Dia 2
O restante do dia foi bastante agitado para Gizelly, pois ela realizou a reunião com os gestores e, em conjunto, traçaram um plano de ação para erradicar o problema do vazamento. Foi tudo tão corrido que ela até teria esquecido de almoçar, se não fosse por Rafaella sussurrar no ouvido de Manu para que ela mandasse vir algo do refeitório. Por mais que a morena parecesse calma, a cupido podia sentir a tensão que ela emanava, e não via a hora disso melhorar. Só queria ver seu alvo ter um dia tranqüilo, era pedir demais?
Quando o expediente chegou ao fim, viu a morena percorrer o mesmo percurso entre Gravataí, cidade onde a empresa era sediada, e Porto Alegre, onde ela residia. Mas seu semblante era mais leve que o da noite anterior, pois não estava atrasada para nenhum compromisso com seu namorado desagradável. Chegou em casa, tomou um banho e mandou uma mensagem para ele, perguntando se viria vê-la naquela noite, e recebeu um simples “Hoje não” como resposta. Rafa não sabia em qual mundo aquilo seria uma resposta decente entre um casal. Ele sequer se prestava a dar uma justificativa para a capixaba, que fez uma careta para a tela do celular, provavelmente por estar pensando a mesma coisa que a cupido.
Após ser dispensada por Thomaz, a Gerente viu-se com o resto da noite livre para si, e resolveu usá-lo para tentar relaxar um pouco. Os últimos dias haviam sido muito corrido e cheio de empecilhos, o que a deixava com pouco tempo para gastar consigo. Colocou o conjunto de moletom mais agradável que tinha, um da Adidas com a calça floreada e o canguru branco com o nome da marca da mesma estampa da calça, e deitou-se no sofá, navegando nos aplicativos de delivery à procura de algo que lhe interessasse. Era uma exímia cozinheira, mas com sua vida tão agitada como estava, quase não cozinhava. Thomaz sempre votava a favor do delivery ou sugeria restaurantes, e ela ficava sem jeito de recusar suas vontades, mesmo que cozinhar para alguém fosse considerado um gesto de amor por ela. Já estava a mais de dez minutos naquele looping de indecisão quando seu celular tocou. O nome no visor a surpreendeu, e trouxe um sorriso aberto para seus lábios.
- Alô?
- Sentiu saudades de mim, Gigi? – Marcela não perdia uma chance de implicar com ela, era como se isso fosse um de seus passatempos favoritos.
- Eu não, já não posso dizer o mesmo de você, não é mesmo? Me ligando no meio de sua lua de mel? O que Luiza vai pensar disso? – A loira gargalhou no outro lado da linha, fazendo a amiga lhe acompanhar.
- Lhe garanto que minha esposa está muitíssimo satisfeita...
- Eu imagino, deve estar dando uma canseira na coitada – Ok, talvez a loira não fosse a única implicante da dupla.
- Estou mesmo, temo pelos dedos dela, eles têm trabalhado muito ultimamente – Gizelly não conseguiu conter-se com a falta de filtro da amiga, e gargalhou ainda mais alto que antes.
- INFORMAÇÃO DEMAIS, MARCELA! – A loira revirou os olhos com o falso puritanismo da amiga, que era uma mulher adulta e nada virgem.
- Ah, vai me dizer que você não transa, alecrim dourado? Ou aquele fracote não tem dado conta? – Era para ser só mais uma implicância entre elas, mas o silêncio que seguiu confirmou suspeitas escondidas da médica, que bufou. Além de ser um grande imbecil, ainda era ruim de cama, ela realmente não entendia o que a amiga havia visto nele – Gizelly, por favor, me diz que você não está em um relacionamento com um brocha – A engenheira arregalou os olhos com a pergunta da amiga. Anos de amizade e Marcela ainda a pegava desprevenida.
- Não é isso, nós transamos sim, mas não é bom... pelo menos não pra mim – Horrorizada com a confissão da amiga, a médica começou a despejar xingamentos para o telefone, como se o próprio Thomaz pudesse ouvi-los.
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Psiquê
FanfictionEra apenas mais uma missão como qualquer uma, mas as coisas mudaram rapidamente para Rafaella. Deveria encontrar o par perfeito de Gizelly e lançar sua flecha sobre eles, fácil né? Mas o que acontecerá quando a cupido percebe que ninguém é bom o suf...