preferia ficar em lugares escuros, ele me deita na cama e me cobre com o cobertor

- Preciso ir, voltarei mais tarde - diz olhando nos meus olhos

- Não se preocupe comigo, eu estou bem - digo me aconchegando

Ele dá um sorriso gentil e sai do quarto, logo Anna entra com uma tijela enorme de ensopado colocando na minha frente

- Parece delicioso, mas estou sem fome Anna - digo com um sorriso fraco

- Você precisa comer Senhorita - diz com um olhar preocupado

- Guarde-o para mais tarde, por favor? - digo entregando a tijela para a senhora - Só quero descansar um pouco agora

Ela suspira derrotada e pega o utensílio das minhas mãos

- A Senhorita venceu, mas irá comer tudo mais tarde - diz com um tom levemente irritado

Sorrio com sua frustração enquanto ela se levanta para sair do quarto

- Pode fechar as cortinas, por favor? - digo com uma cara de cachorrinho abandonado

- Claro! - ela fala com um sorriso gentil

Anna fechas as cortinas deixando o quarto totalmente escuro e aconchegante, ela retorna até mim me dando um beijo na testa

- Tenha um bom descanso - diz baixinho

- Obrigada - falo em um sussurro

Ela saiu do quarto e fechou a porta, me deitei do lado oposto dela me agarrando forte nos cobertores, eu conseguir dormir estava bem longe de acontecer, só de fechar os olhos ele vinha na minha mente, apertei forte os olhos deixando duas lágrimas solitárias caírem no travesseiro macio, inúmeras vezes desejei voltar no tempo para que eu não tivesse ido aquele maldito jantar, ele encheu minha vida de esperança e expectativas, ele me deu uma nova chance de ser feliz de novo e em um piscar de olhos queimou tudo isso sem se quer olhar para trás

A princesa de Gotham Onde histórias criam vida. Descubra agora